segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ver para crer ou imaginar para sonhar... (2/1)

Uma imagem, um desenho, uma fotografia, apesar de estáticos, através dos textos elas se personalizam, vidas se emergem. Textos revelam-se vozes.
Dentro da minha imaginação croquis e fotografias se movem, sobrancelhas, bocas, olhos, andares se caracterizam.
Hábito meu da infância até hoje.
Figuras com cabeça em formato de bolinha, corpo, uma linha longa, braços e pernas de linhas curtas para mim possuíam vidas.
Personagens frágeis tinham nomes, personalidades, famílias.
Eles choravam, riam, ficavam bravos e eu a cada traço me alegrava ou sofria solidária.
Mais tarde quando meus desenhos passaram a criar mais formas e volumes passei então a sofisticar essa "loucura" segundo muitos, começando a emprestar minha voz personificando-os melhor.
Bastava desenhar o rosto, enquanto desenhava o resto do corpo eles já começavam a falar através de mim.
Não havia nenhuma loucura nisso, para mim, uma vez criadas elas ocupavam seus lugares neste mundo, ou seja, no meu pequeno mundo infantil. Frequentemente meus pais vinham ver com quem eu estava falando, tamanha era a minha sofisticação criando muitos timbres de vozes de acordo com cada personagem por mim criada.
Também passei a conversar com bonecas e responder por elas sem nunca imaginar que isto não seria "normal" até que...Namorado, amigos passaram a me ver como psicótica, infantilizada, começaram então
a estranhar e ao perceber isto, eu que não sou boba fui me recolhendo à dita "normalidade".
Hoje, ainda continuo a mesma, apenas fiquei mais esperta, me organizei a praticar isto apenas quando estou só.
Opa, estava me esquecendo de citar as flores que retribuem às minhas conversas me envolvendo com
suaves aromas em sinal de amizade.

2 comentários:

  1. Suavidade e ternura, delicado lirismo e como se não bastasse, o aroma de flores em sinal de amizade. Em que jardim, em que pomar da minha existencia esqueci estes sinais? Estas linhas e traços? Estes cheiros?
    Um abraço do Akira.

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  2. Akira,

    Tenho certeza que no seu mundo não faltam
    sonhos e sensibilidade.
    Viver saboreando sentimentos, ainda que doloridos
    é o que nos faz felizes.
    Um grande abraço!

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