terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Feliz Ano Novo!


Estamos a dois passos (dias) do ano 2010!
Quem diria! Há alguns bons anos atrás pensávamos que em 2010 estaríamos voando em algum meio de transporte ultra moderno, já teriam inventado alimentos em forma de cápsulas com todos os nutrientes necessários para a manutenção da nossa saúde e sobrevivência sem preocuparmos com dietas e malhações.
Usaríamos roupas modernas que não suaríamos não precisaríamos de desodorantes etc, etc...
Estamos aqui na porta de 2010, continuamos andando com sapatos, a cavalo, de ônibus, automóveis, metrô, barco, navio, avião, trem e trem bala. Nos alimentamos de verduras, legumes, cereais, frutas, carnes, ovos e leite. Vestimos tecidos de algodão, sintéticos, suamos, cheiramos mal após suarmos, continuamos utilizando perfumes, sabonetes, preocupamos com colesterol, diabetes, dietas e malhações.
Mas verdade seja dita, muita coisa mudou tremendamente, comunicamos com pessoas do mundo inteiro em tempo real pela internet, falamos de qualquer lugar pelo telefone celular, fotografamos e passamos email pelo mesmo aparelho celular. A medicina e a ciência nos enche de esperança pois tiveram uma grande evolução. Mas graças a Deus o ser humano continua o mesmo, sentimos alegrias, ciúmes, tristezas, ansiedades, esperança e principalmente ainda impera em nossos corações a amizade, o companheirismo, a solidariedade e o amor ao próximo. Tenho a certeza disso quando vejo pessoas que arriscam a própria vida para salvar o próximo numa enchente, num acidente, numa catástrofe. Médicos, bombeiros e tantas outras profissões que o ser humano tem o como objetivo único salvar o próximo mesmo colocando em risco a própria vida.
Vejo sentimentos florescerem quando um jovem ruboriza ao falar da namorada, quando choramos ao assistir um filme de amor, amizade... Quando a tristeza do outro nos entristece da mesma maneira e a alegria dele é a nossa também... Graças a Deus ainda somos seres humanos de carne, osso e sentimentos! Chegamos em 2010, chegaremos em 2020, 2030 e muitos outros anos mas eu desejo do fundo do meu coração e tenho a plena convicção de que o ser humano será sempre esse maravilhoso ser propagador de amor!
Feliz 2010, que o amor ao próximo esteja sempre presente dentro de nós!

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz Natal!


Dia 25 se aproxima, tudo e todos se agitam.
Alguns poderiam dizer que tudo isto é orquestrado pelo comércio, pelo consumismo...
Podem até discursar por horas e tentar derrubar esta data que tantos põe fé por tantos anos.
Fico, na esquina da rua comercial onde moro, aguardando o farol me dar passagem e vejo pessoas com sacolinhas, sacolas e sacolões indo e vindo apressados. E como sempre, penso, reflito e tenho quase certeza de que ninguém, por mais intelectuais que sejam não conseguem derrubar esta data nem este Bebê que veio ao mundo, nasceu numa manjedoura e quando adulto pregou o amor ao próximo.
As mãos que seguram sacolinhas, sacolas e sacolões seguem firmes e no olhar destas pessoas sinto que posso ver a alegria e a esperança de fazer alguém feliz. Todos querem presentear alguém, mesmo que muitas vezes o objeto não agrade, seja um presente-mico, por trás deste presente só houve amor. Quando estamos escolhendo os presentes sentimos quase um medo, uma adrenalina como muitos dizem. Tudo isto porque temos receio de não acertar o gosto, o tamanho, de que o presenteado nos ache brega ou de mal gosto. Mesmo assim compramos, presenteamos, corremos riscos pois queremos transmitir o quanto esta pessoa é importante para nós. Enfim, tudo se resume apenas numa palavra "amor ao próximo" a mesma do Bebê que nasceu no dia 25. A máquina move o mundo, o homem move a máquina e o amor move o homem, novamente se resume no "amor".
Não conheço nenhuma destas pessoas que transitam com sacolas mas sinto carinho por elas
pois sei que dentro delas tem o mesmo sentimento que está dentro de mim o "amor por alguém".
Alguém que está longe, alguém que nos espera em casa, que segura a nossa mão quando estamos com medo, alguém que não precisa de palavras, que apenas com um olhar sabemos que somos amadas, alguém que queremos como amigo ou amiga para sempre, alguém que queremos envelhecer juntos caminhando lado a lado. Felizmente todos temos alguém para presentear.
E mesmo para àquelas pessoas que não presenteamos temos carinho, desejamos boa sorte,
rezamos por elas, torcemos por elas, temos saudade e entendo que tudo isso é amor.
À todas as pessoas que venho conhecendo pela vida, que me ensinam, que me enriquecem como pessoa, que me cuidam, que me fazem feliz e amo do fundo do meu coração,
desejo um Feliz Natal!
Muito obrigada por tornar a minha vida tão preciosa!


sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

O melhor presente.

Qual seria o melhor presente para fazer uma pessoa feliz?
Um namorado? Uma casa? Um carro? Um filho? Um pai? Uma mãe? Um video game?Uma jóia?
Um relógio? Uma bola? Uma boneca? Uma calça? Um vestido? Um amigo? Uma noite de sono tranquilo? Uma vaga na escola? Um ombro amigo? Uma ótima saúde? Nossa! Milhões e milhões de opções se enfileiram e se candidatam a ser coroado "O melhor presente!". Hoje, fui com meus dois amados sobrinhos a uma loja de brinquedos para presenteá-los no Natal. Já não consigo me manter atualizada para acertar na mosca o que realmente eles "curtem" em termos de brinquedo. Sempre temos um ritual semelhante vamos eu, meus sobrinhos e minha cunhada, mãe deles destino ao Shopping para comprar os presentes. Ficamos algumas boas horas na loja, pois eles gostam de olhar quase tudo, decidindo o que levar e graças a Deus são muito educados e conscientes, nunca me deixaram constrangida me pedindo brinquedos que eu não poderia comprar. Minha cunhada nos deixa à vontade mas fica sempre atenta nas crianças para garantir a boa educação deles.

Quando o valor dos brinquedos escolhidos passam um pouco do orçamento a verba que minha irmã (mora em outro estado) me envia para presentes também é incluído para a compra de um mesmo brinquedo. Compras feitas eu pergunto: - E aí, quem está com fome? Os olhinhos deles brilham e os dois gritam: -Eu!

E lá vamos nós para a grande atração deste gostoso passeio, o lanche que vem com um brinquedo. Na lanchonete, a hora de escolher o brinquedo é outro instante feliz. Alguns dilemas, tensões e em alguns segundos estamos todos deliciando, conversando e fico contemplando os rostinhos felizes de duas pessoazinhas que eu amo tanto, todo sujo de molhos. Fico observando que apesar de carrinhos, brinquedos da moda, o que os deixam satisfeitos são estes momentos que misturam, decisões, surpresas, o estarmos juntos e o amor que marcam as felizes lembranças. Não tem preço ver os rostinhos meigos e felizes dizendo no intervalo de uma e outra mordida: - Obrigado, tia Naomy! E então agradeço a Deus por me conceder estes momentos tão singelos e ricos que preenchem meu coração de calor e ternura. Estas imagens ficam guardadas carinhosamente no lugar especial da minha memória para sempre.

Obrigada digo a vocês, queridos sobrinhos, por alegrarem tanto a minha vida!

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Curiosidade "do bem", curiosidade "do mal".

Tenho observado muitas pessoas usarem o termo "do bem " e "do mal ". Meus sobrinhos costumam dizer este é Homem Aranha "do bem" e este é "do mal" e assim se define claramente que este é o herói e outro o vilão. Embora acredite que o ser humano e os heróis não sejam tão simples assim, resolvi me aderir ao uso deste termo pelo menos nas ocasiões que exigem maior agilidade. Bem, toda esta introdução para falar de "curiosidade". Sou uma pessoa curiosa desde que me entendo por gente. Queria respostas sobre tudo e não podiam ser respostas básicas do tipo " é ou não é", "sim ou não" e principalmente o "pode ser que sim, pode ser que não" me deixava tremendamente insatisfeita. Eu necessitava de mais detalhes, informações, notícias completas ou então preferia nem ter sabido. As pessoas que conviviam comigo ficavam me olhando feio com cara de - Ih! Lá vem ela com as suas perguntas! Nos tempos da faculdade, minhas amigas se aproveitavam deste meu traço de personalidade somada a ingenuidade. Qualquer informação que elas queriam obter vinham direto a mim e diziam:
-Ô ô ô... Naomy, por que será que ... E então, eu, bobinha, caia direitinho e me incumbia de me informar como uma repórter. Sempre tive a sensação de que as pessoas julgavam a curiosidade uma coisa feia, inconveniente, indiscreta. Ao perceber isto fui ficando mais sutil nas minhas necessidades jornalísticas. Mas como tudo que é da nossa personalidade não se apaga tão fácilmente, de tempos em tempos quando relaxo esta minha faceta se apresenta. Quando olho para as pessoas eu não vejo simplesmente. Eu admiro cada detalhe, o corte do cabelo, o seu jeito de andar, o seu sorriso e como costuma se vestir. Sinto que fico conhecendo melhor as pessoas assim, observando os gostos e as atitudes das pessoas. Também adoro observar e imaginar além do que se apresenta. -Ah, aquele senhor está comprando doces pois ele irá visitar os netos, ou aquela mulher está com a cara amarrada pois deve estar atrasada para o expediente e ela deve ter um chefe muito bravo e assim vai... Muitos dirão - Ai que fofoqueira! Bem, acho que se eu fizesse fofoca do que observo, neste caso seria uma curiosidade "do mal". Mas simplesmente sou apaixonada pelas pessoas e suas peculiaridades que fazem as pessoas serem diferentes uma das outras. Depois de muito tempo sendo complexada de que eu não era muito normal, refleti sobre o assunto e eu observei a mim mesma e cheguei ao veredicto: sou curiosa sim, mas não tenho necessidade de contar a ninguém. Comecei a entender também que estes dados que tenho armazenados na minha memória muitas vezes dão vida aos meus personagens em forma de ilustração. Resolvi me absolver e acreditar que a minha curiosidade é "do bem".

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Procura-se 12 duendes e uma menina.

Recentemente, assisti consternada a uma reportagem na televisão sobre as mães que por longos anos procuram por seus filhos. Sem ao menos saberem o motivo do desparecimento, elas se consomem em tristeza, dúvidas, preocupações e principalmente sentem-se desesperadas pois não sabem se os filhos estariam bem e onde. Longe de mim querer
comparar-me à tristeza destas mães pois imagino que a dimensão da tristeza delas deva ser incomparável a qualquer outro sentimento de dor deste mundo. Mesmo assim, também procuro uma criação minha há 25 longos anos.
Há aproximadamente 27 anos, conheci um grupo de jovens desenhistas de Mangá(HQ japonês) e alguns ilustradores que fundaram uma associação a partir de um ideal : o amor pelo Mangá e Ilustração. Foi denominada ABRADEMI(Associação Brasileira de Desenhistas de Mangá e Ilustrações). Tive o prazer de fazer parte dela embora na época o que eu compartilhava com o grupo fosse o amor pelo desenho pois eu não era profissional ainda, tinha apenas muita vontade de aprender. No ano de 1984 a ABRADEMI organizou uma exposição no MASP-Museu de Arte de São Paulo. Com o objetivo de participar deste evento, criei com carinho, duas ilustrações grandes onde 12 duendes da floresta se divertiam ao assustar uma menina que lia um livro na floresta. Logo após o encerramento desta exposição fui convidada a participar de outra na instituição onde eu trabalhava na época. No segundo dia da exposição, quando cheguei para trabalhar, já corria a notícia pelos corredores: - As ilustrações da Naomy sumiram, foram roubadas! Havia outras ilustrações minhas, porém apenas estas duas estavam ausentes. Justamente as que eu tanto gostava, tinha apego e amor por elas. Ainda sinto tristeza e muita saudade, nunca me esqueci delas. Tenho vontade de saber quem levou os meus 12 duendes e a menina e o por quê? Mas sei que não terei esta resposta. Ficou apenas esta fotografia tirada durante a exposição no MASP que mal se vê os detalhes.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Ano que passa, ano que chega.


Estamos a alguns passos da virada do ano. Panetones, árvores de Natal, agendas de 2010 nas lojas e o vai vem um tanto ansioso das pessoas me assustam um pouco e me deixa com uma falta de concentração.
Fico sentindo que preciso correr também mas não sei para onde nem para fazer o que.
Fazer? Tenho listas de coisas para fazer, lavar cortinas, limpeza geral, organizar armários...
Muitas vezes a impressão que me dá é que todos estão muito endinheirados fazendo compras e mais compras e eu fico me preocupando com faxina. Estou tentando mudar a direção do meu pensamento e como os AAs estou me empenhando em viver cada dia serenamente. Hoje percebi também que estamos quase nos despedindo de 2009 mas também estamos prestes a receber um bebê 2010.
E um começo, um nascimento sempre nos dá esperança! Cada ano que se passa estamos ganhando um novo ano e registrando que vivemos e produzimos mais uma ano. Então, vamos lá, sempre pra frente!

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

Bonecos Articuláveis do Atelier Caixadagua33











Pessoal muito criativo do Atelier Caixadagua33 transforma personagens de livros ou qualquer outro personagem em lindos bonecos articuláveis. Estes bonecos foram baseados nos personagens do livro "Eca! Dá um Bucadim! " da Editora Saraiva, Autor: João Francisco Paes e ilustrado por mim. Os bonecos foram encomendados pela Jandira da Atitude Educacional. No fundo, a ilustração do livro. Esta foto está no Blog do Atelier, Novembro2008.
Visitem o blog do Atelier Caixadagua33 e conheçam os cursos oferecidos e os bonecos confeccionados por eles.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009







A humildade de ser humilde

Uma certa vez recebi a visita de um rapaz de modos calmos, olhar pacífico, voz suave. Trazia carinhosamente em seus braços uma pasta. Seus braços evidenciavam o quanto gostava de artes. Praticamente seu corpo era uma galeria de arte. Com o seu jeito humilde disse que gostaria de conversar comigo sobre as aulas que eu poderia lhe oferecer. Eu o convidei a sentar e perguntei qual seria o seu interesse, hobby ou profissão? Ele me respondeu o que o seu corpo já evidenciava, era tatuador e gostaria de aperfeiçoar-se nos desenhos. Desconfiei que aquela pasta poderia conter seus trabalhos e pedi para que me mostrasse. Tímidamente abriu a sua pasta e me apresentou fotografias de desenhos e tatuagens que havia criado para seus clientes. Eram fenomenais. Enquanto pensava com os meus botões sobre o que ele estaria procurando e se eu teria o que lhe acrescentar como orientação, fui folheando a sua pasta, observando cuidadosamente os seus desenhos no que se refere a estrutura e finalização. Uma ou outra coisa poderia ser melhorado mas nada que fosse muito grave. E então lhe falei o que pareceu uma surpresa para ele. - Eu sinceramente acho que os seus desenhos são muito bons e não sei se tenho ainda muita coisa que possa te orientar. Eu gostaria de saber o que você ainda sente que falta nos seus desenhos? Ele me olhou e disse: - Não, eu quero aprender tudo do início. Eu ainda insisti - Talvez eu possa te mostrar algumas coisas que poderiam ser melhoradas mas seriam poucas coisas. E ele disse - Por favor, eu gostaria de aprender. E assim ele fez, desde o início, desenhando desenhos bem básicos e seguiu melhorando ainda mais, ouvia sempre atentamente todas as minhas sugestões e críticas e transformava em ação. E mais uma vez aprendi como a humildade enobrece e faz a pessoa engrandecer cada vez mais. Portanto, o célebre "Espelho, espelho meu, existe alguém... " não enobrece nem constrói, apenas paraliza os próprios passos.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Apoio

Após citar no artigo anterior sobre a possibilidade da falta de apoio na escolha da profissão de desenhista fiquei refletindo sobre o tamanho da importância do apoio familiar. Evidentemente para aqueles que desejam intensamente ou como muitos dizem, recebem um chamado para uma certa profissão, mais cedo ou mais tarde chegarão onde se quer. Eu nasci e cresci numa família onde se respirava artes. Não era pecado gastar tempo desenhando, lendo ou escrevendo, muito pelo contrário, tínhamos muito incentivo para tal. Apenas não tínhamos uma situação financeira que podíamos esbanjar, então encontrávamos saídas para manter acesa a nossa vontade de desenhar e ler. Papéis de embrulho eram disputados acirradamente por mim e minha irmã, desamassados cuidadosamente e tudo dividido para as duas. Lápis, usávamos até sumir, quando viravam toquinhos minha mãe enrolava um papelão e colava com um pedaço de fita adesiva no lápis, como um extensor.
Nunca me esqueço do dia em que um amigo do meu pai, sabendo da nossa compulsão pelos papéis, nos presenteou com uma enorme quantidade de papel de embrulho. Moedas e trocados eram guardados para a compra de livros. Aniversários e Natais, os presentes eram sempre livros. Minha mãe sempre fazia questão de tecer comentários a respeito dos nossos desenhos, tanto críticas como elogios.
Fico pensando na solidão e no sofrimento das pessoas que enfrentam a falta de apoio e incentivo para o que se deseja fazer. Muitos dirão que encontrarão na dificuldade uma força maior para ultrapassar as barreiras da vida. Até posso concordar mas ainda penso que nós seres humanos, necessitamos de compreensão, de alguém que segure a nossa mão, que possamos contar o que nos emociona, compartilharmos a alegria ao concluirmos um projeto, sentirmos o calor no coração, sermos felizes para produzirmos algo que também faça bem para o próximo.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Amadurecer e fortalecer a certeza do que se deseja

Hoje recebi um aluno que há muito não encontrava. Um aluno dedicado, quase perfeccionista com muito talento para o desenho, mas ainda não encontrou o seu caminho profissional.
Torço muito por ele e acredito, do fundo do meu coração, no seu futuro profissional como caricaturista (pois este é o seu desejo).
Para conseguir subir no trilho profissional não é fácil e seguir adiante sem descarrilhar é mais difícil ainda, sinto que é preciso uma conexão de muitos fatores que gostaria muito de saber enumerar. Acredito que perseverança, jogo de cintura, paixão pelo seu trabalho, um pouco de ousadia e marketing fazem parte dos fatores. Até um pouco de sorte vai bem, mas eu penso que esta palavra sorte está ligada também com você se mostrar à vida o quanto você quer isso, não adianta esperarmos pela sorte sentadinha é necessário fazermos a nossa parte. Vale ressaltar também que muitas vezes fica difícil para a família compreender que o desenho pode ser uma profissão e vem as cobranças, as pressões e as necessidades urgentes para que se arrume um emprego. Evidentemente precisamos ganhar para sobreviver e no início é preciso saber conciliar o emprego e o ideal mas sem se afastar dos nossos sonhos de ser desenhista. Muitas vezes vejo casos de pessoas que acabam desistindo dos seus sonhos trabalham em outra profissão mas infelizes retornam para seus sonhos de ser desenhista depois de muito tempo, percebo que é muito difícil fugir dos ideais e isto é muito bom.
Sinto que é muito importante amadurecer e fortalecer a certeza do que se deseja e correr atrás pois ladeiras e ventos contrários pelo caminho não faltarão. Mas vale lembrar que não é o único a passar por esse caminho e muitos já chegaram lá.

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Fotografia das irmãs, colorida manualmente




















Esta é uma das fotografias que minha mãe pintou manualmente.
Na época as cores eram mais fortes mas a passagem do tempo deixou a fotografia mais
amarelada e as cores mais desbotadas. Estas são as duas irmãs trabalhadoras mirins do estúdio fotográfico "FOTO ESTRELA" que ficava na Praça da Árvore (SP).
Eu sou a menorzinha.
As duas segurando, o que representava na época, o melhor presente para nós: livro de Mangá (HQ do Japão).
Fotografia tirada no cenário do estúdio fotográfico do meu pai.








O encontro com o pincel

Nasci como a segunda filha de um fotógrafo profissional. A minha infância foi ligeiramente incomum pois desde muito pequena eu e a minha irmã tínhamos uma função, um trabalho.
Foi numa época em que as pessoas não possuiam máquinas fotográficas domésticas como hoje que até com celulares tiramos fotos. Então, quando as pessoas casavam, batizavam, faziam a primeira comunhão, nasciam um filho iam até o estúdio fotográfico para registrar estes momentos tão importantes. Quando os clientes chegavam eu e a minha irmã interrompíamos a nossa brincadeira e íamos lá para : arrumar o longo véu ou a calda do vestido da noiva ou fazer graça utilizando o nosso brinquedo para os bebês sorrirem. Era uma função determinante para um bom resultado fotográfico. O estúdio do meu pai "Foto Estrêla" que ficava no bairro da Praça da Árvore, Zona Sul de São Paulo, era realmente um negócio familiar, a minha mãe também era fotógrafa e também coloria fotografias. Sim, como não existiam fotografias coloridas eram pintadas a mão uma por uma.
Uma tinta especial semelhante à aquarela, de origem americana, vinha incrustada em folhas, cada folha uma cor que totalizavam 24 folhas(24 cores) presas como um pequeno caderno. Com o pincel molhado em água pegava-se um pouco das cores e reservava-se no godê e misturavam-se para chegar nas cores que seriam pintadas. E as fotos eram pintadas com todo o cuidado para preservar a naturalidade e a qualidade.
Eu adorava ficar ao lado da minha mãe observando-a e até me atrevia a dar muitos palpites sobre as cores. Vendo esse meu interesse, ela resolveu me ensinar e testar se eu "daria para a coisa". E assim de uma simples arrumadora de véus fui promovida a colorista! Fiquei exultante pois poderia manusear aquelas tintas que tanto me interessavam e caprichava muito para que minha mãe tivesse orgulho de mim. Então, desde muito pequena tive amizade com pincéis e tintas e nunca mais parei.

Qual é a melhor profissão?


segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A profissão que dá futuro

Não raramente recebo solicitações de mães aflitas que desejam ouvir minha opinião a respeito da profissão de desenhista. O filho adora desenhar mas afinal... "Dá futuro ou não dá?"
Respiro fundo e meço muito bem as palavras para tentar ajudar estas mães. Mas que saia justa, que pergunta mais difícil de ser respondida! Mesmo tendo vivido alguns anos(prá não dizer quanto), apenas bem recentemente consegui ter uma opinião fechada a este respeito. Realmente quando estamos para prestar vestibular, decidir o futuro profissional, somos muito jovens e imaturos para fechar um diagnóstico a respeito da profissão que seguiremos trabalhando dia após dia, anos após anos, muitas horas por dia. Naturalmente somos levados a pensar que deveremos escolher uma profissão que tem ou parece ter uma garantia de remuneração boa, um teto certo e melhor ainda se tiver uma garantia de uma ótima aposentadoria. Se existisse uma fórmula x+ y que chegasse a um "z" eficaz, a vida seria muito fácil de ser vivida e talvez muito sem graça. E dar futuro qualquer profissão dará, alguns mais promissores outros nem tanto mas se trabalharmos com afinco, honestidade e retidão chegaremos a algum final de carreira. A questão é que todos desejam saber se serão prósperos, respeitados o que se resume a ser bem sucedido. Para mim a questão maior seria se esta pessoa foi feliz por todos esses anos.
E logo, com certeza, ouvirei alguém me dizer: - E felicidade enche a barriga? Paga plano de saúde? Ser feliz, trabalhar com a profissão que nos faz feliz não é a mesma coisa que viver a vida "numa boa", de "papo pro ar", "fazer corpo mole" ou trabalhar dia sim dia não. A profissão que nos faz feliz é a profissão que nos emociona, que mesmo que trabalhemos doze, quatorze horas por dia, que mesmo sendo difícil e cansativo, quando fazemos nos dá prazer e ao concluir nos dá aquela sensação de que fizemos bem feito , o máximo que podíamos e que valeu a pena ter feito! Eu realmente acredito que sendo assim mesmo uma profissão que a primeira vista pareça para as mães nada promissor, o seu filho poderá fazer disso uma grande profissão. A vida não dá garantias, não existe seguro por isso mesmo é preciso acreditar, gostar, ter paixão, ser feliz fazendo! Eu acredito que o profissional adorando fazer aquilo não terá como dar errado pois será uma concentração de amor e boas energias no que ele estiver produzindo. A ação ou o produto que nascer disso virá tão recheado de amor, carinho e energia boa que não terá como não ser útil e agradável para alguém. Mas com certeza passar bons trinta anos ou mais trabalhando com o que não gosta, que não dá prazer nem orgulho, apenas visando o contra-cheque terá formado mais um ser estressado, frustrado e infeliz neste mundo.

À procura da identidade artística

Durante a 33a. Mostra Internacional de Cinema filmes maravilhosos desfilaram ao nosso alcance.
Tivemos ainda a oportunidade de apreciarmos alguns filmes gratuitamente da nossa própria casa do nosso computador. Para mim um dos filmes instigantes foi "Aquiles e a Tartaruga" do grande cineasta Takeshi Kitano (Japão) que nos faz refletir profundamente o quão trágico, confuso e doloroso pode ser a nossa busca pela identidade artística e o quão cruel pode ser o mercado das artes. E ainda onde pode acabar quando se pega um caminho errado para tal. Vale a pena também rir um pouco ao mesmo tempo que se reflete sobre estas questões. Se houver oportunidade vale a pena assistir!

domingo, 29 de novembro de 2009

Uma ilustração que desenhei em 1984 sem nenhum conhecimento sobre materiais profissionais de desenho, apenas queria desenhar, desenhar, mas não tinha acesso à orientação profissional.
Ilustração que eu imaginava subir num pincel e sair pintando o mundo !

Ensinar a desenhar, ensinar a olhar

Ao escrever sobre ensinar a desenhar no ultimo artigo que postei, fiquei com vontade de continuar neste tema. Ensinar qualquer coisa para qualquer pessoa requer muita responsabilidade. Até mesmo ensinar uma rua ou uma receita de bolo nos torna responsável por erros e acertos. Ao me decidir que ensinaria a desenhar fiquei preocupada e insegura pois comecei a pensar. Como poderia ensinar a desenhar se eu mesma tenho ainda tantas inquietações e limitações? Mas ao fazê-lo percebi que ensinar é um caminho de duas mãos, o aluno nos ensina a ensinar, o aluno nos faz estudar cada vez mais e muitos conceitos e experiências que acumulamos, ao transmitir a alguém se faz teoria. Aliás sempre tive muita sorte com os alunos, todos são extremamente interessados e absorvem tudo que oriento com muita humildade. Muitos alunos chegam preocupados se dizendo sem talento para o desenho, praticamente duvidando que conseguiriam desenhar algo apresentável. Então digo, você vai conseguir sim e você se surpreenderá com o que desenhará. Eles sorriem com cara de:
-Ah!, ela tá falando isso só para encorajar!
Eu insisto, você consegue distinguir uma esfera de uma elipse, uma bola de um ovo? Gosta de desenhar? Então vai desenhar sim! Desenhar é saber observar, olhar, arrisco até a dizer que desenhar é 50% olho e 50% mão.
Muitas vezes pensamos que sabemos o formato das coisas e ao desenhar recorremos à nossa memória para desenhar, não percebemos que precisamos de referência, olhar e analisar bem o seu formato para então representar. Existem muitos alunos que imaginam que ser um bom desenhista é saber desenhar qualquer coisa "de cabeça". Mesmo os melhores desenhistas se utilizam de referência real ou fotográfica.
Muitas vezes quando se trata de desenharmos cenas mais complexas é necessário simular as cenas, tirar fotografias para analisar e servir de referência para não cometermos erros.
No início, quando não conseguimos desenhar bem ficamos tristes. Para desenhar é preciso ser humilde assim como qualquer outro aprendizado. Aceitarmos com amor o que naquele momento, naquele estágio de aprendizado produzimos. Pode ser difícil constatar que o que criamos com toda a dedicação ainda é um filho feio. Mas também os desenhos nesta fase são carregados de uma pureza e ingenuidade ímpares.
É muito emocionante observar os alunos constatarem que estão desenhando como nunca imaginaram que conseguiriam. Não sabiam que existiam dentro deles desenhistas latentes que bastavam ser despertados.
Estes dias ouvi de um aluno, o Cema, profissional de tatuagem, que vem de muito longe, da cidade de Barra Bonita. Ao concluir um desenho muito bonito, entre suspiros, murmurou:
- E pensar que fui eu que desenhei isso!
Observei o seu rosto cheio de satisfação, um presente para mim e me senti gratificada e muito feliz!.

sábado, 28 de novembro de 2009

De volta

É assustador a velocidade do tempo!
Sei... Não é nada inovador o que estou escrevendo. Quando era criança o dia demorava tanto a passar mas hoje até parece que a manhã está grudada com a noite. Tudo isso para explicar a mim mesma que não tenho escrito com tanta frequência no meu blog. De repente tem dias que necessito de silêncio, reflexão, ouvir apenas... Desenhar também é assim depois de um trabalho muito intenso de ilustração necessito de um tempinho off nem que seja por alguns dias. Um pequeno tempo para recarregar as energias, a criatividade, inovar, amadurecer o meu olhar.
Assim, ao retornar o desenho já nasce diferente! Descobri isso dando aulas de desenho, pois com os alunos acontece o mesmo. Após o período de férias eles voltam meio assim pedindo desculpas dizendo que nada desenharam durante as férias. Eu digo:
- Ah, tudo bem, férias é para isso, um intervalo necessário para ficar off e repor novas energias.
Vejo com muita alegria que mesmo sem nada ter desenhado por um tempo, eles voltam desenhando bem melhor, mais desenvolto, maduro. É impressionante! As mãos não desenharam
mas os olhos que viram tudo que a vida nos oferece amadureceram. Eu acho que este é o lado bom do tempo, assim como ele nos faz envelhecer ele nos apura! Viva!

sábado, 21 de novembro de 2009




O início

Muito prazer!
Sempre que iniciamos algo novo sentimos aquele cheirinho bom de um livro novo, caixa nova de lápis-de-cor, sapato novo e tantas outras coisas boas da vida. E hoje estou cercada de um aroma de casa nova, tinta fresca deste Blog da Naomy. Estou muito feliz pois sinto que é o início de uma
longa jornada de bate-papo sobre a arte de desenhar, ilustrar, ensinar e viver. Vou registrando alguns trabalhos que produzi ao longo dos anos como ilustradora. "Desenhar " fez parte da minha vida desde quatro ou cinco anos de idade, não sei ao certo mas até onde a minha memória consegue retroceder. Tenho lembranças ternas e felizes relacionadas ao desenho, lembranças tristes também assim como é a vida. Mas uma coisa é certa: é muito bom ser picada pelo bichinho "desenheiro". Não importa se o desenho ficou maravilhoso, perfeito, mais ou menos ou feio, o que realmente importa é que dentro dele um pedaço muito pessoal nosso ficou registrado no papel. No Blog vou contando minhas experiências como ilustradora e professora de desenho. Se servir de exemplo para alguém nem que seja para não fazer igual já sinto que valeu a pena!
Muito obrigada. Um beijão!