sábado, 22 de maio de 2010

Deixar Partir.

Deixar partir...Desapegar...Libertar-se...
Enquanto assistia o filme "Aritmética Emocional" (2007) estas questões giravam dentro da minha cabeça.
O filme baseado no romance de Matt Cohen nos presenteia com a presença de Max Von Sydow, Suzan Sarandon e Christopher Plummer. Só pelo trio de atores, sempre brilhantes, já seria maravilhoso, mas ainda há a linda história de Jakob Bronski, jovem detido num campo de concentração que acolhe e proteje duas crianças, Melanie e Christopher, criando um forte laço de amizade entre os três. Muitos anos depois o reencontro do trio na casa da Melanie, que vive com neto, filho e marido, remexe com a aparente paz impedindo subterfúgios. As emoções proporcionadas neste reencontro nos leva a  refletir sobre o quão devastador pode ser uma infância infeliz, cercada de medos e incertezas na vida das pessoas. A infelicidade do passado assombra toda uma vida atingindo consequentemente a todos que compartilham a vida com Melanie. É como se ninguém tivesse o direito de ser feliz nem infeliz pois a história da infância trágica dela não permite que possa existir nada pior nem aproveitar o melhor. Independentemente da mensagem que a história intenciona contar para mim despertou como tema o apego do ser humano, até pelas lembranças negativas. Muitas vezes não abrimos mão de relembrarmos os nossos sofrimentos do passado, não conseguimos apenas olhar para frente, deixar que o passado fique no seu devido lugar. Carregamos conosco como herança, como um troféu. Li em algum lugar que quanto mais equilibrado conseguirmos ser, mais abriremos mão das coisas. Mais leves ficamos, mais livres nos tornamos. Coisas essas que podem ser objetos, pessoas, boas e más lembranças. Enquanto não fazemos isso impedimos que coisas novas adentrem na nossa vida. Embora diga "passado" ele estará sempre presente. Me esforço em ser desapegada principalmente aos objetos, tudo que não utilizo por alguns anos faço girar, liberto-os para que encontre quem usufrua melhor. Mas sempre há muitos objetos que são repletos de lembranças que nos remetem às pessoas queridas, lugares marcantes, e carregamos conosco a cada mudança de domicílio, ocupam volumes maiores do que a dimensão que podemos reservar a eles dentro da nossa residência. Então vivemos apertados, cercados e pressionados pelas lembranças que apenas ocupam espaços, nada mais do que objetos pois é o nosso coração que projeta recordações sentimentais a eles. Podemos apenas
guardá-los em nossos corações. Basta fecharmos os olhos e eles estarão lá para nos amenizar a saudade.
O racional pode até se convencer, mas o emocional acredita que deixar partir é desrespeitar pessoas, desconsiderar memórias e menosprezar lembranças.
No transcorrer do filme até chegar o "The End" fui me convencendo de quanto é necessário aproveitarmos e saborearmos ao máximo o precioso "presente", como a própria palavra declara é um presente e ele se transformará em passado num piscar de olhos.
Do contrário estaremos sempre congelando emoções frescas e nos alimentado de sentimentos requentados.

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