Minha estante abriga vários dicionários de língua portuguesa. Aguardam pacientemente a hora de serem convocados.
Mini dicionário, dicionário ilustrado, dicionário escolar, novo dicionário básico da língua portuguesa Folha/Aurélio e o imponente novo dicionário do Aurélio século XXI. Reservo ainda lugar para mais um. Para manter-me atualizada, terei que guardar um bom dinheiro para adquirir o dicionário com a nova reforma ortográfica.
Tirando o pó da capa verde musgo do "Aurelião" tomei cuidado para que ele não caia sobre os meus pés, pois com certeza ele faria um grande estrago de tão pesado que ele é.
Resolvi folheá-lo e comecei a pensar sobre a enorme quantidade de vocábulos que ele contém. Quantos estarei utilizando para me expressar através da minha comunicação falada e escrita?
Nunca fiz tal pesquisa, mas com certeza pouquíssimos comparada a esta quantidade estonteante de vocábulos que desfilam nas páginas de um dicionário.
Tenho um elenco de palavras que por afinidade ou por falta de conhecimento maior, rodiziam-se nas minhas falas e na escrita. Seria ótimo se apenas palavras bonitas partíssem das nossas bocas,(assim como na ilustração acima) mas na vida real necessitamos sempre do "yin" e do "yang".
Existem palavras que mesmo conhecendo-as não tenho oportunidade de utilizá-las, não sei exatamente o porquê.
Outro dia ouvi um entrevistado num programa de TV falar sobre "leviandade" e "aleivosia" e percebi que não me lembrava de um dia ter falado nem escrito estas palavras. "Aleivosia", fonéticamente falando chega até a ser bonito, não fosse o significado cruel dela: traição, deslealdade. "Leviandade", uma palavra até comum, mas nunca tive muita amizade com esta palavra, talvez pela minha formação onde meu pai costumava condenar atitudes levianas e superficiais. Há também uma infinidade de palavras que jamais, se quer, eu soube da existência.
"Aflogístico", "Bisonho", "Chistoso", "Desassisado", "Evagação",
"Grazina", "Latíbulo", "Obumbrar", "Pachola", "Zaranzar" são algumas que encontrei adormecidas dentro do dicionário que ao folheá-lo conheci.
A incomunicabilidade dos nossos sentimentos através de vocábulos, códigos coletivos de comunicação, podem ocasionar problemas. Muitas vezes precisamos lançar mão de outros recursos de expressão como o olhar, o sorriso, o abraço, o carinho, o beijo ou até mesmo uma cara feia para nos fazer entender ou estabelecer limites. Ao observar crianças que ainda estão com um limitado conhecimento das palavras percebemos que utilizam-se de sinais de comunicação como o choro, uma careta, movimentos do corpo como arrastar-se pelo chão batendo os pés, atitude de desespero como empurrar, bater com as mãos ou chutar com os pés para conseguir impor-se. Muitas vezes eles desejam falar uma palavra muito, muito agressiva mas como não encontram pelo seu parco conhecimento das palavras, gritam:
- Sua... sua...sua feia!
ou
-Seu... seu... booobo!
Pior ainda quando continuamos fazendo isso mesmo depois de deixar os babadores e as fraldas.
Nós, seres humanos, tão ricos de emoções, será que estamos conseguindo transmitir corretamente os nossos sentimentos e desejos? Estamos nos fazendo entender? E quando utilizamos tais recursos de comunicação como se fossem armas? Muitas vezes ouví dizer que fulana feriu profundamente o fulano através de palavras. Outras vezes que fulano machucou irreversívelmente a fulana utilizando-se de palavras "ferinas". Tudo isto pode acontecer até por falta de conhecimento do significado correto dos vocábulos e sem intenção acabam-se cometendo equívocos infelizes. Pensando em tudo isso decidi que devo manter uma amizade maior com o dicionário visitando-o com mais frequência, aprender a me expressar melhor
pois nem sempre falar ou escrever é comunicar ou se fazer entender.
Dez achados e seus significados:
(por mim totalmente desconhecidos)
Aflogístico: que arde sem chama.
Bisonho: inexperiente, inábil.
Chistoso: engraçado, espirituoso.
Desassisado: louco, desatinado
Evagação: distração, divagação.
Grazina: que ou quem muito fala, resmunga ou grita.
Latíbulo: lugar oculto, esconderijo.
Obumbrar: cobrir de sombras, tornar escuro.
Pachola: farsante, pedante.
Zaranzar: vaguear
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Yin e Yang: Filosofia chinesa que representa o princípio da dualidade, forças complementares de yin e yang.
Yin: princípio passivo, noturno, escuro, frio, feminino
Yang: princípio activo, diurno, luminoso, quente, masculino
(fonte: Wikipédia)
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