domingo, 11 de abril de 2010

Rubem Alves

Há algum tempo guardo dentro de mim uma vontade imensa de escrever sobre Rubem Alves.
Todas as vezes a falta de coragem me impede de concretizar este intento, mas a vontade não quer saber de ir embora. O máximo que consegui fazer foi adicionar o site do Rubem Alves na lista dos links que recomendo. Sei que perguntariam o  por quê da "falta de coragem". Para explicar,  contarei como foi o meu encontro com o Rubem..., não, com o livro do Rubem Alves, pois se um dia tiver a felicidade de encontrá-lo pessoalmente, acho que ficaria tão emocionada que nem saberia manter um diálogo com ele.
Após as festividades de Natal, fui até a Livraria Cultura fazer o que mais adoro: trocar por um livro o "Vale Presente" que havia ganhado da minha amiga. Levei comigo uma lista de livros que poderia ser o meu presente. Não gosto de pedir informação ao atendente, gosto de "curtir" o momento de procurar nas estantes os livros que procuro, quase como uma brincadeira de "esconde-esconde". Procurei, procurei e procurei mas não conseguia encontrar nenhum dos livros da minha lista, já havia passado muito tempo e logo chegaria a hora combinada com o meu marido que havia se misturado na multidão entre as estantes do setor de "Informática". Iria me render, chamei um atendente, este consultou rápidamente na tela do computador e me comunicou que nenhum dos livros da minha lista teria em estoque. Dito isto ele logo me descartou e iniciou o atendimento de outro cliente. Fiquei frustrada! Como assim? Vou para casa sem o meu presente?
O meu semblante deveria ser digno de pena pois surgiu ao meu lado um iluminado atendente:
-Tudo bem com você?
Perguntou ele. E eu respondi, balançando a lista com desânimo, que nada estava bem pois soubera que não havia os livros que procurava.
Ele sorriu suavemente e disse:
-Pelo visto você gosta de crônicas.
Dito isto retirou da estante um livro com a capa de cor laranja e disse:
-Conhece Rubem Alves? Este é o mais recente livro dele,
 "Desfiz 75 anos".
Depositou o livro na minha mão e sumiu  como um anjo pelos labirintos de estantes. Achei o título inusitado e interessante, alí mesmo comecei a folhear e ler. Lembro que a primeira impressão foi: Meu Deus! É uma crônica assim, escrita assim, com estas palavras, esta emoção, este calor que eu sempre tive vontade de ler e que há muito procuro! Como se já soubesse que um dia encontraria uma crônica assim.
Não conseguia mais parar de ler e então a minha "gula literária" se acentuou, procurei na estante outros livros dele, eram todos geniais. No mesmo instante tive uma crise de vergonha. Quanta ignorância a minha, como poderia não conhecer este autor? Peguei mais um livro seu, "Ostra feliz não faz pérola" e este até já havia ouvido falar mas não sabia o nome do autor.  Enrubeci e para tentar recuperar o tempo perdido resolvi logo levar três livros. Defini que o livro do presente seria o livro indicado pelo anjo atendente: "Desfiz 75 anos".
Estes livros da foto são os três primeiros de uma série.
Explico agora  o  por quê da falta de coragem em escrever sobre Rubem Alves. Tamanha responsabilidade seria escrever sobre um escritor que imensamente admiro, um grande mestre das palavras, um filósofo, um intelectual, um teólogo, professor, psicanalista e ainda assim
um homem que retrata, através de palavras, tão terna e singelamente,  a vida simples, o cotidiano, o sentimento de uma forma tão magníficamente bela!
Diante disso resolvi tomar coragem, jogar a vergonha fora e escrever humildemente com a minha maneira simples de escrever sobre a admiração e o respeito que sinto por este escritor chamado Rubem Alves.

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