Tenho alguns complexos, para não dizer muitos.
Não vou citar aqui publicamente os meus complexos campeões pois ainda não estou emocionalmente preparada para isso.
Um dos meus antigos complexos é a minha ignorância botânica.
Explicação que utilizo como uma desculpa é que a minha mãe era uma profunda conhecedora de plantas, logo, eu não precisava me preocupar com elas. Não que ela tenha estudado, a sua vivência da infância no meio do mato, como ela dizia, a tornou "expert" no assunto. Ela me contava que passou a maioria dos seus dias da infância no meio do mato por horas a fio colhendo flores e admirando o cantar dos pássaros. Já a minha foi totalmente diferente, nasci no bairro comercial, num sobrado comercial, numa praça onde o movimento intenso de ônibus e automóveis obrigava a não me distanciar da porta do estúdio fotográfico do meu pai onde também era a minha residência. Meus amigos da infância eram os balconistas das lojas comerciais que se aglomeravam ao redor da praça. A minha ignorância e desinteresse botânico era tamanha que nunca havia questionado se melancias, melões ou abóboras davam em árvores ou se eram plantas rastejantes. A primeira vez que me assustei ao conhecer um pé de jaboticaba já era adulta e fui motivo de chacota na casa da minha amiga em Penápolis, onde fui convidada a conhecer um pouco da vida no interior.
Lembro-me que a primeira vez que meu marido, namorado na época, visitou o quintal da minha mãe ganhou muitos pontos com ela reconhecendo as plantas que ela cultivava lá. Tendo uma filha desinteressada com plantas ela ficou admirada com o conhecimento dele. Sendo assim, consequentemente eu não tenho mão para cultivar plantas. Mas atualmente, tenho me dedicado a compensar esta minha falta. Tenho feito uma iniciação botânica adquirindo vasinhos de plantas e ervas.
As visitas que me conhecem de longa data me ironizam:
- Ué, Naomy, está virando mulher? Vasinhos de flores?
Quando me perguntam se eu gostaria de ganhar uma mudinha de... Já estou dentro! Quero sempre! Levo feliz para minha casa, planto-as, mas como não entendo a linguagem delas, elas acabam se entristecendo, definhando e se despedem de mim. Fico triste, envergonhada e chateada pois sei que vou ouvir meu marido dizer mais uma vez:
- Ih! Desiste, com plantas você não leva jeito.
Diz isso pois a sua mãe também, assim como a minha, é uma "expert" em plantas. Quando vou à casa dela e vejo aquelas plantas com a cor "verde-saudável", enormes e fortes sinto-me complexada, humilhada e invejosa. Mas sou persistente. Lí em algum lugar que é preciso conversar com elas, elogiá-las. Assim estou fazendo. Todas as manhãs ao acordar, a minha primeira atividade é cuidar das plantas. Saio para varanda e ao regá-las fico conversando com elas por um tempão. Tenho uma planta chamada "Peixinho" que em reconhecimento e por piedade a mim está se empenhando em carregar com flores lindas em formato de peixinho. Tenho também "Manjericão". Cada vez que rego exala um aroma delicioso de pizza "Marguerita" para me agradecer. Mas tenho também uma plantinha que comprei com segundas intenções, "dinheiro em pencas", se chama. Não estamos nos entendendo... No bilhetinho que veio colado ao vaso dizia: "Umidade moderada , regar duas vezes por semana". Seguindo esse conselho percebí que ela começou a amarelar, concluí que o efeito estufa e a alteração climática está provocando uma alta excessiva de temperatura e portanto iniciei a regar mais vezes mas mesmo assim não estou conseguindo deixá-la bonita. Se o nome da planta tiver real significado estou perdida!
Aprendi numa palestra que observar uma flor numa situação de stress nos faz desligar momentâneamente do problema, nos acalmando e equilibrando permitindo assim, tomarmos uma atitude mais sensata.
Realmente, quando estou dialogando e observando as plantas me acalmo, relaxo e sou feliz.
Entendí finalmente que cultivar plantas também é Arte, é preciso dedicação, paciência, perseverança, doação e principalmente amor.
Esta é uma tentativa incessante de reduzir a minha lista de complexos.
Boa sorte para mim!
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