Feliz Ano Novo!
De tanto repetir esta frase desejando ao próximo que sejam garantidos felicidade completa por 365 dias, fiquei com a sensação de que a vida é uma eterna festa.
De tanto festejar e deliciar com quitutes, fiquei iludida de que todo dia é dia de comida boa e que pelo menos por estes dias todas aquelas guloseimas não nos acrescentariam pesos extras.
De tanto observar que algumas lojas e escritórios ainda permanecem fechados, fiquei com a impressão de que os feriados ainda continuavam.
Lembrei-me que a minha mãe dizia que os três primeiros dias do ano eram feriados e assim passeávamos por três dias. Não costumávamos viajar, mas nos três dias íamos ao cinema, fazíamos ou recebíamos visitas. Havia na época três cinemas japoneses no bairro da Liberdade. Cine Jóia, Cine Nippon e Cine Niterói. Estava garantido assim, um filme por dia. A família inteira vestida com roupas novas, sapatos novos e apertados, íamos aos matinês. Era um programa tradicional de família e repetimos este ritual até os ultimos suspiros destes cinemas. Hoje percebo que era uma forma de compensar a falta de possibilidade financeira de viajar, passar as férias em hotéis ou pousadas. A seus modos meus pais se esforçavam para ficar junto de nós fornecendo-nos cultura, lazer e companhia. Talvez para muitos seria "um programa careta". Certo ano, já adulta, num destes programas familiares de cinema encontrei um amigo do trabalho, um descolado nissei carioca. Ele estava só e ao me cumprimentar abriu um largo sorriso, todavia ao perceber que eu estava acompanhada de toda a minha família preferiu não se juntar a nós, mesmo convidado. Pareceu surpreso que eu, mesmo sendo adulta, fazia programa com a família inteira.
Me pareceu triste e solitário.
Tenho muitas recordações de infância de "programas de índio" como muitos dizem. Nos Natais íamos apreciar os enfeites de Natal pelas ruas da cidade. Sairmos todos juntos para fazer compras no Mappin, Yaohan(loja de departamentos do Japão que se estabeleceu apenas por alguns anos em São Paulo, no bairro de Pinheiros) e no bairro oriental da Liberdade para comprar revistas de Mangá(HQ do Japão) era um "programão"! Nos feriados, íamos passear no Zoológico, Jardim Botânico, Museu do Ipiranga, Parque do Ibirapuera, Planetário, Butantã, Horto Florestal...
Fazíamos piquenique com tudo que tínhamos direito, enfim, éramos "farofeiros". Na infância, nunca viajamos de avião, nem de navio. Para nós, viajar era irmos de "Fusca" até a cidade de Campinas ou Marília, onde moravam nossos avôs e tios. Não importava, éramos felizes, não havia luxo, porém havia o mais importante, estávamos sempre juntos. Sempre em família.
É...terminaram-se as festas, verifico assustada que os quitutes ficaram devidamente registrados em meu corpo. Acumulam-se os serviços me pressionando e cobrando uma atitude. Bem, vamos lá, é hora de arregaçar as mangas, entrar novamente na dieta e encarar o serviço. Sem problema, a festa continua... Continua agora dentro dos nossos corações, cada sorriso, cada brincadeira dita, cada gargalhada, cada comentário feito nestas ocasiões estão bem guardados dentro de mim e mantêm meu coração aquecido até a próxima festa.
Vamos em frente! Logo vem o Carnaval!
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