sábado, 10 de dezembro de 2011

Ver para crer ou imaginar para sonhar... (2/2)

Quando chegamos a este Mundo e carregamos dentro da bagagem
o dom da imaginação aguçada, estamos desembarcando num território
muito, mas muito maior do que qualquer dimensão mensurável.
A imaginação amplia qualquer situação permitindo-nos sentir,
observar, visualizar e concluir muito além do que aparenta a realidade.
É um jogo que deve ser apreciado ludicamente com total ciência de algumas regras.
Do contrário, pode ser decepcionante, dilacerante e danoso.
Como define o nosso grande dicionário "Aurélio ":
" Construir ou conceber na imaginação é o mesmo que fantasiar,
idear, inventar, supor, presumir, conjeturar..."
Pois é... a regra é clara, imaginação é uma fantasia...
Com a sorte de um ganhador de loteria,  poderá até coincidir com a realidade?
Talvez sim, talvez não...
Bem, tendo a noção de que assim como temos a liberdade de imaginar temos em igual proporção a de constatar não ser real, então, imaginar fica por nossa conta e risco.
Como eu escrevi na minha postagem anterior, imaginação é uma coisa que me persegue desde a minha mais tenra idade, muitas vezes ela me diverte mas outras também me assusta, me induz ao erro para melhor ou para o pior.
Quando enfrento situações nunca antes vividas, minha imaginação cria monstros e fantasmas assustadores me fazendo sofrer por dias e quando chega a derradeira realidade constato que muito perdi me descabelando por antecipação. Em outras situações mais divertidas, gosto de imaginar personalidades, vozes, gestos de pessoas que conheço apenas por fotografias e é claro raramente minhas imaginações casam-se com a realidade quando as encontro.


Uma moça do nosso convívio casou-se com um moço que conheceu através de cartas e fotografias.
Cada um no seu país, muitas cartas enviadas, um imaginando sobre o outro apenas através de palavras românticas escritas sobre o papel e de algumas fotos.
Conheceram-se pessoalmente com o casamento já marcado.
É claro que personagens de carne e osso foram muito distantes do que as palavras representavam e do que cada um imaginou.
Não que fosse pior ou melhor, apenas diferentes.
Casaram-se e vivem felizes por longos anos.
Familiares curiosos que tiveram acesso às cartas acharam muito engraçado que aquelas palavras adocicadas tenham sido escritas por aquele rapaz tão pragmático, tão distante do que haviam imaginado.
Gosto de pensar que as pessoas não são apenas aquelas que se apresentam, temos várias facetas que vivem escondidos dentro de nós e que dependendo da ocasião elas se apresentam, nos momentos íntimos, da conquista, da fragilidade, da arrogância, da fortaleza, da paixão e do amor.
Frequentemente acabamos por nos surpreender ao constatar facetas de nós mesmos que não havíamos imaginado possuir, às vezes boas, outras ruins, vergonhosas ou até heroicas.
Presumo então que não será a imaginação o culpado.
Ver para crer pode ser necessário, mas a imaginação amplia o nosso mundo,
tempera nossas vidas, faz pulsar nossos corações e é por isso que não consigo me livrar deste vício:
"Imaginar para Sonhar!" .

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