sexta-feira, 7 de maio de 2010

Minha Mãe.

Tenho me encontrado com a minha mãe.
Estamos sempre sorrindo, fazendo compras ou passeios nos lugares que nunca pudemos estar antes.
Deixa sempre uma vontade de repetirmos o programa.
Ela, jovem e bonita, cabelos escuros, poucos fios brancos, vestida sempre com uma blusa decote em "V".
Sempre gostou deste decote pois valoriza o seu colo.
Fico muito feliz ao vê-la bonita e saudável.
Ao sairmos juntas não voltamos para casa até que o último centavo desapareça das nossas carteiras.
Vamos à feira, comemos pastel, tomamos caldo de cana, vamos às lojinhas de quinquilharias, bijouterias, adoramos ver coisas bonitas.
Sorrimos muito, conversamos de tudo, sobre artes, histórias infantis, literatura, afinal somos do mesmo signo zodiacal temos gostos semelhantes, muitos dizem que parecemos irmãs.
Fico feliz que ela esteja caminhando sem problemas, pernas fortes, andar firme. Passamos momentos tão agradáveis, tão carinhosos e  reais.
E no meio da madrugada, na escuridão do quarto sou devolvida à realidade.
Desperto, passo muito tempo pensando:
- Ela não está mais entre nós, certo? Foi um sonho?
A nossa alegria era tão real que me confunde. Tenho uma saudade imensa dela, do seu sorriso, do seu carinho, de como me acariciava o rosto quando eu tinha dor de dente, de como me massageava as pernas quando minhas pernas doíam. Fico imaginando onde ela estaria agora, fico torcendo para que ela esteja num lugar florido, bonito como ela gostava e que me diga sorrindo:
- Aqui é um lugar maravilhoso!
Enquanto o sono não me convida novamente fico me lembrando dos momentos saudosos que passei com ela. Principalmente da minha infância.
A alegria que eu sentia ao vê-la chegar para me buscar no término das aulas. Como ela era bonita e elegante, como eu me enchia de orgulho! O sorriso que se abria no seu rosto ao me ver era tão aconchegante!
Quando pequena, ao assistir o filme "Bambi" deixei minha mãe constrangida causando tumulto na sala de cinema.
Ao me deparar com a cena que os caçadores matam a mãe do Bambi fiquei assustada, indignada e revoltada.
- Mãe! A mãe do Bambi não morreu, morreu? Morreu?
Heim, mãe, ela morreu? Não morreu né?
Meu desespero era tamanha que gritei e toda a platéia ouviu e riu.
Na minha concepção, mães não poderiam partir jamais.
Nunca me esquecí de um menino que veio no estúdio fotográfico do meu pai num domingo de "Dia das Mães". Eu tinha aproximadamente seis anos na época. Ele usava um terninho listado, cabelos brilhantes e alinhados, aparentava ter a minha idade.
Na lapela do seu paletó um cravo branco. Ele queria tirar uma fotografia vestido assim.
No cenário do estúdio o menino se posicionou de pé, retinho com os braços colados ao corpo, olhar triste e o cravo na lapela que chamava minha atenção.
Perguntei à minha mãe por que o menino estaria usando um cravo branco no seu paletó.
Com o rosto triste ela me respondeu:
- No Dia das Mães, os filhos presenteiam as mães com cravos vermelhos e os que são órfãos de mãe usam cravos brancos.
Fiquei chocada e consternada pelo menino, tão criança e órfão!
Me senti culpada por ter uma mãe e ser feliz.
Acompanhei com os olhos o menino indo embora, descendo as escadas do estúdio. Me pareceu tão frágil.
Sentí um nó na garganta e uma dor no peito.
Nunca comprei cravos brancos na minha vida, mesmo após a partida da minha mãe.
Levo sempre flores coloridas e alegres para ela. Exatamente como ela foi, linda e alegre!
Olho para o céu sempre que tenho vontade de conversar com ela.
Mãe, eu te amo!
Feliz Dia das Mães!

Um comentário:

  1. Querida Naomy, sua mãe, onde quer que estaja está orgulhosa pela linda filha que tem. Aposto que está feliz, satisfeita de ter cumprido o seu papel no mundo, pois toda mãe sabe que o que nos é mais valioso é a vida de nossos filhos, e a sua vida está sendo muito bem vivida. Parabéns mamãe da Naomy pela filha que tem. Grande abraço, Fabiana Makdissi.

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