domingo, 21 de abril de 2013

Hoje como o primeiro dia das nossas vidas

Não sei bem se ouvi ou li esta frase:
Viver o "HOJE", não como se fosse o ultimo dia das nossas vidas, mas sim como se fosse o "PRIMEIRO" dia das nossas vidas.
Sempre que estou desenhando estou também ouvindo ou lendo. E quando frases assim entram pelos ouvidos meus pensamentos voam e então minhas mãos que seguram o lápis ou o mouse deslizam melhor e com mais prazer.
Primeiro é sempre melhor que o último?
O primeiro colo, o primeiro passo, o primeiro dia de aula, o primeiro amor, o primeiro beijo,
o primeiro...
Em que momento das nossas vidas passamos a falar como se tudo fosse o derradeiro?
Meu pai que tem o orgulho de dizer a quem quer que pergunte que tem 85 anos de idade,
me confidencia sorrindo:
-Hoje aconteceu isso pela primeira vez na minha vida!
Existiriam ainda muitas experiências novas em seus 85 anos, 31.025 dias de vida?
Sim! Infinitas!
Ele me conta que pela primeira vez na vida teve a oportunidade de escrever uma crônica e ainda ver publicado num jornal de circulação da colônia japonesa. Outras vezes coisas do cotidiano, ajudou um inseto, que agonizava de pernas para o alto sem conseguir se desvirar, a encontrar seu rumo e no dia seguinte ele novamente apareceu como se sentisse íntimo.
Seus olhos brilham ao me contar cada experiência vivida pela primeira vez, se sente eufórico ao constatar que a vida ainda tem muito a lhe oferecer, inúmeras descobertas, novos sabores, "primeiras vezes"!
Voltei no tempo e cheguei ao ano de 1986 quando ilustrei o primeiro livro e visitei meus sentimentos, emoções, ansiedades, preocupações, mas encontrei lá muita esperança e acima de tudo uma grande vontade de desenhar, um enorme prazer!
Muitas vezes em meio à projetos de trabalho somos massacrados pelos prazos, pelas noites mal dormidas, pelas contas a pagar, pela rotina e o prazer pode ficar um pouco adormecido.
Imperdoável!
Dizem que ao amadurecermos, para não dizer envelhecermos, voltamos no tempo, passamos a ter sentimentos mais próximos da inocência, da juventude e da infância.
Feliz ou infelizmente já sinto isso acontecendo dentro de mim.
Penso que felizmente, pois cada vez mais, mesmo desenhando a trabalho com prazos apertadíssimos e muitas cobranças, sinto uma alegria genuína no ato de desenhar!
Desenhar num papel alvo, como se hoje fosse a primeira vez que lá traçamos nossos sonhos,
abrimos a caixa mágica novinha de lápis de cor e coloríssemos lindamente nossas fantasias!
Que venham muitas e infinitas "Primeiras Vezes"!