domingo, 17 de abril de 2011

Maria Inês.

Maria Inês, domingo, ao final de uma tarde de compras no hipermercado, fiquei sabendo que você viajou mais cedo.  Encontrei lá a sua amiga, não sei o seu nome. Sei porém que ambas gostamos e admiramos você. Sempre que vejo esta sua amiga, após um rápido cumprimento, falamos logo sobre você e desta vez não foi diferente. Logo quis saber sobre você. Ela contou-me da sua viagem.
Maria Inês, minha amiga, companheira desde o primeiro dia de trabalho, quando eu tinha uma outra profissão.
Eu gordinha, você magrinha, eu estabanada, você tão calma e serena, eu tão infantil, você tão adulta. Posso ficar aqui enumerando infinitamente como eramos antagônicas, mas tinhamos tanto a falar...
Você se lembra do dia em que viajamos juntas numa excursão? Lembra-se de quando após um dia inteiro de trabalho preparamos o nosso lanche da viagem, com frios e pão de forma , escondidas atrás do ônibus?
Rimos tanto! Lembra-se de quando fui visitá-la na sua casa tomando quatro ônibus para chegar? E você estava lá no ponto de ônibus me esperando.Você se lembra de como adorei e quase acabei com todos os deliciosos pães doces recheados com goiabada que a sua mãe fez para nós? Quantas vezes aprontamos poucas e boas no trabalho!  Quem estava ao meu lado quando um caminhão bateu no meu carro, na véspera de Natal? Você.  Juntas gritamos muito! Sempre que eu estava em apuros, você sorria e me ajudava. Nada do que vivemos juntas foi por mim esquecido.
Naomeyinha, assim você me chamava.
Quando decidi deixar a empresa que juntas trabalhávamos e ser ilustradora em tempo integral, lamentamos muito não encontrarmos mais diáriamente. Você lá permaneceu firme e dedicada.
Ficamos longos anos ocupadas com as nossas buscas, ainda assim mantivemos contato que a vida corrida se encarregou em tornar raro. Porém, mesmo longe sabíamos que ambas torcíamos uma pela outra.
Passei anos sem ter notícias suas, mas você esteve sempre nas minhas boas recordações, nas cenas que gosto de relembrar. O seu sorriso sereno e envergonhado, aconchegante e amigo está nítidamente registrado na minha memória.
Mesmo longe, mesmo sem nos encontrarmos, tinha dentro de mim uma grande satisfação pois sabia que a minha amiga estava feliz, casou-se com uma pessoa boa, batalhadora, carinhosa e tinha muito amor por você. Também soube que você teria sido agraciada com três filhos e conhecendo você tão bem, tinha certeza que iria criá-los magnificamente.
Tinha sempre dentro de mim a esperança e o desejo de um dia nos encontrarmos e colocarmos todas as nossas novidades em dia. Duas amigas contando uma para outra o que recebeu da vida.
Mas, numa tarde de domingo, a noticia que recebi mudou os rumos desta minha esperança.
Maria Inês, que você tenha desembarcado no lugar tão lindo quanto o seu coração.

2 comentários:

  1. Essa carta de despedida é uma poesia, quase chorei aqui...

    ResponderExcluir
  2. Diego,
    Mesmo triste com a perda da minha amiga,ver seu nome como meu seguidor e ler seu comentário me deixou muuuuito feliz e com muita saudade.
    Só falta a sua foto!
    Muito obrigada pela sua visita e pelas suas palavras.
    Um grande beijo,
    Naomy.

    ResponderExcluir