segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Imagens que sobrevivem ao tempo.

Recentemente recebi um email que me fez muito feliz e satisfeita.
A remetente, uma moça do Rio Grande do Sul, me enviava palavras amorosas e gentis citando um livro que ilustrei há muitos anos, "Buraco de Formiga, Buraco de Tatu", história de Lúcia Pimentel Góes - Editora do Brasil.
Ela me contou que possuia o livro desde o jardim da infância até hoje e que as ilustrações haviam-na inspirado muito, passando a ser decisiva na escolha da sua profissão, hoje, ilustradora pubicitária.
Mesmo já trabalhando como publicitária disse ter vontade de se estender profissionalmente como ilustradora de livros e me pedia algumas dicas para se iniciar, anexando seu Blog.
Logo em seguida visitei seu blog e achei seus desenhos muito interessantes, criativos e com personalidade.
Enquanto respondia seu email com algumas orientações não pude deixar de perceber que eu estava respondendo um email para uma moça adulta que me contava ter um livro ilustrado por mim desde a sua vida no jardim da infância. É...O tempo passa mais rápido do que a nossa vontade almeja.
Tudo bem, pois o mais importante disso tudo era  o fato de ter tido a oportunidade de me comunicar através dos anos com alguém, pelas ilustrações. E isto é tudo que me encanta!
Alguém que mora tão distante de mim, alguém que dificilmente teria conhecido
não fosse através do livro.
Um livro que foi conservado por tantos anos ao lado dela e que influenciou-a na escolha da sua profissão.
Que felicidade a minha tomar conhecimento disso.
Como eu imaginaria que depois de tanto tempo receberia um feedback, uma mensagem simpática e gentil  me contando esta história.
Livros e imagens sobrevivem ao tempo, não terminam.
Criam correntes que um dia, quando menos esperamos somos contempladas com notícas boas como esta.
Desejo do fundo do meu coração que Mariana seja tão feliz quanto eu quando estou ilustrando.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ter coragem para acreditar.

Desde o dia em que iniciei o meu FotoBlog  " Milagres Diários - Mainiti no Kiseki"  passei também a me dedicar em fotografar. Meu passatempo tem sido contemplar a natureza ou tudo de belo que nos privilegia com a sua existência.
Indiscutívelmente, a grande maioria das coisas mais belas, encontramos na natureza.
Pura, sem artifícios reinam exibindo toda a sua beleza e majestade.
O que de artificial poderia concorrer com a magnitude de uma floresta, de uma flor, de uma montanha,
do mar e dos bichos que nelas habitam?
É uma concorrência desleal.
O que me deixa mais pensativa é constatar que vivi por tantos anos olhando sem ver.
Sem contemplar como se deve.
A riqueza das cores, variedades, formas, nuances, tons e volumes que a natureza ostenta.
- É daí, o que há de novidade nisso?
Acredito que muitos não entenderão as minhas mais óbvias descobertas.
Olhando os meus registros recentes da natureza em forma de fotografias,
comecei a me interrogar e a cada pergunta indignava mais e mais com a minha falta.
Não, não quero ser fichada como uma pessoa aérea, desligada ou sem concentração.
Eu acreditava ser uma pessoa observadora ou assim pensava ser e vejo que me enganei.
Quantas coisas eu ainda estaria deixando de "ver" nesta vida?
Sinto também que entre as lindas flores, folhas e montanhas há também outros seres que respiram como nós, mas que não enxergamos.
É muito complicado falarmos sobre seres que não vemos pois lembro-me que uma certa ocasião, uma pessoa famosa do meio artístico afirmou acreditar na existencia de duendes e foi então o centro de comentários e gozações.
Bem, não sou famosa, não sou formadora de opinião, concluo que posso me arriscar e dizer que eu gostaria muito de acreditar na existência de gnomos, duendes e fadas.
Na verdade, quando estou entre as flores, sempre procuro por eles desejosa
de ter a capacidade e a sorte de um dia vê-los.
Pensando nisso lembrei das viagens que eu costumava fazer à cidade de Monte Verde(MG).
Na avenida principal da pequena e agradável cidade, onde o cheiro de lenhas sendo queimadas,
ora para preparo de refeições, ora para aquecer às lareiras perfumavam agradávelmente a cidade,
havia uma interessante loja de lembranças.
Por mais que eu me esforce, minha memória insiste em me deixar na mão e não consigo me recordar
do nome da loja.
Uma casa de estilo alpino, paredes de madeira pintada com tintas pretas e  telhados vermelhos chamou a nossa atenção. Ao entrarmos no recinto percebemos que era uma loja com uma energia diferente.
O mistério se fazia presente em todos os cantos. Uma senhora sorridente maquiada acentuadamente recebeu-nos com simpatia. Reparei que não havia tantas coisas para se vender. Alguns sabonetes e pedras. Pedras pintadas graciosamente expostas longe do alcance das mãos do cliente, sobre as prateleiras atrás do balcão.  Embora muito singelas aguçou minha curiosidade.
Adorei aquilo e fiquei contemplando-as.
Logo a senhora se aproximou de mim dizendo:
- Olhe bem para elas, terá uma que chamará a sua atenção mais especialmente. Olhe com calma.
Imediatamente uma delas com o desenho quase primitivista de uma vista da cidade me cativou. O desenho que me chamou atenção era de uma floresta e no meio dela muitas casinhas de telhados vermelhos sob o céu intensamente azul.
- A segunda da direita para esquerda!
Falei com entusiasmo e certeza.
A senhora de olhares penetrantes sorriu e pegou delicadamente a pedra que indiquei. Ao trazê-la para perto de mim, virou a pedra e mostrou-me o símbolo que havia do outro lado do desenho.
Com carinho disse:
- É o símbolo "terra"! Ela te escolheu. É o que falta em você e ela te complementará.
Adorei este clima de mistério e de fantasia. Aproveitei para conversar com a senhora enquanto minha irmã e a minha amiga escolhiam as suas.
Ela me contou que quando criança e morava na Europa, brincava o dia inteiro entre as florestas e que lá ela sempre encontrava com gnomos.
-Que máximo! Encontrar gnomos!
Me explicou como eles eram, os seus tamanhos e disse que embora aqui muitos não acreditassem, no seu país era uma coisa habitual. Ela parecia ter certeza do que falava.
Achei fantástico, isso explicava aquela energia diferente que pairava na loja e ao redor dessa senhora. Lembro que eu fui tomada por uma enorme vontade de também ter o prazer de encontrar com um gnomo.
Estratégia de vendas? História para enganar clientes?
Não, nestes assuntos não quero ser pragmática, quero acreditar, quero ter coragem de acreditar novamente no fantástico.
Ainda hoje, cada vez que adentro pelas florestas procuro por eles.
Um dia acabo tendo a sorte e o prazer de encontrá-los!