Por um dia... ou talvez até por mais gostaria de ser uma "bruxinha".
Vassouras velhas tenho em casa, chapéu e vestido de bruxinha posso até arrumar numa casa de fantasias.
Mas os poderes teriam que ser muito especiais.
Em primeiro lugar teria que me transformar numa bruxinha bem levinha para poder voar com as vassouras velhas de casa. E em segundo lugar... Ah! os poderes, aí é que são elas. A possibilidade de realizar qualquer coisa através da imaginação me deixou agitada com muitas vontades.
Hoje, embarquei nesta fantasia pois encontrei nos meus guardados, folhas destacadas de um pequeno caderno de brochura. Nestas folhas já amareladas pelo tempo, poesias e crônicas que escrevi com muita seriedade durante a minha adolescência. Algumas eu havia escrito em língua japonesa e os temas por mim abordados são muito sérios, porém de uma profundidade equivalente à minha idade na época. Faço um discurso sobre a vida, o amor, até sobre um dia chuvoso e os guarda-chuvas que preenchem as ruas. Ao lê-las, inicialmente tive o ímpeto de rir de mim, mas achei que merecia um certo respeito e me segurei. À medida que fui relendo comecei a perceber que eu já fora mais preocupada com o mundo, mais crítica com o comportamento humano, com idéias mais sisudas do que as que tenho hoje.
Através das palavras escritas notei que eu até sofria com aquelas dúvidas e inseguranças
sobre a vida.
Quanto tempo e sofrimento perdido quando poderia estar aproveitando momentos livres da adolescência, momentos que não possuía grandes responsabilidades. Tive vontade de me sentar ao lado da Naomy adolescente e dar uns bons conselhos.
Bem que eu poderia ser uma bruxinha, ter a fórmula da poção mágica que possibilitasse ir ao encontro comigo mesma, adolescente.
Eu a aconselharia sobre várias coisas, ia falar para relaxar, preocupar-se menos com as coisas, curtir a vida, namorar muito, ler muito, estudar mais sobre artes, literatura, visitar museus e exposições, comer menos porcaria, praticar esportes para não ser uma adulta fora do peso... tantas coisas...
Calculei que através dos meus conselhos eu poderia protegê-la, evitar os percalços da vida. Fechei os olhos e me imaginei conversando com a Naomy adolescente, explicando tudo a ela para que não sofra gratuitamente. Eu falava com tanta boa vontade, cheia de boas intensões...
Mas a Naomy adolescente me olhou com desdém, elevou as sobrancelhas e disse:
- Ah!, me erra, pode deixar que da minha vida cuido eu!
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