segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pequenas alegrias, grandes descobertas.

Após criar meu Foto Blog, tenho me despertado para algumas coisas que há muito havia me esquecido.
"O olhar infantil".
Quando atravessamos pela porta de entrada da vida adulta, deixamos para trás as pequenas coisas que realmente nos mostram os sinais de vida que estão presentes no nosso dia a dia, mas que deixamos de observar. Uma plantinha que emerge com coragem no meio de tantas outras, mas que é única. Um tronco de árvore que conhece o mundo há muito mais tempo do que qualquer ser humano, uma paisagem que reflete sobre a água, uma linda flor que sequer conhecemos seu nome, mas assim como nós, respira o mesmo ar, presenças muitas vezes tão efêmeras que convivem conosco no nosso planeta.
Não possuo técnica alguma, muito menos nenhuma máquina fotográfica especial. Tenho sim uma máquina sem grandes recursos, daquelas que qualquer criança é capaz de fotografar, basta apertar e está registrada. Quando vou a algum jardim ou parque para fotografar, fico me sentindo um tanto quanto intimidada pois geralmente nestes lugares reúnem-se fotógrafos profissionais ou não profissionais, mas que possuem máquinas profissionais com lentes especiais, teleobjetivas como aquelas que os "paparazzis" se utilizam.
Passo por eles tímidamente, escondendo a minha singela máquina, tentando observar as marcas e os modelos que eles possuem para quando, quem sabe, talvez, um certo dia, por alguma obra do destino me tornar rica, poder comprá-las. O mais importante é que o ato de fotografar tem me despertado para recordar como era natural nos tempos de criança a nossa aguçada curiosidade. Crianças conseguem reparar nas várias formas de vida que embora estejam ao nosso redor passamos em branco, pois o tempo urge, o tempo é dinheiro, temos importantes missões a cumprir do que ficarmos olhando para plantinhas, formiguinhas e pedrinhas. A criança não, ela é capaz de interromper qualquer coisa para observar uma nova plantinha que está crescendo, uma formiga que carrega uma folha, uma borboleta que se mistura entre as folhagens. E como elas são felizes! Sempre colecionando descobertas, admirando tudo que se movem, que exalam aromas e emitem sons. Aprendem a encontrar beleza em qualquer ambiente que para os adultos parecem ser homogêneos. Tudo igual. Não, para elas nada é igual, cada vida, cada situação, uma nova descoberta. Para criança qualquer caixote vira diversão, risos e euforia, qualquer pedaço de corda representam répteis, um saco de lixo, fantasmas, um monte de meias velhas enroladas, uma bola de futebol!
Não vivemos sempre à procura da felicidade?
Onde foi se esconder a nossa poderosa capacidade de imaginação que resultavam de observação e criatividade? Treinamos tanto para nos tornarmos adultos, podemos treinar para voltarmos um pouco a ser criança? Descobrir que podemos contemplar muitas belezas e alegrias ainda não observadas e degustarmos a imensa alegria de viver, mesmo com a minha pacata mas fiel máquina fotográfica.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Euforia

Todos os dias tudo caminha normal.
Graças a Deus!
Normal é bom sinal.
Normal significa que tudo está onde deveria estar.
Isso é bom. Somos gratos por isso.
Existiria algo melhor ainda do que o normal?
Quando encontramos alguém, após um longo periodo distante, a primeira pergunta é:
- Oi! Há quanto tempo! Tudo bem?
Respondemos automaticamente, sem muito pensar.
- Oi! É mesmo, quanto tempo, heim! Tudo bem, tudo normal.
E você?
Não ficamos ocupando o tempo alheio contando sobre a panela que ganhamos no bingo, a boa nota que o filho tirou na prova de Química, do quanto estamos contentes com novos amigos que ganhamos através do blog, das contas que deixamos de pagar, remédios que passamos a tomar diáriamente, joanete que passou a nos incomodar, das cirurgias que tivemos que fazer...
Uma vez, ouvi de um aluno, um simples comentário, mas muito sensato e inteligente.
-  Já foi a época em que eu pensava que contar a alguém que este mês não consegui pagar a conta de luz, resolveria o meu problema.
Realmente, o que adiantaria contar a alguém o quão endividado estamos? E quem gostaria de ouvir sobre dívidas se não somos e nunca seremos os únicos a passarmos por apertos financeiros?
Sempre fui muito eufórica(exagerada para os críticos) com todos os sentimentos e acontecimentos que me assolam, independentemente de serem acontecimentos positivos ou negativos. Quando algo acontece de bom, fico muito, muito contente ou como gosto de escrever: "muuuuuuuuuuuuuuito contente". Muitas vezes a minha pobreza de vocabulário me faz parecer que não consigo demonstrar minha euforia do tamanho que deve ser. Quando estou feliz fico sorridente, meu peito parece explodir, tenho vontade de contar a todos, gosto de demonstrar para quem quer que seja o quanto estou contente!  Do contrário também acontece o mesmo, quando algo me perturba ou me entristece e me preocupa, não consigo dormir direito, vira uma tragédia grega, mesmo não sendo comigo.
"Olha, não te contei pois sabia que você já ia ficar super envolvida."
Esta é uma frase que ouço com uma preocupante frequência.
Também já ouvi:
"Eu me garanto, sou calma e discreta como um peixinho no aquário. Sou uma concha fechada, assim não entra areia. Já, você..."
 Também costumo ouvir da pessoa que realmente se preocupa comigo:
"Você se expõe demais, assim você se torna vulnerável."
Após tantos conselhos fui me adequando, ou pelo menos tentando. Afinal, estou aqui na terra há um bom tempo como aprendiz. Porém, confesso que não é uma coisa muito elementar de se aprender. Muitas vezes ainda tenho aquele velho ímpeto de euforia e de tragédia grega também. Segundo as pessoas próximas, a minha euforia, pode ser observado até pelo meu tom de voz, meus olhos arregalados e pelo rubor das minhas bochechas.
"Olha, o homem que caminha lá no outro extremo da praça, não precisa ouvir o que você está falando."
Este tipo de comentário já se tornou comum. Realmente é de se preocupar...
Vejo que não estou sendo adequada, lembro de todos os conselhos, das indiretas e diretas, fico murcha, reduzo meu botão de volume, desarmo o meu barraco e amuada, fico no meu devido lugar. Mas ainda assim, tenho uma vontade louca de, por exemplo, agora, tenho uma irresistível vontade de polemizar e escrever:
"Tom normal é pouco! Quando estou feliz, quero contar para o caixa do banco, atendente do supermercado, contar para todas as minhas amigas, a família inteira e também quando estou triste ou preocupada quero contar para todo mundo, quero poder chorar, quero conselho e opinião "do mundo"! Eu sou assim! "
Eu sei, eu sei, isto não é normal, é inadequado.
Por favor, deletem as frases entre aspas acima.
Estou aprendendo, estou me esforçando para ser mais contida. Mais "adequada", "apropriada".
Mais elegante?
Agora quando me perguntam:
-Oi, tudo bem?
Com um sorriso sereno respondo:
-Tudo bem, tudo normal.
Quem pergunta e quem responde têm a consciência de que estamos perguntando e respondendo uma a outra apenas sobre acontecimentos muito graves, mas muito graves mesmo. E se estamos uma diante da outra, inteiras, sobre as próprias pernas é sinal de que estamos vivas e isso significa que está tudo bem, tudo normal.
Normal  parece pouco?