sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Desejar ao outro o mesmo que se deseja para si.


A raposa e a cegonha viviam amigávelmente, juntamente com outros bichos, num grande bosque à beira de um lago.
Um certo dia, a raposa ouve uma conversa das cegonhas sobre as vantagens de possuir longos bicos vermelhos e resolve pregar uma peça. Convida gentilmente a cegonha para jantar em sua casa, prepara um delicioso jantar, mas serve em pratos rasos
que impedem a cegonha de desfrutar. A cegonha muito humilhada mas sem perder a pose retribui o convite e
marca um almoço onde ela prepara um maravilhoso quitute,
porém serve em jarros com pescoços altos e finos deixando a raposa apenas na vontade.
Fábula de Esopo. Com certeza todos já leram ou ouviram na infância. Histórias que são contados às crianças para que sejamos adultos íntegros, para que não façamos ao outro o que não queremos que façam para nós.
Mas... o tempo passa, a vida corrida e a sociedade competitiva absorvem o adulto de tal forma que histórias infantis ficam no esquecimento.
Há muitos anos atrás ouvi na salinha de descanso dos funcionários a seguinte conversa:
- Sabe a "A" , foi passar as férias em Bariloche! Ela disse que quer ver a neve. (risos) E eu tô torcendo para que não esteja nevando lá. (risos)
Aliás, eu vou ligar para uma agência de turismo para me informar se está nevando lá.
Aposto que quando ela voltar, mesmo que não tenha visto a neve vai contar para todos
que adorou ver a neve. E eu vou estar preparada para desmascará-la. (risos)
Era apenas uma conversa informal mas me recordo que quando ouvi lembrei-me da história da "A cegonha e a raposa". Por que as pessoas fazem ao outro o que não desejam para si?
Recentemente tive a oportunidade de ilustrar o livro " A cegonha e a raposa". Quando lí novamente a história, depois de muitos anos, comecei a fazer um exame de consciência, se de uma forma ou de outra, sem perceber, não estariamos agindo também como a raposa e a cegonha? Confesso, tenho mania de ficar me preocupando com os outros aconselhando para que faça check-up, coma melhor, separo artigos sobre saúde, educação, psicoterapia e fico distribuindo cuidando da vida alheia. Sou a "chata" da família. Mas... e quando estou me deliciando com quitutes e alguém me aconselha a moderar, lembrar sobre a existência da balança? Fico odiando o conselheiro. Pois é... por que fico tomando conta da vida alheia se não acho agradável que faça isso comigo. Não podemos descuidar. Uma volta à nossa infância, à nossa aprendizagem dos princípios éticos básicos que obtivemos na infância é sempre necessário.

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