terça-feira, 26 de julho de 2011

O que você vai ser quando crescer?

É uma pergunta que desde a nossa infância cansamos de ouvir.
Cansamos?
Nem tanto, era até divertido responder a estas perguntas.
Sabíamos o que significava crescer? Hummm... Acho que não.
Crescer, para mim, era apenas crescer de tamanho e ficar com o rosto de adulto.
Me tornar uma pessoa alta, adulta, bonita e maquiada, poder calçar sapatos de salto alto, carregar uma bolsa cheia de coisas de moça, batom, pó de arroz, espelho, pente, documentos e principalmente talão de cheque com caneta bem chique! Não que eu tivesse consciência da necessidade material e do poder financeiro, apenas achava muito elegante preencher um cheque, destacá-lo do talão e entregar a alguém.
Isso era tudo que eu tinha conhecimento sobre crescer. Afinal não se conta detalhadamente a uma criança que quando crescer será necessário adquirir responsabilidade, criar discernimento para entender o que é ser politicamente correto e incorreto, saber tomar decisões, ter maturidade para custear sua própria independência financeira e ainda uma infinidade de coisas que são necessárias para vencer cada etapa da vida e então chegarmos a ser uma pessoa dita "crescida".
Na minha imaginação infantil, milagrosamente ou através de uma varinha mágica, quando crescesse
e tornasse adulto, estaria naturalmente empregada num bom emprego. Como aquela instituição bancária que ficava perto da minha casa. Sentada na praça, passava minhas tardes contemplando as moças que lá trabalhavam e no horário de almoço descansavam na praça. Admirava aquelas moças vestidas com saias justas, camisas alvas, colar no pescoço, sapatos de salto alto e bico fino, cabelos bem penteados, maquiadas com muito lápis e rímel nos olhos e bocas bem marcadas com batons vermelhos. Nem sequer imaginava como era o trabalho delas, sabia apenas que quando eu ia ao banco com meu pai, elas recebiam dinheiro e carimbavam muitos papéis. Parecia ser muito divertido passar o dia carimbando papéis!
E então eu  decidia que quando crescesse seria uma bancária!
Na escola, admirava minha professora, tão cheirosa, tão elegante, tão bem vestida, inteligente e tão amorosa! Eu adorava a Dona Nazareth, minha professora!
Então eu decidia que quando eu crescesse seria professora!
Quando ia nas consultas médicas, ficava encantada com as médicas vestidas com o avental branco e reluzente, estetoscópio pendurado no pescoço, assim como adorava as enfermeiras tão boazinhas que me enchiam de carinho. E então eu ficava dividida entre ser médica ou enfermeira.
Apenas não me lembro de um dia ter repondido a alguém que quando crescesse seria desenhista. Mesmo sendo criança, talvez eu tivesse a sensação de que trabalho não era diversão e desenho para mim era o prazer máximo!
Naquela época, apenas após terminadas as obrigações podíamos nos entregar ao prazer de desenhar e assim, desenhar ficou sendo para mim aquele momento que merecemos usufruir após concluir tarefas obrigatórias como estudar, fazer as lições de casa e ajudar nos trabalhos domésticos.
Ao som de uma linda música e me entregando nesta ilustração, minha cabeça se divertia recordando estas
coisas da infância. Pois bem, estou aqui, crescida, adulta e continuo desenhando e pintando-o com lápis de cor, exatamente como fazia quando criança. Não uso saias justas, nem sapatos de saltos muito altos,
me maquio apenas com moderação, mas o melhor de tudo é que ainda desenho todos os dias, tal qual quando criança!
E se por acaso alguém me perguntar o que eu ainda gostaria de ser, eu tenho a resposta na ponta da língua.
Eu gostaria de ser violinista e fazer parte de uma orquestra!
Ah! E se esse alguém for o mago da lâmpada e me conceder a possibilidade de fazer mais pedidos, gostaria de ser também bem bonita, magra e de cabelos esvoaçantes exatamente como a moça da minha ilustração.
Não custa nada sonhar!


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vida no Campo.

Sempre sonhei em morar no campo. Nascida na capital de São Paulo, numa casa de frente à uma Praça, onde hoje abriga uma estação do metrô, almejava um dia ter o privilégio de morar numa casa de terra batida, onde os cachorros, gatos e outros animais circulassem livremente pela casa e nos arredores.
Quando estudante universitária, tinha uma inveja boa(se é que isto existe) das minhas amigas e amigos que voltavam para suas casas no interior, deste ou de outros estados. Eu que tinha a sorte de ter a família sempre junto a mim, ficava praticamente órfã de amigos nos feriados e finais de semana. Todos os meus amigos voltavam ansiosamente para suas famílias em Penápolis, Duartina, Presidente Prudente, Guararapes, Araraquara, Jacareí, Londrina, Bandeirantes, Coronel Procópio, Assis, Itapetininga, Irapuru, Bauru, São Simão,  e tantas outras...
Meus amigos condoídos com a minha inveja e com medo dela, muitas vezes me convidavam para viajar junto com eles, o que eu aceitava prontamente para ter o prazer de passar alguns dias no interior e desfrutar da simplicidade, da calmaria e da rica vida junto à natureza.
Chegando lá nada me segurava na cama, de manhã madrugava, após o almoço colocava minha roupa de "estar relax" e saía para dar a minha voltinha na cidade enquanto meus amigos tiravam a "sesta" após as refeições. Eu não iria perder meu tempo dormindo numa cidade do interior. Era a minha diversão, fazer de conta que era a filha daquela cidade e que estava de volta. Mas a primeira pessoa que passava por mim após um cumprimento gostoso do interior, perguntava:
-Oi! Ocê num é daqui, né? Tá na casa dos quem?
Eu ficava frustrada sem saber o que fiz para ser descoberta, será possível que todos da cidade conheciam todos os membros da cidade?
- Como a senhora sabe que não sou daqui?
Eu perguntava, e elas respondiam imediatamente.
-Ah, menina, só o pessoal da cidade grande que anda com a bolsa aqui nas redondezas!
E olha, tem mais, ninguém anda assim apressada como ocê depois do almoço não.
Se ocê andar correndo assim logo já saiu da cidade, menina.
Puxa! Que furo! Ficava com raiva da minha caipirice da cidade!
Eu ria muito com as explicações das pessoas e aproveitava para sentar nos bancos da praça e ficar "proseando" com o pessoal.
Quando voltava para casa das minhas amigas, elas já estavam acordadas e preparando uma "merenda" que geralmente era um doce de frutas colhidas no pé, bolinho de milho, cuzcuz, tudo muito caseiro e delicioso!
-Naomy, depois mais tarde, agente vai levar você pra conhecer a sorveteria da cidade!
Eu ficava eufórica e ia correndo me arrumar toda! Minhas amigas lotavam o carro com amigos, namorados
e íamaos para a tal sorveteria. Mas...Sem ao menos completarmos um quarteirão eles me falavam:
-Pronto pode descer, chegamos!
E eu assustada :
- Ué ? Como assim? Já chegamos? Então por que viemos de carro?
Todos riam da minha caipirice da cidade.
- Naomy, você não percebeu que aqui tudo é pertinho? Agente está brincando com você.
Depois que você se assustou com o pé de jaboticaba, pensando que a árvore estava com catapora, agente resolveu fazer graça com você! Você é muito engraçada!
E todos se divertiam pois achavam graça da minha ignorância.

Continuo morando na minha querida cidade grande, continuo andando apressada, comendo com pressa, não connsegui realizar ainda a minha vontade de morar no campo, sentar num toco de árvore, colher frutas no pé, falar devagar, comer devagar, tirar uma sesta após o almoço, desenhar sob a sombra de uma árvore, caminhar devagar e sem bolsa...
Tudo bem, continuo mantendo acesa esta minha vontade.
Enquanto não realizo este meu projeto de vida, encontrei nos meus guardados estas ilustrações que provam como eu driblava esta minha vontade: idealizando e desenhando como seria a minha vida no campo.
Quem sabe um dia...






quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para Ver a Banda Tocar- Música em Cena - SESI - SP - Banda Sinfônica do Estado de São Paulo

Nascida e vivendo aqui, nesta querida cidade de São Paulo,
amo-a cada vez mais.
São Paulo não tem praia, muitos dirão. Não faz mal, temos outras praias de opções.
Talvez muitos gostariam de elucidar os problemas de uma cidade grande.
Não podemos negar, como toda grande metrópole temos problemas sim.
Mas e as tantas oportunidades que somos contempladas justamente por ser uma grande metrópole?
Estive presente ontem, em mais um maravilhoso Concerto da Série "Para Ver a Banda Tocar", dentro da programação mensal do "Música em Cena" - SESI São Paulo, onde somos presenteados com uma hora de apresentação capaz de mexer com todas as nossas emoções, e o melhor, gratuitamente.
No clímax da obra do brasileiro Hudson Nogueira " Rapsódia No. 1 para Trombone"  com o solista Marcelo da Silva, foi impossível segurar minha emoção que se transformou em gotas esvaindo-se pelo canto dos meus olhos. Que sensação maravilhosa sentir a arte com todas as veias que temos em nosso corpo... Hudson Nogueira presente na platéia, recebeu muitos aplausos merecidamente.
Fico ainda especialmente feliz e admirada com a faixa etária tão eclética da platéia. Crianças de seus 5 anos de idade até 100, embelezam a platéia.  Os pequenos, muito graciosamente, se comportam com muita educação, sem sequer reclamar ou levantar a voz, apenas ocupam um terço da poltrona com os seus corpinhos minúsculos. Olhos atentos, fixos e curiosos se concentram no palco parecendo entender perfeitamente tudo que o grande e simpático Maestro Marcos Sadao Shirakawa faz questão de explicar didáticamente, apresentando os instrumentos, a programação do dia e os seus compositores.
A programação deste mês de julho homenageou além do brasileiro Hudson Nogueira, os compositores americanos Leonard Bernstein, Alfred Reed, James Swearingen e John Williams.
Fico ainda mais comovida com a "Canja Sinfônica" quando o maestro convida pessoas da platéia que tenham interesse em participar de uma das apresentações do concerto integrando-se à Banda, tendo assim a oportunidade de viver uma experiência juntamente com os músicos profissionais. É muito bonito ver os jovens adolescentes, embora tímidamente, tocando seus instrumentos lado a lado com os experientes músicos. A apresentação de ontem contou também com a presença de um grupo de jovens da
 Escola do Auditório Ibirapuera de São Paulo .
A apresentação do mês de Julho se encerrou com tema do filme "Star Wars Trilogy" que a platéia aplaudiu incansávelmente com corações em êxtase. Cada vez que assisto à estas apresentações conheço lá pessoas de várias partes do Brasil que vêm especialmente para apreciar todos os eventos culturais oferecidos em nossa cidade.
Realmente, em São Paulo só não aproveitamos de todas as formas de manifestação Artística, por opção, pois oportunidades é que não faltam.
Desfrutemos!

domingo, 3 de julho de 2011

Como vão vocês?

Tenho em minhas mãos um antigo álbum. Na capa, uma paisagem bucólica. Aquele tipo de álbum onde os amigos dedicam mensagens. Existirá ainda nos tempos de hoje, este costume? Ao abrí-lo, meus amigos de infância invadem meu coração e fico cheia de saudade...
Iris, como está você? Imagino que continua linda, segura e altiva.
Marinho, lembra-se que para minha sorte, você, o mais inteligente da turma, estudava no período da tarde e sempre fazia as provas antes de mim? Eu que estudava no período noturno, quando chegava para as aulas, você estava lá, me esperando no portão e me dava toques e dicas sobre a prova. Obrigada pela sua amizade e generosidade.
Lenira, tenho uma saudade imensa de você, minha fiel escudeira e confidente, era quase uma amiga-mãe.
Eiji, você sempre brigava comigo, mas hoje sei que era o seu jeito de chamar atenção. Está tudo certo.
Edna, querida amiga, mais centrada, mais adulta do que eu , sempre tão paciente comigo...
Você se lembra que o seu irmãozinho me chamava de "Nahomem"? Era muito engraçado.
Hermes, lembro bem do seu rosto, do seu andar gingado, até da sua camiseta. Obrigada  pelas lindas recordações.
Nanci, onde estará você, amiga que dividíamos a carteira dupla. Minúscula mas com seus grandes olhos fixos nos livros, sempre mais determinada do que eu.
Roberto, amor da minha adolescência. Você nem sequer imaginava isso, me tratava com carinho de irmão mais velho.
Antonio, hoje não ligo mais pela caneta que não quis me devolver.
Ah! E pelo meu estojo vermelho com desenho de Monte Fuji também.
Já passou.
Lourdes, sua letra continua bonita? Seus cabelos continuam sedosos e compridos?
Luiz, você sempre foi um garoto legal, sorridente, simpático e de convívio fácil. Encontrei outro dia com a sua mãe. Ela caminhava com dificuldade... Sabia que ela não se lembraria de mim, mas mesmo assim fui falar com ela, queria muito saber de você.
Ela me contou com pesar que você está morando longe, mas dedicando-se à um trabalho bonito. Achei que tinha o seu jeito, combina com você. Fiquei feliz.
Lúcia, lembra-se que ficávamos conversando até altas horas da noite na esquina da escola? Se fossemos para a rua da direita era a minha casa, para esquerda, a sua. Sob o poste de luz que nos iluminava, conversávamos, rindo, falando dos nossos sentimentos. Tempos que não tinhamos medo de ficar até tarde nas ruas. Você também, assim como eu gostava de desenhar e era muito boa nisso.
Mamoru, como está você? Era muito divertido ir ao cinema no seu fusca branco, carro lotado de amigos, se fosse nos dias atuais chamaríamos de "galera". Você era mais adulto que nós, mas muito divertido!
Muito obrigada pela sua proteção.
Quando me lembro de todos estes e mais tantos outros amigos de infância, estão sempre sorrindo. Lembro-me apenas dos rostos sorridentes, não faço propositalmente, mas são estes rostos que me vêm à cabeça.
Tantos anos correram pelas nossas vidas, tantas coisas boas e não tão boas nos surpreenderam. Inúmeras pessoas conheci depois de vocês, tantas amizades ganhei, mas ainda assim não esqueço jamais do sorriso, da voz, do jeitinho de cada um de vocês. E estes momentos ainda têm o poder de aquecer meu coração.
Onde estarão todos?
Como vão vocês?
Eu estou bem.
Com saudade de todos vocês.
Desejo do fundo do meu coração que todos estejam ainda com aquele sorriso leve e jovial nos seus rostos. Com saúde, amor e cheia de esperança nos corações, assim como tínhamos naquela época!