sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Por um dia...


Por um dia... ou talvez até por mais gostaria de ser uma "bruxinha".
Vassouras velhas tenho em casa, chapéu e vestido de bruxinha posso até arrumar numa casa de fantasias.
Mas os poderes teriam que ser muito especiais.
Em primeiro lugar teria que me transformar numa bruxinha bem levinha para poder voar com as vassouras velhas de casa. E em segundo lugar... Ah! os poderes, aí é que são elas. A possibilidade de realizar qualquer coisa através da imaginação me deixou agitada com muitas vontades.
Hoje, embarquei nesta fantasia pois encontrei nos meus guardados, folhas destacadas de um pequeno caderno de brochura. Nestas folhas já amareladas pelo tempo, poesias e crônicas que escrevi com muita seriedade durante a minha adolescência. Algumas eu havia escrito em língua japonesa e os temas por mim abordados são muito sérios, porém de uma profundidade equivalente à minha idade na época. Faço um discurso sobre a vida, o amor, até sobre um dia chuvoso e os guarda-chuvas que preenchem as ruas. Ao lê-las, inicialmente tive o ímpeto de rir de mim, mas achei que merecia um certo respeito e me segurei. À medida que fui relendo comecei a perceber que eu já fora mais preocupada com o mundo, mais crítica com o comportamento humano, com idéias mais sisudas do que as que tenho hoje.
Através das palavras escritas notei que eu até sofria com aquelas dúvidas e inseguranças
sobre a vida.
Quanto tempo e sofrimento perdido quando poderia estar aproveitando momentos livres da adolescência, momentos que não possuía grandes responsabilidades. Tive vontade de me sentar ao lado da Naomy adolescente e dar uns bons conselhos.
Bem que eu poderia ser uma bruxinha, ter a fórmula da poção mágica que possibilitasse ir ao encontro comigo mesma, adolescente.
Eu a aconselharia sobre várias coisas, ia falar para relaxar, preocupar-se menos com as coisas, curtir a vida, namorar muito, ler muito, estudar mais sobre artes, literatura, visitar museus e exposições, comer menos porcaria, praticar esportes para não ser uma adulta fora do peso... tantas coisas...
Calculei que através dos meus conselhos eu poderia protegê-la, evitar os percalços da vida. Fechei os olhos e me imaginei conversando com a Naomy adolescente, explicando tudo a ela para que não sofra gratuitamente. Eu falava com tanta boa vontade, cheia de boas intensões...
Mas a Naomy adolescente me olhou com desdém, elevou as sobrancelhas e disse:
- Ah!, me erra, pode deixar que da minha vida cuido eu!







domingo, 24 de janeiro de 2010

Toc, toc!

Toc, toc!
Aguém lá fora bate a porta, alguém chama, tem gente querendo entrar. No mundo em que vivemos hoje, de muita violência e perigo, antes de abrir a porta as pessoas se utilizam de inúmeros recursos para certificar se não correm nenhum risco ao abrí-la. Olho mágico,  uma olhadinha pela varanda e bem distante do visitante pergunta:
- O que é que o senhor quer? ou
- A dona não está! ou
- Não estamos comprando nada!
Assim afasta-se o quanto antes o intruso que poderá abalar
a paz. Afinal, a vida já tem problemas demais e não dá para ficar deixando entrar qualquer pessoa em casa.
E quando alguém bate a porta do nosso coração? Será que é assim que fazemos também? Hoje uma frase passou diante dos meus olhos :
"Abra o seu coração".
A frase não dizia nada além disso. Seria abrir o coração para a amizade? O amor? Uma religião ou seita? Na minha cabeça a frase pegou um rumo. Será que a porta do meu coração está fechada, aberta, escancarada?
Eu adoro conhecer pessoas, fazer novas amizades, cultivo amizades de longos anos, mas posso contar nos dedos de uma mão e meia as pessoas que realmente abro a porta do meu coração. E se tiver mais pessoas batendo para que eu abra a porta? E logo aparece uma voz na minha cabeça:
-Olha, pensa bem. Vai abrindo muito a porta, depois não vai dar conta, lembre-se do que a raposa do "O pequeno príncipe" (Antoine de Saint-Exupéry) disse ao príncipe:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Fico tensa, alerta, mas tento negociar com a voz:
- Calma, me deixa! Acho que posso dar conta de um pouco mais... Quem sabe pelo menos até completar os dedos das duas mãos.
Afinal, não há nada mais essencial que uma amizade. Uma amizade que podemos deixar a porta do nosso coração sem chavear, como nas casas do interior.
Vou ver se tem alguém batendo a porta do meu coração.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Estender a mão para dar, estender a mão para receber.


Estender a mão para dar, estender a mão para receber, qual seria o lado que gostaríamos de estar?
Será que esta questão seria fácil de ser respondida?
A primeira impressão seria de que é muito melhor recebermos, mais cômodo, mais lucrativo, pois aquele que dá está sempre "levando a pior", está sempre doando, perdendo, trabalhando pelos outros...
Será verdade?
Visto de perto, nada é como parece ser. É muito difícil receber, é muito difícil estar na posição de precisar receber. É necessário muita humildade para saber receber, reconhecermos os nossos limites, estar à deriva na vida aguardando a boa vontade das pessoas para receber. Quando se está numa situação em que a única saída é receber, imagino ser o estado mais puro de humildade.
É muito confortável estar na posição de dar, poder dar, sentir que ajudou, como é feliz aquele que pode estender a mão para dar. Vejo situações catastróficas em que recentemente várias partes do Mundo se envolveram, sempre presente os dois lados o que estende a mão para doar e o que estende para receber. Não precisamos pensar muito para respondermos qual lado gostaríamos de estar, basta olharmos para o Mundo para entendermos que se estivermos do lado premiado dos que podem estender a mão para dar devemos agradecer e estendermos firmemente a mão para doar cada vez mais.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O primeiro amor.



Ele chega.
Não existe o talvez.
Com certeza ele chega.
É quase impossível escapar dele.
Tenho observado que ele tem chegado cada vez mais precocemente na vida dos jovens.
"O primeiro amor".
Amor bonito, platônico que faz o coração palpitar intensamente, o rosto pegar fogo, a voz tremer e deixar a nossa cabeça totalmente preenchida com o único nome, único rosto, única imagem. Aquele amor que nos faz escrever diários, poesias e desenhar muitos corações.
Nunca conheci alguém que não tivesse passado por esta experiência. Todos têm uma linda história de amor para contar e eu adoro ouví-las. O primeiro amor é sempre um amor puro, cheio de inseguranças e medos, mas de muita intensidade, onde a única coisa que desejamos é ver a pessoa amada, trocar tímidos sorrisos, ouvir a sua voz nem que seja de longe. Uma pequena descoberta sobre a pessoa já é uma grande conquista. Descobrirmos a data de nascimento, um dado precioso e importantíssimo para conhecermos o seu signo zodiacal e consequentemente verificarmos se somos compatíveis pelas leis da astrologia. Jovens dias são preenchidos com alegrias, sofrimentos mas com muitas recordações. É a única coisa que não se ensina, não se treina nem se escolhe. Somos arrebatados e quando acontece basta vivê-lo para um dia, depois de muitos anos, lembrarmos com carinho os preciosos e ricos momentos da nossa vida. Como é bonito e instigante contemplar os jovens iniciarem a vivência dos seus amores platônicos, a aprendizagem do bem querer. E a roda da vida gira, gira ao encontro do que não se compra, não se negocia e não se obriga.
Amor, a eterna busca e desejo do ser humano!


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Lapidar, aprender, amadurecer.



Arrogância, palavra um tanto assustadora, com certeza negativa, antagonista da palavra humildade, obviamente positiva. Feliz ou infelizmente numa certa altura da vida agimos, na melhor das hipóteses, momentâneamente, com alguma arrogância. Digo feliz ou infelizmente pois para se vivenciar melhor o lado positivo muitas vezes faz-se necessário ter conhecido o negativo e assim vamos nos lapidando como ser humano melhor. Não sou nenhuma autoridade no assunto, portanto não estou autorizada a afirmar, mas tenho a impressão que "arrogância" que os dicionários definem como soberba, atrevimento e orgulho, tem uma relação direta com "imaturidade".
Quando somos jovens ou não tão jovens mas imaturos muitas vezes agimos com uma certa arrogância e impulsividade que só com o amadurecimento através da aprendizagem
conseguimos perceber o quanto já fomos arrogantes na vida e do tanto que pensávamos que sabíamos da vida sem nada saber.
Querer mostrar conhecimentos, não saber apreciar o que o outro tem a nos ensinar, o querer falar mais do que ouvir, o querer ter sempre razão numa discussão penso que estão relacionados com a imaturidade. Se fizermos uma reflexão assumiremos que muitas vezes já agimos assim um dia.
Saber ouvir o outro e mesmo não concordando com a opinião do outro saber respeitar, ouvir calado e manifestar-se apenas quando se é perguntado é uma atitude muitas vezes difícil, se não impossível.
Sempre fui muito falante, também gosto muito de ouvir o outro, mas muitas vezes sem perceber já estava dando a minha opinião sem ter sido perguntada. A ansiedade de me tornar compreendida muitas vezes me transforma em mal educada. Faz parte da minha meta deste ano me lapidar melhor, ser mais ouvinte do que falante. Tentar ser mais madura pois em termos etários já não era sem tempo!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Um homem bom
















Numa das festas de confraternização de 2009 tive o prazer de ouvir palavras que ficaram gravadas no meu coração e levarei comigo para sempre.
Um grande médico, respeitadíssimo, após 42 anos de dedicação total à Ciências Médicas e aos pacientes, estava se aposentando.
Ajudou e salvou uma enorme quantidade de pessoas e preparou inúmeros profissionais que se tornariam excelentes médicos. Homenagens e palavras de pessoas que trabalharam e aprenderam com ele me fizeram perceber claramente o quanto era respeitado e amado. Através das lágrimas que escorriam dos olhos das pessoas que o admiravam e tiveram o prazer de aprender com ele sobre a Medicina, Ciência e a Vida e que se lamentavam pois não teriam mais o prazer do convívio profissional, senti exatamente o que aquele homem significava para aquelas pessoas e para a Medicina.
No seu discurso, com seu modo calmo, humilde, generoso e amoroso agradeceu aos pacientes, amigos e colegas. E entre tantas coisas importantes que o doutor disse ficou uma frase simples mas de uma verdade marcante que me fez refletir e sei que jamais sairá da minha cabeça.
- Para ser um grande médico é preciso acima de tudo ser um homem bom.
Assim ele encerrou suas falas recebendo muitos aplausos e abraços. Naqueles abraços e lágrimas
só existiam sentimentos verdadeiros de gratidão e muito amor. Meus olhos também se encheram de lágrimas de emoção, não o conheci proximamente mas senti no coração a beleza de um ser humano bom. De um ser humano que doou sua vida, sua dedicação para cuidar e salvar o próximo. E todos os seus alunos farão o mesmo pois dele aprenderam a essência da vida e da profissão. Para ser um ótimo profissional é preciso acima de tudo ser um homem bom. É a grande verdade de uma pessoa que presenciou sofrimentos, alegrias, lutas, esperanças, dificuldades e após anos de dedicação e lutas diárias por 42 longos anos era "querido, respeitado e amado" por tantas pessoas.
Sim, este é o verdadeiro significado de "ser uma pessoa bem sucedida" e de uma vida que vale a pena ser vivida. Em qualquer profissão penso que vale o mesmo . Para participarmos como um elo desta corrente chamada "Vida" e fazermos valer a pena nossa existência é preciso sermos seres humanos bons e então tornaremos bons profissionais e tudo se frutificará e a corrente seguirá.

sábado, 2 de janeiro de 2010

2010




Estamos em 2010.
Todo início de ano fazemos mil planos, promessas,
mas o difícil é concretizarmos, perseverarmos.
Para se prometer algo e cumprí-lo é necessário muita disciplina e determinação.
Meu pai que está com 82 anos é uma pessoa disciplinadíssima,
o que se autodetermina cumpre com rigor.
Eu que sou sua filha tenho algumas dificuldades quanto a isso,
sou condescendente comigo mesma e deixo passar, do tipo amanhã eu começo o regime. Fico me perguntando como ele consegue ser tão disciplinado com tudo principalmente nos horários que determina para si. Acorda todos os dias às 5 horas, se exercita até às 6, almoça às 11:30, dorme às 22 horas e assim por diante, todos os dias, domingos e feriados.
Herdei dele as pernas grossas mas no quesito disciplina ...
Quando tenho horário a cumprir com terceiros sou pontual
(ou quase), sou daquelas que telefona quando digo que ligo, não esqueço de nada que prometo aos outros mas quando o compromisso é apenas comigo... Horários então, não consigo ter nenhuma disciplina. Quando estou maluca no meio de projetos de ilustração costumo colocar a culpa na minha profissão de ilustradora e acabo dormindo às 3 ou 4 horas da madrugada, não tenho horário certo para me alimentar, enfim, um desleixo total. Certa vez perguntei ao meu pai como consegue ser assim tão disciplinado consigo mesmo. Ele me respondeu curto e grosso:
- Se quando temos compromisso com terceiros cumprimos com respeito, quando o compromisso é conosco que merecemos respeito de nós mesmos tanto quanto aos outros, devemos cumprir da mesma forma.
Como sempre as respostas do meu pai são praticamente impossíveis de rebater.
Este ano gostaria de ser mais disciplinada, mais zen, menos ansiosa...
Nossa! As metas são intermináveis, quem sabe este ano o meu DNA possa me dar uma forcinha!