quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Essencial.


No bairro onde moro tem, acredito que no seu também tenha.
No meu bairro tem um morador que elegeu as calçadas como a sua residência.
Morador itinerante, cada dia numa calçada, de preferência as mais amplas, ensolaradas, com boas coberturas.
Convidou para acompanhá-lo na sua vida cigana, dois cachorros. Bem tratados, os cachorros têm seu quinhão garantido nos cobertores e nas refeições que dividem igualmente em três partes.
Móveis e utensílios? Guarda-roupas? Não, nada disso é necessário, ele é um homem livre de todos estes instrumentos que fazem volume, obrigando-nos a arcar com espaços maiores e então passarmos a vida pagando aluguéis ou financiamentos imobiliários e valores altos em taxas de condomínios.
Ele parece muito satisfeito com a sua vida, sempre cantando alto, espalhando-se nas calçadas e os cachorros mais felizes ainda, pois têm a companhia constante do seu amigo, dono e rei.
Tudo que eles possuem e carregam pela vida se encaixa num pequeno carrinho de supermercado que possui(não sei de que forma). Dois enormes cobertores e um saco de lixo preto com alguns pertences.
Televisão? Para que ele precisaria de um? Nas ruas ele assiste a movimentação em tempo real, cenas da vida ao vivo em todas as cores, sem interferência da máquina. Rádio? Não, também não precisa, ele canta, canta uma música improvisada, onde ele declama seus sonhos e desabafos.
Observava esta cena enquanto eu aguardava o farol de pedestres me sinalizar passagem.
Uma senhora se aproximou de mim e comentou:
- Como este homem é leve! Eu tenho tanta "bugiganga" na minha casa! Me dá um trabalhão mantê-los!
- Pois é...
Respondi e antes que eu completasse a frase ela tirou as palavras da minha boca.
- Do que realmente nós precisamos para viver? Lógico que não precisaria chegar a imitar este homem,
mas eu tenho certeza que não preciso nem da metade das coisas que eu tenho lá em casa.
- É...
Eu também pensava exatamente sobre isso.
O que realmente é indispensável para nós? O que caberia na nossa mala de viagem se resolvessemos ser andarilhos?
Nos espalhamos tanto egoísticamente pela vida e pela nossa casa que ficamos sem condições de elegermos o que seria absolutamente essencial para a nossa vida e assim vamos acumulando coisas.
Falar sobre o que é materialmente essecial em nossa vida parece difícil. Deixaremos para pensar com mais calma.
E sentimentalmente o que escolheríamos como essencial em nossa vida?
Ah! Isso não me deixa nem um pouco confusa.
Tudo que cabe na minha pequena mala de viagem da vida é:
Amor, Amizade e Fé!

2 comentários:

  1. Olá, quanto tempo!

    Estou aos poucos tentando voltar a minha vida de bloggeira, mas está muito difícil...

    Enfim, li alguns dos seus últimos posts e este me chamou uma atenção especial.
    Realmente as pessoas são materialistas e, algumas vezes, nem percebem isso...
    Talvez eu seja uma dessas pessoas, fútil, que simplesmente não sabe o que carregar e o que não carregar na mala, tentando, no fim das contas, levar tudo nas costas.

    Um beijo. :D

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  2. Beth!
    Que saudade!
    Tenho muita saudade da Elza também!
    Ela é um exemplo de serenidade e conversar com ela me fazia muito bem.
    Volte sim o quanto antes à sua vida de Bloggeira também!
    Você escreve muuuuuito!
    Sei que agora, sendo universitária, não sobra muito tempo, mas para as coisas que gostamos sempre se dá um jeitinho, não é?
    Um grande beijo para você e para sua mãe!

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