Toc, toc!
Aguém lá fora bate a porta, alguém chama, tem gente querendo entrar. No mundo em que vivemos hoje, de muita violência e perigo, antes de abrir a porta as pessoas se utilizam de inúmeros recursos para certificar se não correm nenhum risco ao abrí-la. Olho mágico, uma olhadinha pela varanda e bem distante do visitante pergunta:
- O que é que o senhor quer? ou
- A dona não está! ou
- Não estamos comprando nada!
Assim afasta-se o quanto antes o intruso que poderá abalar
a paz. Afinal, a vida já tem problemas demais e não dá para ficar deixando entrar qualquer pessoa em casa.
E quando alguém bate a porta do nosso coração? Será que é assim que fazemos também? Hoje uma frase passou diante dos meus olhos :
"Abra o seu coração".
A frase não dizia nada além disso. Seria abrir o coração para a amizade? O amor? Uma religião ou seita? Na minha cabeça a frase pegou um rumo. Será que a porta do meu coração está fechada, aberta, escancarada?
Eu adoro conhecer pessoas, fazer novas amizades, cultivo amizades de longos anos, mas posso contar nos dedos de uma mão e meia as pessoas que realmente abro a porta do meu coração. E se tiver mais pessoas batendo para que eu abra a porta? E logo aparece uma voz na minha cabeça:
-Olha, pensa bem. Vai abrindo muito a porta, depois não vai dar conta, lembre-se do que a raposa do "O pequeno príncipe" (Antoine de Saint-Exupéry) disse ao príncipe:
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas".
Fico tensa, alerta, mas tento negociar com a voz:
- Calma, me deixa! Acho que posso dar conta de um pouco mais... Quem sabe pelo menos até completar os dedos das duas mãos.
Afinal, não há nada mais essencial que uma amizade. Uma amizade que podemos deixar a porta do nosso coração sem chavear, como nas casas do interior.
Vou ver se tem alguém batendo a porta do meu coração.
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