quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

São Paulo, 458 anos bem vividos.


São Paulo,
cidade onde meus avôs,
vindos do Japão,
adotaram como sua.

São Paulo,
cidade onde meu pai,
vindo de Marília,
escolheu para ficar.

São Paulo,
cidade onde minha mãe,
vinda de Tupã,
desejou permanecer.

São Paulo,
cidade onde nasci, cresci, me formei,
encontrei amigos, amores,
adotei, escolhi  e desejo permanecer

São Paulo,
cidade que amo
e me sinto amada.

São Paulo,
 Feliz Aniversário!
Muito obrigada.


segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Caminhada.

Faz muito tempo que não tenho o volante de um automóvel em minhas mãos.
Tenho me locomovido por outros meios. Quando tenho compromissos em locais com distâncias mais amenas, eu vou caminhando. É uma recomendação quase imperativa dos médicos que se preocupam com a minha saúde e...volume corporal. Então eu sigo o conselho.
E é nestas andanças que um casal de idosos tem chamado a minha atenção.
Um casal de aproximadamente oitenta e mais alguns anos. Ambos bonitos, cabelos cor de neve, discretos e de modos elegantes costumam caminhar de mãos dadas, assim como meu pai fazia quando tinha ao seu lado a presença da minha mãe. Caminham devagar, passos de pessoas que já entenderam e aceitaram que a pressa e a ansiedade de nada servem. Passos de um casal que muito já construíram, agora, juntos parecem valorizar cada segundo do estar junto, do sentir o vento, apreciar a flor que emerge entre as rachaduras da calçada.
A cada nova construção que encontram pelo caminho, param, observam e o senhor carinhosamente coloca sua mão sobre o ombro da sua esposa e com a outra aponta para a novidade e assim os dois ficam contemplando cada inovação sem dar espaço para a pressa. Fico imaginando que relembram juntos o que lá existia antes que estes prédios comerciais grandiosos e vistosos impusessem suas presenças.
Não os vejo sorrirem, parecem não necessitar de nenhum recurso para expressarem seus sentimentos. Apenas falam baixinho um ao outro, poucas palavras, bem perto dos seus ouvidos. A saúde e a vida contemplou-os com a longevidade de ambos. Longos anos de convívio, de parceria e comprometimento... Imagino que assim como todos, devem ter enfrentado e vencido juntos os percalços e as dificuldades que a vida sempre nos reserva.
Mas juntos ainda permanecem e esta é a grande benção.
E eu fico observando estas duas pessoas lindas com o coração dividido entre a alegria pela felicidade deles  e uma tristeza  por tudo que minha mãe deixou de viver e que meu pai com a partida da sua amada deixou de prolongar estes momentos de carinho e companheirismo. Companheirismo de casal, amor que venceu por longos anos, impossível de substituir por nenhum outro, nem o amor filial ou qualquer outro amor parece ser capaz de preencher o enorme buraco que a ausência do grande amor da vida, costuma abrir  no coração.
Algumas vezes vejo o senhor caminhando sozinho então me preocupo.
Fico apreensiva.
Tenho vontade de perguntar pela sua esposa, mas não o faço.
Tenho medo da resposta.
Porém, alguns dias depois já o vejo novamente acompanhado da simpática esposa deixando-me tranquila.
Muitos meses se passaram sem vê-los e eu caminhava sempre à procura do casal, não sei onde moram, nem os seus nomes, meu coração se entristecia e temia:
-Será que nunca mais vou revê-los?
Como que para me tranquilizar, antes da virada do ano, vejo-os sentadinhos lado a a lado, acompanhados por uma moça que imaginei ser filha, na pastelaria do "sacolão", hortifruti do bairro.
Vi-os felizes deliciando-se, cada um com o seu fumegante e cheiroso pastel nas mãos!
Fiquei feliz e tranquila, com certeza, são  muito saudáveis!  Eu, ainda  muito longe de chegar à  idade deles, há muito tempo já não posso me deliciar com frituras por conselhos médicos imperativos e aterrorizantes.
-Bom Apetite e Vida Longa! Muito longa!

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Feliz Ano Novo!

Assim como de hábito fazer a cada novo ano que se inicia, folheei  minha agenda do ano que se foi para fazer um balanço do meu 2011.
Observando compromissos e mais compromissos cumpridos ao longo dos doze meses, constatei incomodada que foi um ano culturalmente bastante pobre.
Tive sim alguns dias felizes como ida a concertos, peças de teatro,
porém longe, muito longe do que poderia ter sido.
Perguntei então a mim mesma o que eu gostaria de fazer para compensar isto.
Não precisei pensar duas vezes, já tinha a resposta na ponta da língua.
Respondi que gostaria de  ficar por longas horas dentro de uma livraria
sem pressa e principalmente, sem culpa!
Todas as vezes que vou às livrarias observo pessoas confortávelmente acomodadas no sofá com pilhas de livros sobre o colo, lendo e escolhendos sem  nenhuma pressa, entregues plenamente ao prazer da leitura.
Vendo isto não consigo deixar que o meu vergonhoso sentimento de inveja
aflore no meu coração.
Que vontade de fazer o mesmo!
E por que não o faz?
Sou por acaso mais ocupada do que estas pessoas?
Não, nada disso!
É uma questão psicológica, mesmo sem ter a agenda lotada não me permito
dedicar muitas horas apenas ao lazer.
Sinto culpa...
Fico sempre com aquele sentimento de que devo fazer mais obrigações do que mergulhar ao prazer da leitura. Mas, seria a arte apenas lazer ou prazer?
Costumeiramente entro apressada nas livrarias com o nome do livro já escolhido, vou direto ao atendente, pego, pago e corro para algum outro compromisso.
Não sei o que me fez ser uma pessoa assim, sentir tanta culpa quando estou assistindo a uma peça de teatro
maravilhosa, um concerto divino ou lendo... E o pior, quanto melhor é o programa maior é a culpa que me machuca. Estar ali me deliciando sozinha, enquanto outras pessoas não puderam vir ou estão trabalhando.
Não me formei  psicóloga, não sei a causa nem encontro motivo para ser assim. Nasci e cresci numa família amante da arte onde leituras eram incentivadas.
Sei apenas que assim sou e isto me tortura.
Quero muito me tornar uma pessoa mais centrada com capacidade de entrega a cada atividade de um modo mais sereno. Resolvi me dedicar um pouco a relaxar,"curtir" mais os prazeres culturais sem culpa.
Fui!
Peguei uma manhã e fui à "mega livraria"  passei duas horas escolhendo livros, lendo alguns trechos, sentei-me no sofá tão desejado. Fiquei um pouco incomodada que não precisei disputar pelo sofá, parecia ser um sinal de que as pessoas estão trabalhando ocupadas e eu ali em plena manhã de um dia da semana dentro de uma livraria numa orgia literária...
Não posso dizer ainda que obtive sucesso psicológico em relação à culpa, mas tentei e gostei...
Pretendo aumentar gradualmente a quantidade de horas dentro de livrarias e na mesma proporção ir diminuindo esse meu sentimento que de nada me serve.
Conseguirei?
Veremos.
Eu penso que o importante é tentar, aproveitar os momentos como final e início de ano para um balanço do que estamos fazendo para nos mimarmos um pouco, lutarmos para ganhar momentos prazerosos, pois acredito que é  isto que nos torna pessoas menos estressadas e consequentemente mais agradáveis no trato com os outros.

FELIZ ANO NOVO!
Que possamos viver serenamente para sermos felizes e plenas
proporcionando paz a nós mesmos e aos outros!