segunda-feira, 31 de maio de 2010

Escureceu, vou dormir.(ou quase)

O elevador para, a porta se abre, eu desço.
É aí... aí que se encontra o problema! É que eu desço sempre! Independentemente de qualquer coisa a porta se abre e eu desço mesmo que não seja o meu andar de destino! Já  perdi a conta das vezes que sai correndo e enfiei o rosto (pela minha estatura) na barriga das pessoas que adentravam no elevador, me servindo como um air bag. A minha pressa de sair de um ambiente fechado é tanta que nem questiono se é o meu destino ou não, simplesmente meus pés saltam do elevador.
Morro de vergonha, tenho raiva da minha atitude mas não consigo dominá-la. Meus sobrinhos queridos se divertem com este meu jeito atrapalhado de ser e me chamam de
"Tia Natrapalhada"(Naomy + atrapalhada). Com certeza eles conhecem bem a tia que têm. Outra parte do meu corpo que não domino, não consigo controlar quando subo no elevador é o meu dedo indicador que está severamente condicionado a apertar o botão da letra "T", térreo, mesmo que eu tenha que descer até o subsolo, garagem. Outro dia mesmo, ao subir no elevador já havia dois passageiros a bordo, o botão do subsolo (garagem) já havia sido apertado, exatamente para onde iríamos também. Mas o meu dedo... "TUM!" foi direto no "T" de térreo. Eu não tinha nada para fazer no térreo.
 Meu marido me olhou com cara de:
- Ai, meu Deus, você fez de novo!
Ele já deveria estar imaginando os olhares dos passageiros quando eu não descesse no térreo.
Eu pensei rápido e ao abrir a porta do elevador no térreo, embora não fosse o meu destino, desci correndo.
Inventei uma historinha. Disse alto para o meu marido, mas para que os passageiros ouvissem:
- Me pega na rua, eu tenho que passar na portaria.
Quando entrei no carro, meu marido fez um "tisc, tisc, tisc" e desabou a dar risada pela minha encenação forçada.
E assim, entre tantas gafes, vou driblando as minhas atrapalhadas que tem sido difícil de controlar.
Recentemente fiquei contente ao encontrar um sujeito num elevador de um prédio comercial.
A porta do elevador se abriu no décimo segundo andar para uma senhora de idade entrar e o rapaz saiu em disparada embora seu destino fosse o térreo. Percebendo que ainda não havia chegado no andar térreo, ficou vermelho, totalmente sem graça, pediu desculpas para a senhora pela trombada e voltou correndo para dentro do elevador. Ele me olhou tímidamente e disse baixinho:
-Eu sou muito atrapalhado!
Fui totalmente solidária a ele, afinal sei como é constrangedor. 
Respondi amigávelmente:
- Eu também sempre faço isso.
Ele sorriu em agradecimento.
Me senti bem, não estava sozinha, somos humanos, falhamos, mas vamos tentando nos acertar.
Lembro que a minha mãe me contava que aves são seres tão condicionados que:
"Escureceu, vão dormir."
Como penso que devo ter alguns neurônios a mais do que as aves, quando o dia escurecer repentinamente, vou me policiar para dar uma conferida se realmente a noite chegou ou se é dia de eclipse lunar antes de pular para a cama.

sábado, 22 de maio de 2010

Deixar Partir.

Deixar partir...Desapegar...Libertar-se...
Enquanto assistia o filme "Aritmética Emocional" (2007) estas questões giravam dentro da minha cabeça.
O filme baseado no romance de Matt Cohen nos presenteia com a presença de Max Von Sydow, Suzan Sarandon e Christopher Plummer. Só pelo trio de atores, sempre brilhantes, já seria maravilhoso, mas ainda há a linda história de Jakob Bronski, jovem detido num campo de concentração que acolhe e proteje duas crianças, Melanie e Christopher, criando um forte laço de amizade entre os três. Muitos anos depois o reencontro do trio na casa da Melanie, que vive com neto, filho e marido, remexe com a aparente paz impedindo subterfúgios. As emoções proporcionadas neste reencontro nos leva a  refletir sobre o quão devastador pode ser uma infância infeliz, cercada de medos e incertezas na vida das pessoas. A infelicidade do passado assombra toda uma vida atingindo consequentemente a todos que compartilham a vida com Melanie. É como se ninguém tivesse o direito de ser feliz nem infeliz pois a história da infância trágica dela não permite que possa existir nada pior nem aproveitar o melhor. Independentemente da mensagem que a história intenciona contar para mim despertou como tema o apego do ser humano, até pelas lembranças negativas. Muitas vezes não abrimos mão de relembrarmos os nossos sofrimentos do passado, não conseguimos apenas olhar para frente, deixar que o passado fique no seu devido lugar. Carregamos conosco como herança, como um troféu. Li em algum lugar que quanto mais equilibrado conseguirmos ser, mais abriremos mão das coisas. Mais leves ficamos, mais livres nos tornamos. Coisas essas que podem ser objetos, pessoas, boas e más lembranças. Enquanto não fazemos isso impedimos que coisas novas adentrem na nossa vida. Embora diga "passado" ele estará sempre presente. Me esforço em ser desapegada principalmente aos objetos, tudo que não utilizo por alguns anos faço girar, liberto-os para que encontre quem usufrua melhor. Mas sempre há muitos objetos que são repletos de lembranças que nos remetem às pessoas queridas, lugares marcantes, e carregamos conosco a cada mudança de domicílio, ocupam volumes maiores do que a dimensão que podemos reservar a eles dentro da nossa residência. Então vivemos apertados, cercados e pressionados pelas lembranças que apenas ocupam espaços, nada mais do que objetos pois é o nosso coração que projeta recordações sentimentais a eles. Podemos apenas
guardá-los em nossos corações. Basta fecharmos os olhos e eles estarão lá para nos amenizar a saudade.
O racional pode até se convencer, mas o emocional acredita que deixar partir é desrespeitar pessoas, desconsiderar memórias e menosprezar lembranças.
No transcorrer do filme até chegar o "The End" fui me convencendo de quanto é necessário aproveitarmos e saborearmos ao máximo o precioso "presente", como a própria palavra declara é um presente e ele se transformará em passado num piscar de olhos.
Do contrário estaremos sempre congelando emoções frescas e nos alimentado de sentimentos requentados.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Falar, Escrever = Comunicar?

Minha estante abriga vários dicionários de língua portuguesa. Aguardam pacientemente a hora de serem convocados.
Mini dicionário, dicionário ilustrado, dicionário escolar, novo dicionário básico da língua portuguesa Folha/Aurélio e o imponente novo dicionário do Aurélio século XXI.  Reservo ainda lugar para mais um. Para manter-me atualizada, terei que guardar um bom dinheiro para adquirir o dicionário com a nova reforma ortográfica.
Tirando o pó da capa verde musgo do "Aurelião" tomei cuidado para que ele não caia sobre os meus pés, pois com certeza ele faria um grande estrago de tão pesado que ele é.
Resolvi folheá-lo e comecei a pensar sobre a enorme quantidade de vocábulos que ele contém. Quantos estarei utilizando para me expressar através da minha comunicação falada e escrita?
Nunca fiz tal pesquisa, mas com certeza pouquíssimos comparada a esta quantidade estonteante de vocábulos que desfilam nas páginas de um dicionário.
Tenho um elenco de palavras que por afinidade ou por falta de conhecimento maior, rodiziam-se nas minhas falas e na escrita. Seria ótimo se apenas palavras bonitas partíssem das nossas bocas,(assim como na ilustração acima) mas na vida real necessitamos sempre do "yin" e do "yang".
Existem palavras que mesmo conhecendo-as não tenho oportunidade de utilizá-las, não sei exatamente o porquê.
Outro dia ouvi um entrevistado num programa de TV falar sobre "leviandade" e "aleivosia" e  percebi que não me lembrava de um dia ter falado nem escrito estas palavras. "Aleivosia", fonéticamente falando chega até a ser bonito, não fosse o significado cruel dela: traição, deslealdade. "Leviandade", uma palavra até comum, mas nunca tive muita amizade com esta palavra, talvez pela minha formação onde meu pai costumava condenar atitudes levianas e superficiais. Há também uma infinidade de palavras que jamais, se quer, eu soube da existência.
"Aflogístico", "Bisonho", "Chistoso", "Desassisado", "Evagação",
"Grazina", "Latíbulo", "Obumbrar", "Pachola", "Zaranzar" são algumas que encontrei adormecidas dentro do dicionário que ao folheá-lo conheci.
A incomunicabilidade dos nossos sentimentos através de vocábulos, códigos coletivos de comunicação, podem ocasionar problemas. Muitas vezes precisamos lançar mão de outros recursos de expressão como o olhar, o sorriso, o abraço, o carinho, o beijo ou até mesmo uma cara feia para nos fazer entender ou estabelecer limites. Ao observar crianças que ainda estão com um limitado conhecimento das palavras percebemos que utilizam-se de sinais de comunicação como o choro, uma careta, movimentos do corpo como arrastar-se pelo chão batendo os pés, atitude de desespero como empurrar, bater com as mãos ou chutar com os pés para conseguir impor-se. Muitas vezes eles desejam falar uma palavra muito, muito agressiva mas como não encontram pelo seu parco conhecimento das palavras, gritam:
- Sua... sua...sua feia! 
ou
-Seu... seu... booobo!
Pior ainda quando continuamos fazendo isso mesmo depois de deixar os babadores e as fraldas.
Nós, seres humanos, tão ricos de emoções, será que estamos conseguindo transmitir corretamente os nossos sentimentos e desejos? Estamos nos fazendo entender? E quando utilizamos tais recursos de comunicação como se fossem armas? Muitas vezes ouví dizer que fulana feriu profundamente o fulano através de palavras. Outras vezes que fulano machucou irreversívelmente a fulana utilizando-se de palavras "ferinas". Tudo isto pode acontecer até por falta de conhecimento do significado correto dos vocábulos e sem intenção acabam-se cometendo equívocos infelizes. Pensando em tudo isso decidi que devo manter uma amizade maior com o dicionário visitando-o com mais frequência, aprender a me expressar melhor
pois nem sempre falar ou escrever é comunicar ou se fazer entender.

Dez achados e seus significados:
(por mim totalmente desconhecidos)
Aflogístico: que arde sem chama.
Bisonho: inexperiente, inábil.
Chistoso: engraçado, espirituoso.
Desassisado: louco, desatinado
Evagação: distração, divagação.
Grazina: que ou quem muito fala, resmunga ou grita.
Latíbulo: lugar oculto, esconderijo.
Obumbrar: cobrir de sombras, tornar escuro.
Pachola: farsante, pedante.
Zaranzar: vaguear

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Yin e Yang: Filosofia chinesa que representa o princípio da dualidade, forças complementares de yin e yang.
Yin: princípio passivo, noturno, escuro, frio, feminino
Yang: princípio activo, diurno, luminoso, quente, masculino
(fonte: Wikipédia)

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Ignorância Botânica.

Tenho alguns complexos, para não dizer muitos.
Não vou citar aqui publicamente os meus complexos campeões pois ainda não estou  emocionalmente preparada para isso.
Um dos meus antigos complexos é a minha ignorância botânica.
Explicação que utilizo como uma desculpa é que a minha mãe era uma profunda conhecedora de plantas, logo, eu não precisava me preocupar com elas. Não que ela tenha estudado, a sua vivência da infância no meio do mato, como ela dizia, a tornou "expert" no assunto. Ela me contava que passou a maioria dos seus dias da infância no meio do mato por horas a fio colhendo flores e admirando o cantar   dos pássaros. Já a minha foi totalmente diferente, nasci no bairro comercial, num sobrado comercial, numa praça onde o movimento intenso de ônibus e automóveis obrigava a não me distanciar da porta do estúdio fotográfico do meu pai onde também era a minha residência. Meus amigos da infância eram os balconistas das lojas comerciais que se aglomeravam ao redor da praça. A minha ignorância e desinteresse botânico era tamanha que nunca havia questionado se melancias, melões ou abóboras davam em árvores ou se eram plantas rastejantes. A primeira vez que me assustei ao conhecer um pé de jaboticaba já era adulta e fui motivo de chacota na casa da minha amiga em Penápolis, onde fui convidada a conhecer um pouco da vida no interior.
Lembro-me que a primeira vez que meu marido, namorado na época, visitou o quintal da minha mãe ganhou muitos pontos com ela reconhecendo as plantas que ela cultivava lá. Tendo uma filha desinteressada com plantas ela ficou admirada com o conhecimento dele. Sendo assim, consequentemente eu não tenho mão para cultivar plantas. Mas atualmente, tenho me dedicado a compensar esta minha falta. Tenho feito uma iniciação botânica adquirindo vasinhos de plantas e ervas.
As visitas que me conhecem de longa data me ironizam:
- Ué, Naomy, está virando mulher? Vasinhos de flores?
Quando me perguntam se eu gostaria de ganhar uma mudinha de... Já estou dentro! Quero sempre! Levo feliz para minha casa, planto-as, mas como não entendo a linguagem delas, elas acabam se entristecendo, definhando e se despedem de mim. Fico triste, envergonhada e chateada pois sei que vou  ouvir meu marido dizer mais uma vez:
- Ih! Desiste, com plantas você não leva jeito.
Diz isso pois a sua mãe também, assim como a minha, é uma "expert" em plantas. Quando vou à casa dela e vejo aquelas plantas com a cor "verde-saudável", enormes e fortes sinto-me complexada, humilhada e invejosa. Mas sou persistente. Lí em algum lugar que é preciso conversar com elas, elogiá-las. Assim estou fazendo. Todas as manhãs ao acordar, a minha primeira atividade é cuidar das plantas. Saio para varanda e ao regá-las fico conversando com elas por um tempão. Tenho uma planta chamada "Peixinho" que em reconhecimento e por piedade a mim está se empenhando em carregar com flores lindas em formato de peixinho. Tenho também "Manjericão". Cada vez que rego exala um aroma delicioso de pizza "Marguerita" para me agradecer. Mas tenho também uma plantinha que comprei com segundas intenções, "dinheiro em pencas", se chama.  Não estamos nos entendendo... No bilhetinho que veio colado ao vaso dizia: "Umidade moderada , regar duas vezes por semana". Seguindo esse conselho percebí que ela começou a amarelar, concluí que o efeito estufa e a alteração climática está provocando uma alta excessiva de temperatura e portanto iniciei a regar mais vezes mas mesmo assim não estou conseguindo deixá-la bonita. Se o nome da planta tiver real significado estou perdida!
Aprendi numa palestra que observar uma flor numa situação de stress nos faz desligar momentâneamente do problema, nos acalmando e equilibrando permitindo assim, tomarmos uma atitude mais sensata.
Realmente, quando estou dialogando e observando as plantas me acalmo, relaxo e sou feliz.
Entendí finalmente que cultivar plantas também é Arte, é preciso dedicação, paciência, perseverança, doação e principalmente amor. 
Esta é uma tentativa incessante de reduzir a minha lista de complexos.
Boa sorte para mim!

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Minha Mãe.

Tenho me encontrado com a minha mãe.
Estamos sempre sorrindo, fazendo compras ou passeios nos lugares que nunca pudemos estar antes.
Deixa sempre uma vontade de repetirmos o programa.
Ela, jovem e bonita, cabelos escuros, poucos fios brancos, vestida sempre com uma blusa decote em "V".
Sempre gostou deste decote pois valoriza o seu colo.
Fico muito feliz ao vê-la bonita e saudável.
Ao sairmos juntas não voltamos para casa até que o último centavo desapareça das nossas carteiras.
Vamos à feira, comemos pastel, tomamos caldo de cana, vamos às lojinhas de quinquilharias, bijouterias, adoramos ver coisas bonitas.
Sorrimos muito, conversamos de tudo, sobre artes, histórias infantis, literatura, afinal somos do mesmo signo zodiacal temos gostos semelhantes, muitos dizem que parecemos irmãs.
Fico feliz que ela esteja caminhando sem problemas, pernas fortes, andar firme. Passamos momentos tão agradáveis, tão carinhosos e  reais.
E no meio da madrugada, na escuridão do quarto sou devolvida à realidade.
Desperto, passo muito tempo pensando:
- Ela não está mais entre nós, certo? Foi um sonho?
A nossa alegria era tão real que me confunde. Tenho uma saudade imensa dela, do seu sorriso, do seu carinho, de como me acariciava o rosto quando eu tinha dor de dente, de como me massageava as pernas quando minhas pernas doíam. Fico imaginando onde ela estaria agora, fico torcendo para que ela esteja num lugar florido, bonito como ela gostava e que me diga sorrindo:
- Aqui é um lugar maravilhoso!
Enquanto o sono não me convida novamente fico me lembrando dos momentos saudosos que passei com ela. Principalmente da minha infância.
A alegria que eu sentia ao vê-la chegar para me buscar no término das aulas. Como ela era bonita e elegante, como eu me enchia de orgulho! O sorriso que se abria no seu rosto ao me ver era tão aconchegante!
Quando pequena, ao assistir o filme "Bambi" deixei minha mãe constrangida causando tumulto na sala de cinema.
Ao me deparar com a cena que os caçadores matam a mãe do Bambi fiquei assustada, indignada e revoltada.
- Mãe! A mãe do Bambi não morreu, morreu? Morreu?
Heim, mãe, ela morreu? Não morreu né?
Meu desespero era tamanha que gritei e toda a platéia ouviu e riu.
Na minha concepção, mães não poderiam partir jamais.
Nunca me esquecí de um menino que veio no estúdio fotográfico do meu pai num domingo de "Dia das Mães". Eu tinha aproximadamente seis anos na época. Ele usava um terninho listado, cabelos brilhantes e alinhados, aparentava ter a minha idade.
Na lapela do seu paletó um cravo branco. Ele queria tirar uma fotografia vestido assim.
No cenário do estúdio o menino se posicionou de pé, retinho com os braços colados ao corpo, olhar triste e o cravo na lapela que chamava minha atenção.
Perguntei à minha mãe por que o menino estaria usando um cravo branco no seu paletó.
Com o rosto triste ela me respondeu:
- No Dia das Mães, os filhos presenteiam as mães com cravos vermelhos e os que são órfãos de mãe usam cravos brancos.
Fiquei chocada e consternada pelo menino, tão criança e órfão!
Me senti culpada por ter uma mãe e ser feliz.
Acompanhei com os olhos o menino indo embora, descendo as escadas do estúdio. Me pareceu tão frágil.
Sentí um nó na garganta e uma dor no peito.
Nunca comprei cravos brancos na minha vida, mesmo após a partida da minha mãe.
Levo sempre flores coloridas e alegres para ela. Exatamente como ela foi, linda e alegre!
Olho para o céu sempre que tenho vontade de conversar com ela.
Mãe, eu te amo!
Feliz Dia das Mães!

terça-feira, 4 de maio de 2010

Feliz ou Muuuuuito Feliz!


Assistindo uma partida de futebol pela televisão, encontrei um rosto, uma expressão facial muito contagiante. Falando assim até parece que sou muito fanática por futebol, não, não sou assim. Num domingo, justamente no momento que sentei diante da televisão para fazer companhia ao meu marido e dar uma espiadinha no jogo, presenciei o gol e pude contemplar uma expressão facial que podemos chamar de representação exata do momento de extrema felicidade. Do meu marido e o do jogador. Um jovem jogador acabara de fazer um gol no momento crucial do jogo e salvara o time. A vibração do atacante não foi daquelas de correr loucamente pelo gramado, puxar a camiseta sobre o seu rosto nem sambou  nem simulou embalar um bebê. Toda sua felicidade se concentrou  no seu rosto, olhou para baixo, sorriu até tímidamente mas era um sorriso de alegria plena que vem lá do fundo da alma. Um sorriso de felicidade íntima, particular, advinda de uma realização profissional e pessoal. Me pareceu até um momento de reencontro com o seu batalhado passado que neste momento estava sendo premiado com um gol decisivo.
Se estivesse orientando um aluno a praticar o desenho de observação eu diria :
- Para representar este rosto que expressa felicidade máxima observe bem o movimento das sombrancelhas,
o brilho e a direção dos seus olhos, os traços elevados dos cantos da sua boca, a abertura das marcas de expressão. Observe, até o nariz, orelhas e os fios do cabelo parecem sorrir.
Foi agradável assistir uma pessoa feliz. Certamente meu rosto também sorria, um efeito dominó de felicidades. Percebí que felicidade tem graus, níveis. O do jogador grau "Máxima Satisfação", do meu marido que vibrava pelo seu time de coração,"Alta Satisfação",  meu de platéia, "Satisfação".
Lembrei-me de um diálogo dos meus alunos durante a aula.
Depois de algumas aulas se dedicando a um desenho, o aluno Cema concluiu uma obra digna de respeito, duas araras magníficamente desenhadas em técnica de nanquim e bico-de-pena.
A outra aluna interrompeu o seu pincel, contemplou, admirou e perguntou:
-Você está feliz?
Com um sorriso enorme ele respondeu com entusiasmo:
- Muuuuuito Feliz!
A felicidade visita a vida das pessoas em várias oportunidades, até repetidas vezes ao dia.
Quando comemoramos o aniversário, quando ganhamos presente, quando chupamos um sorvete, quando pensamos em alguém que amamos, quando aplaudimos alguém, quando recebemos  flores, quando terminamos um desenho, quando...
Temos motivo para reclamarmos da vida?
A única variação existente é, se hoje fomos:
"Felizes ou Muuuuuuuuito Felizes!