quarta-feira, 31 de março de 2010

Ser único.


Uma das melhores coisas ao participar de palestras é o encontro com pessoas interessantes de todas as áreas, não só aquelas que estão com o microfone na mão como também as que se sentam ao seu lado para prestigiar. Numa palestra sobre
"Qualidade de Vida" conheci uma monja budista que recentemente retornara ao Brasil após anos de estudos no Japão. Uma oriental simpática, alta, com a sua cabeça raspada e seus trages de monja sentou-se ao meu lado. Seu sorriso receptivo fazia com que as pessoas a cumprimentassem espontâneamente.
Inclusive eu.
Quando vejo pessoas assim todas as indagações, reflexões sem resposta acumuladas dentro de mim se agitam e me pressionam a aproveitar aquela oportunidade para receber alguma forma de orientação. Principalmente quando conheço pessoas calmas, aparentando sabedoria, vivência e muito conhecimento tenho vontade de escutá-las e aprender com elas ou ainda, se possível fosse, apreender um pouco da sabedoria  até por "osmose".
Sou exatamente o oposto de pessoas que citei acima, sou apressada, curiosíssima, nada calma, ansiosa, falo muito, falo e depois penso, talvez por isso admire tanto as pessoas de modos calmos e tranquilos.
Conversamos sobre muitas coisas, embora o tempo de intervalo da palestra fosse muito curto. Aproveitei esta oportunidade e contei-lhe sobre a angústia que sinto quando muitas vezes tenho dificuldade em responder a algumas indagações dos meus alunos. Alunos que me trazem perguntas difíceis sobre  a falta de oportunidade, de reconhecimento no campo artístico mesmo empenhando-se com toda dedicação e amor
ao trabalho artístico. Sentem-se inconformados ao constatar que outros trabalhos de outros profissionais que considera menos elaborados estejam alcançando reconhecimento quando dele não. Com a sua voz serena e um sorriso suave,  assim ela respondeu:
- O grande problema está na comparação. Antes de qualquer coisa é necessário entendermos
que somos seres únicos, cada um de nós somos capazes de produzirmos trabalhos únicos, exclusivos.
Desse modo, não é possível fazer comparações, fazê-lo é o caminho errado.

Infelizmente foi apenas esta conversa que foi possível neste dia. Mas foi o bastante para o início de muitas reflexões. Não existe e nunca existirá duas pessoas idênticas nem que sejam gêmeos. Cada um tem o seu recado baseado na sua vivência, seu modo de expressar a alegria, o amor, a beleza ou até mesmo sentimentos não tão positivos que gostaria de representar na sua arte. Realmente tentar fazer comparações não pode dar certo é necessário não perdermos tempo olhando para o outro que faz sucesso ou não.
O importante é sentirmos prazer passando a nossa mensagem, a nossa interpretação da vida, sentirmos amor ao produzirmos, criarmos a  nossa arte única e conscientizarmos que se somos capazes de atrair e provocar sentimentos belos no outro a nossa arte também poderá fazer o mesmo.

domingo, 28 de março de 2010

O Som da "União".

Hoje tive o grande prazer de sentir e ouvir o som da "união",  da  disciplina, da perseve- rança  e principalmente o som da "paixão" de  35  jovens
músicos que nos presentearam com momentos singulares de encontro com Mozart e Schubert.
Sob a regência do Maestro Gil Jardim, a Orquestra de Câmara da Universidade de São Paulo - OCAM nos ofereceu  um domingo muito especial no Grande Auditório do MASP- Museu de Arte de São Paulo.
A voz inacreditávelmente bela da soprano
Elizabeth Ratzersdorf ecoou e registrou em nossos ouvidos e no coração, o fruto do talento, do aperfeiçoamento e da dedicação. Dedicação e o treinamento que não vemos, que nem conseguimos dimensionar o tamanho do empenho
que se faz necessário para se chegar a este resultado.
Enquanto apreciava estes momentos únicos pude refletir sobre a beleza da Arte que não precisa de palavras ou não se consegue encontrar palavras para decrevê-las. Basta sentí-las. O turbilhão de emoções que sentimos quando entramos em contato com o "Belo" é  absolutamente idêntico em todas as artes. É o que nos enriquece, nos molda, nos faz pessoas melhores. Ao contemplar cada um dos jovens músicos, ví 35 músicos talentosos que certamente são brilhantes individualmente mas que não se faz necessário destacar-se mais do que outro, com a união do esforço de cada integrante se chega à aquela obra de arte coletiva.
A linda Sinfonia no. 5 de F. Schubert me fez sentir doloridamente a beleza de um artista que deixou como herança para a humanidade estas obras de arte, sem  nunca conhecer nem glórias nem reconhecimento em sua vida tão curta. Eternamente estas obras plantarão e germinarão nos corações da humanidade a adoração pela Arte.

terça-feira, 23 de março de 2010

"Essa mãozinha vai longe" - Editora do Brasil


-Tia Naomy, sabe, este ano vou estudar com um livro que a senhora ilustrou!
O nome do livro é "Essa mãozinha vai longe". É livro de caligrafia!
Com a sua voz terna e um sorriso meigo meu sobrinho contou-me a novidade assim que entrei na sua casa.
-Tia Naomy, eu mostrei para meus amigos, eu disse que a ilustradora deste livro é minha tia! O sobrenome é igual ao meu!
Puxando um pouco o "o" do meu nome Naomy, como ele sempre faz, contou-me animado com um certo orgulho. Tia "corujona" como sou,  fiquei me derretendo de alegria e ao mesmo tempo senti muita gratidão em viver esta situação. Eu desenho, os desenhos viram ilustrações de livros didáticos, os livros são impressos, vendidos e um deles  para na mão do meu amado sobrinho que faz questão de contar aos amigos que aqueles desenhos foram feitos pela tia dele. Fiquei feliz, ele tem orgulho da profissão da tia, se ele não achasse interessante não contaria aos amigos, pensei.
Diante de crianças menores tenho vivido algumas situações interessantes e algumas "saias justas".
Certa vez uma colega de trabalho fez questão de me apresentar ao seu filho que estudava com um livro que ilustrei.
- Olha, filho, esta é a tia que fez os desenhos dos livros que você tem!
Contou ao seu filho, toda animada, minha colega. A reação do seu pequeno filho foi muito inusitado.
Me olhou de lado, olhar desconfiado, entortou o cantinho da sua pequena boca e disse:
- Ah, vai, mentira! O livro quem faz é fábrica!  Não é essa tia, não!
E todas rimos muito e o menino ficou me olhando feio como se estivesse me acusando de "enganadora de crianças".
Numa outra oportunidade, num desses encontros de família, estávamos todos reunidos e novamente surgiu a
minha profissão como assunto do dia. Uma das primas do meu marido disse à sua filha de seis anos:
- Filhinha, essa tia que é a tia Naomy! Lembra desse nome que está na capa do seu livro "O Dedal da Vovó"?
Então, é ela que fez aqueles desenhos!
Todas as atenções se voltaram para mim e para esta pequena garota com um ar de muito viva e inteligente.
Ela me olhou de cima a baixo, me analisou, pensou e deu o seu veredicto:
- Duvido, ela não tem cara de quem desenha aqueles desenhos não.  É mentira!
Nesta altura eu já estava vermelha, com a autoestima em queda livre, com mil dúvidas na cabeça.
-Puxa! Cara de quê eu tenho? Todos dizem que as crianças são sinceras e destemidas, eu, justamente por isso, sempre tenho medo das opiniões que vão sair da boquinha das crianças.
Ela continuou:
-Se você tá dizendo que é verdade, desenha aí que eu quero ver se sabe fazer igualzinho! E ainda ela veio com esta! Nestas alturas alguém já havia providenciado uma caneta e um papel.
Lá fui eu desenhar a vovó do livro citado morrendo de medo que não saísse parecido, pois já fazia muito tempo que eu havia ilustrado o tal livro. Bem, desenhei rapidamente e submetí ao seu parecer.
Ela olhou desconfiada, analisou, pensou, levantou o seu rostinho e disse com um certo ar de superioridade:
- É..., pode ser. Não sei, pode ser...
Crianças, seres maravilhosos que enriquecem e alegram as nossas vidas!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Manual "Como cuidar de idosos" - JICA

 Cada vez que recebo o exemplar de um livro que ilustrei degusto uma sensação muito especial. Digo "especial" pois não consigo encontrar uma palavra que traduza exatamente o que se passa dentro do meu coração e da cabeça. Ao receber o pacote meu coração acelera, fico com um leve medo, uma preocupação do que vou encontrar.
É uma sensação como : "Será que cuidaram bem dos meus filhos?" No decorrer da minha profissão já tive algumas surpresas, boas e ruins. Surpresas em relação às cores, nitidez, qualidade de impressão.
Aqueles desenhos que sairam da minha imaginação, aqueles personagens que criei, dei cor e vida, entreguei para a Editora, que passaram por muitos processos, pelas mãos de muitas pessoas, pelas máquinas e em forma de livro retornaram com outros aromas.
O reencontro com a minha criação me dá saudade e um leve estranhamento, assim como quando os filhos passam as férias na casa dos avós e voltam para casa um pouco diferentes.
Abro o envelope e no primeiro reencontro com a capa um "Oi!".
Sorrio e abraço como se abraça um filho e folheio as páginas, devagar, sempre temerosa com o resultado. Quando fico satisfeita fico rindo à toa, vejo muitas vezes apenas com o coração e depois com a cabeça. O que eu poderia ter feito melhor, a combinação das cores que usei, como poderia melhorar num próximo trabalho.
Passado esta primeira fase fico ansiosa aguardando a hora do meu crítico carinhoso chegar para mostrá-lo e então poder ouvir o "Ah! Ficou legal heim!".
Recebi, recentemente, estes exemplares do "Manual de Como Cuidar de Idosos" que ilustrei para a JICA*-Japan International Cooperation Agency. Um manual produzido por voluntários japoneses visando ajudar e instruir aquelas pessoas que cuidam dos seus idosos queridos e que muitas vezes têm
dúvidas e preocupações se estariam cuidando de maneira correta de uma pessoa idosa com dificuldades de locomoção e movimentação. Foram produzidos em duas versões, em língua portuguesa e japonesa. Foi um trabalho muito interessante de se fazer pois os voluntários são do Japão e sendo assim, os textos e as instruções das ilustrações vieram todos em língua japonesa.
Nestas horas fico muito grata aos meus pais que me ensinaram a língua japonesa desde muito pequena, assim como o gosto pela Literatura, Filmes japoneses e pelo Mangá. Os manuais ficaram muito bons, não foram produzidos pelo esquema de uma Editora mas a qualidade de impressão, diagramação e principalmente o seu conteúdo estão de ótima qualidade.
Parabéns para a JICA por mais esta iniciativa.
*JICA tem funcionado como uma ponte entre o povo japonês e os países em desenvolvimento tendo como objetivo a cooperação internacional através do compartilhamento de conhecimento e experiência na construção de um mundo mais pacífico e próspero.


domingo, 14 de março de 2010

Teatro João Caetano.

Fiquei sabendo através de uma das minhas alunas que a Prefeitura de São Paulo estaria nos presenteando com Vesperais Líricas, espetáculos de Ópera no Olido - Centro de São Paulo e para a minha felicidade, também no Teatro João Caetano na Zona Sul de São Paulo. "Em versão "pocket" com encenações gratuitas em comemoração à 30 anos das Vesperais Líricas. Coordenada pela meio-soprano Eloisa Baldim tem como objetivo, segundo ela, "democratizar" a ópera em São Paulo para possibilitar formar novas platéias e valorizar o trabalho dos artistas nacionais"(extraído da revista "emcartaz"- guia da secretaria Municipal de Cultura-março/2010/no.33).
Estive lá para apreciar Carmen de Bizet. Como profunda admiradora da Arte Cênica, a existência de um Teatro no bairro próximo ao meu onde podemos até ir andando é motivo de orgulho e satisfação muito grande. Teatro João Caetano nos remete à nossa infância e um local que nos traz muitas lembranças alegres e felizes. Quando eu tinha aproximadamente seis anos e não frequentava ainda a escola, pois na época entrávamos na escola pública aos sete anos completos, a minha irmã dois anos mais velha já estudava na Escola Municipal de Ensino Fundamental Jean Mermoz, no bairro da Praça da Árvore Zona Sul de São Paulo.(Na época era uma escola com paredes de madeira)
No final de cada ano as professoras organizavam apresentações teatrais e danças de alunos para famíliares e amigos. A apresentação seria no bonito Teatro João Caetano, local muito chique e novo, na época.
No final do primeiro ano, minha irmã iria participar de uma apresentação de dança com trajes chineses. Eu que não estudava ainda, tinha uma enorme vontade de fazer tudo igual à irmã mais velha, ia em todos os ensaios e sabia de todos os passos de dança e música que seria apresentado. A minha mãe vendo esta minha "inveja" declarada resolveu pelo menos me dar "um gostinho" tirando uma fotografia com os trajes chineses da minha irmã. E eu toda feliz fiz a minha pose para as lentes do meu pai. Já no ano seguinte, quando a minha irmã encerrava o segundo ano a apresentação foi uma dança típica japonesa com
kimono e também eu ia a todos os ensaios e então a professora Dona Isaura consternada com meu interesse acabou me convidando para dançar juntamente com a turma da minha irmã sem ao menos ser estudante ainda daquela escola. Nem preciso dizer a minha alegria e realização em fazer a minha estréia nos palcos do Teatro João Caetano. Naquela época Teatro João Caetano estava tinindo de novo e para nós pequerruchas pareceu um teatro enorme, hoje, quando frequento o local não tem a mesma dimensão que eu sentia naquela época, nem tão novo assim, mas é um local que respiro arte, sinto intimidade, acolhimento, ternura e um sorriso automático nos meus lábios ao relembrar a minha simples mas feliz infância.

Próximos Espetáculos de Ópera no Teatro João Caetano(SP)
Sempre às 19:00hs.
Ingresso distribuído uma hora antes.

Dia 15/04/10: WHERTER, de Massenet.
Dia 13/05/10: LA SERVA PADRONA, de Pergolesi
intermezzo em duas partes.
Dia 17/06/10: CAVALLERIA RUSTICANA, de Mascagni.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Sem medo de voar.


- Naomy, eu tenho medo de desenhar.
Uma aluna nova confessou-me sincera-mente durante a nossa conversa inicial. Uma confissão
assim inesperada me pegou totalmente de surpresa. Olhei para o seu rosto para me certificar se tratava de uma brincadeira ou se falava de coração.Vi nos seus olhos uma sinceridade quase envergonhada demonstrando até uma certa culpa parecendo também um pedido de socorro. Percebi através dos seus gestos uma ansiedade em ouvir a minha resposta.
Precisei de alguns minutos de reflexão para fazer
qualquer tipo de comentário, pois a sua confissão merecia muito respeito e cuidado. O que eu poderia dizer a uma pessoa que me contava o que se passava no íntimo dela? Afinal se ela não ligasse profundamente para esse medo, não se sentisse incomodada com a situação não iria atrás de uma pessoa que pudesse lhe ensinar a desenhar.
E então mais serena, lhe fiz uma pergunta:
- E mesmo assim você gosta de desenhar?
Neste instante o seu rosto e o movimento das suas sobrancelhas demonstraram surpresa, talvez pela sua própria resposta que veio naquele instante na sua mente e ela respondeu pausadamente.
- Si..m...
- Então que tal gostarmos mais ainda dele e não ter medo dele. Quando gostamos de alguém, queremos namorar alguém, gostaríamos de conhecê-lo melhor, aprender mais sobre esse alguém, não é?
- Si...m...
-Preciso te dizer mais alguma coisa? O que você acha da minha proposta?
Depois desta minha resposta ela sorriu e através dele observei que se acalmara como se visse uma luz no fundo do túnel.
Mas aquela confissão é a mesma de muitas pessoas que tem a arte como ofício, inclusive a minha própria. Ao desenharmos estamos registrando a nossa alma, as nossas emoções sobre um papel imaculado. Estamos nos expondo principalmente para nós mesmos.
Tudo que temos de bom e de ruim dentro de nós parece transparecer através dos nosso traços e cores. E como é difícil constatarmos quem realmente somos, em qual estágio de amadurecimento estamos naquele momento. Por isso sinto que é tão importante chegar ao aluno com amor, oferecendo apoio, encorajando-o e principalmente incentivando-o a respeitar o seu próprio desenho esteja em que estágio estiver. Mostrar a eles que eles podem mais, muito mais se desenhar com amor e capricho através do carinho. Que eles podem voar sem medo ao encontro do crescimento e amadurecimento artístico. Parece jocoso e piegas escrever sobre isso mas não tenho vergonha de confessar que eu tenho muito amor pelos meus alunos. Não sou candidata a nada, nem preciso adular, apenas não tenho vergonha de confidenciar o meu amor sincero pelos meus alunos, o meu desejo de vê-los todos felizes e plenos com as suas artes e o que eu puder ajudá-los para mostrar os caminhos e as quebradas para chegar onde eles almejam chegar, estarei sempre aqui em terra, firme e forte.

quinta-feira, 4 de março de 2010

Você me ama?


- Você me ama?
Quantas vezes repetimos esta mesma pergunta à pessoa amada?
Insegu-
rança? Nem sempre. Gostamos do som destas palavras e mais ainda do som das respostas, principalmente do que ela provoca nos nossos corações.
- É claro que eu te amo!
Outras vezes apenas três palavras
- Eu te amo!
Com que intensidade estas palavras, vindas da pessoa amada, nos preenchem, nos acarinham e nos fortalecem. Porém, uma resposta aparentemente simples às vezes pode ser muito difícil de se conseguir, não porque não somos correspondidas, mas porque existem várias personalidades masculinas que não se entregam tão fácilmente.
- Ah, você já sabe a resposta!
Ou os mais desconfiados:
- Pra que você quer saber?
Ou ainda, os mais irônicos e brincalhões:
- Já te falei esta semana, tá bom, vou deixar um saldo para semana que vem, marca aí:
eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo, eu te amo.
Frequentemente estas várias facetas se concentram em úma única pessoa, mas por fim sempre acabamos conseguindo o nosso intento de ouvir o som inebriante " Eu te amo" e assim os nossos corações se inundam de calor e felicidade.
O amor, como o vinho, com o passar do tempo amadurece e se aprimora.
Longos anos juntos iniciam-se outras fases do amor quando então passamos a dispensar palavras e apenas com olhares nos comunicamos e captamos o desejo e o amor do outro.
O silêncio passa a dar lugar à possibilidade de ouvirmos através dos olhos e do coração.
Com um único olhar percebemos quando ele quer um carinho ou que coce as suas costas ou com um olhar e o coração eles passam a perceber quando desejamos uma massagem nos ombros ou um forte abraço.
E dentro dos seus olhos e do seu longo abraço, sem palavras, sentimos através do sorriso carinhoso e do seu calor o quanto somos amadas.








segunda-feira, 1 de março de 2010

Quando meu coração palpita e sou feliz.


O que seria da nossa vida se não existisse a alegria e o prazer de contem-
plar o belo?
O que faríamos com as nossas emoções se não existisse a "Arte"?
Como conter aquela nossa imensa vontade de aplaudir, de gritar "Bravo!!!" ?
Quando as nossas lágrimas de emoção teriam a sua vez?
Não consigo nem ao menos imaginar como seria a minha vida sem teatro, sem música, sem cinema, sem desenho, sem literatura. Não, não poderia ser feliz.
No último sábado, já sentada na poltrona da terceira fileira do Teatro do SESI- SP- Centro Cultural Fiesp- Sala Ruth Cardoso, enquanto aguardava o espetáculo "O Capote" iniciar, eu estava muito feliz. Assim como todas as vezes que aguardo pelo início de um filme, show, concerto, ao abrir um livro, meu coração palpitava . Enquanto lia e folheava o programa da peça eu agradecia por esta possibilidade de ter acesso a um espetáculo baseado na obra literária de Nikolai Gogol , "The Overcoat" (O Capote), através da Cia de Teatro Britânica Gecko. Ao desligar o celular e ouvir a campainha que anunciava o início do espetáculo fui envolvida pelo clima e a energia contangiante dos atores. Foram 75 minutos de envolvimento, reflexão, humor e contemplação da arte de representar onde a linguagem de várias origens e o desconhecimento de algumas delas não nos impediu de forma alguma, não só compreendemos como sentimos na pele a angústia, a dor e a vivência do personagem Akaki. Toda plástica visual do cenário, iluminação, maravilhosos.
Teatro, o grande prazer da vida!