Sempre sonhei em morar no campo. Nascida na capital de São Paulo, numa casa de frente à uma Praça, onde hoje abriga uma estação do metrô, almejava um dia ter o privilégio de morar numa casa de terra batida, onde os cachorros, gatos e outros animais circulassem livremente pela casa e nos arredores.
Quando estudante universitária, tinha uma inveja boa(se é que isto existe) das minhas amigas e amigos que voltavam para suas casas no interior, deste ou de outros estados. Eu que tinha a sorte de ter a família sempre junto a mim, ficava praticamente órfã de amigos nos feriados e finais de semana. Todos os meus amigos voltavam ansiosamente para suas famílias em Penápolis, Duartina, Presidente Prudente, Guararapes, Araraquara, Jacareí, Londrina, Bandeirantes, Coronel Procópio, Assis, Itapetininga, Irapuru, Bauru, São Simão, e tantas outras...
Meus amigos condoídos com a minha inveja e com medo dela, muitas vezes me convidavam para viajar junto com eles, o que eu aceitava prontamente para ter o prazer de passar alguns dias no interior e desfrutar da simplicidade, da calmaria e da rica vida junto à natureza.
Chegando lá nada me segurava na cama, de manhã madrugava, após o almoço colocava minha roupa de "estar relax" e saía para dar a minha voltinha na cidade enquanto meus amigos tiravam a "sesta" após as refeições. Eu não iria perder meu tempo dormindo numa cidade do interior. Era a minha diversão, fazer de conta que era a filha daquela cidade e que estava de volta. Mas a primeira pessoa que passava por mim após um cumprimento gostoso do interior, perguntava:
-Oi! Ocê num é daqui, né? Tá na casa dos quem?
Eu ficava frustrada sem saber o que fiz para ser descoberta, será possível que todos da cidade conheciam todos os membros da cidade?
- Como a senhora sabe que não sou daqui?
Eu perguntava, e elas respondiam imediatamente.
-Ah, menina, só o pessoal da cidade grande que anda com a bolsa aqui nas redondezas!
E olha, tem mais, ninguém anda assim apressada como ocê depois do almoço não.
Se ocê andar correndo assim logo já saiu da cidade, menina.
Puxa! Que furo! Ficava com raiva da minha caipirice da cidade!
Eu ria muito com as explicações das pessoas e aproveitava para sentar nos bancos da praça e ficar "proseando" com o pessoal.
Quando voltava para casa das minhas amigas, elas já estavam acordadas e preparando uma "merenda" que geralmente era um doce de frutas colhidas no pé, bolinho de milho, cuzcuz, tudo muito caseiro e delicioso!
-Naomy, depois mais tarde, agente vai levar você pra conhecer a sorveteria da cidade!
Eu ficava eufórica e ia correndo me arrumar toda! Minhas amigas lotavam o carro com amigos, namorados
e íamaos para a tal sorveteria. Mas...Sem ao menos completarmos um quarteirão eles me falavam:
-Pronto pode descer, chegamos!
E eu assustada :
- Ué ? Como assim? Já chegamos? Então por que viemos de carro?
Todos riam da minha caipirice da cidade.
- Naomy, você não percebeu que aqui tudo é pertinho? Agente está brincando com você.
Depois que você se assustou com o pé de jaboticaba, pensando que a árvore estava com catapora, agente resolveu fazer graça com você! Você é muito engraçada!
E todos se divertiam pois achavam graça da minha ignorância.
Continuo morando na minha querida cidade grande, continuo andando apressada, comendo com pressa, não connsegui realizar ainda a minha vontade de morar no campo, sentar num toco de árvore, colher frutas no pé, falar devagar, comer devagar, tirar uma sesta após o almoço, desenhar sob a sombra de uma árvore, caminhar devagar e sem bolsa...
Tudo bem, continuo mantendo acesa esta minha vontade.
Enquanto não realizo este meu projeto de vida, encontrei nos meus guardados estas ilustrações que provam como eu driblava esta minha vontade: idealizando e desenhando como seria a minha vida no campo.
Quem sabe um dia...
Seu texto ficou encantador. Quem já viveu no interior entende, perfeitamente, tudo que mencionou.
ResponderExcluirE as ilustração são lindas. Você é ótima no que faz.
Bjs.
Marilene,
ResponderExcluirÉ muito agradável receber a sua visita no meu Blog, principalmente pois gosto da sua maneira de ver e escrever a vida.
Muito obrigada pelas suas palavras.
Apareça sempre, um grande abraço!
Your illustrations are so lovely dear Naomy. I am pleased that you were given the opportunity to leave the city and spend some time in the countryside with your friends, most enjoyable for you.
ResponderExcluirGreetings!
xoxoxo ♡
Dear Dianne,
ResponderExcluirIt is always very nice, turn on the computer in the morning and find a message
lovely as yours!
Knowing that someone is reading what I write makes me very happy!
Thank you and visit me every time.
A big, warm hug!
Tuas ilustraçoes estaõ uma graça e o teu texto muito gostozo e excelente para uma leitura.Adorei.Como a musica que sugeristes é de uma trilha sonora apenas instrumental,peço-te que passes no 'bobnog.blogspot.com que la foi feita uma postagem desta linda canção pensando em ti.Abrços.Suze
ResponderExcluirQuerida Suzane,
ResponderExcluirNossa!
Fiquei muito surpresa e felicíssima com a homenagem do grande Roberto Nogueira!
Adorei!
Eu sou uma fã incondicional do ator Marlon Brando e do filme "O Poderoso Chefão" e a trilha sonora é absolutamente maravilhosa!
Fiquei muitíssimo honrada e muito agradecida!
Muito obrigada!
Visite-me sempre!
Um grande abraço!