sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Apoio

Após citar no artigo anterior sobre a possibilidade da falta de apoio na escolha da profissão de desenhista fiquei refletindo sobre o tamanho da importância do apoio familiar. Evidentemente para aqueles que desejam intensamente ou como muitos dizem, recebem um chamado para uma certa profissão, mais cedo ou mais tarde chegarão onde se quer. Eu nasci e cresci numa família onde se respirava artes. Não era pecado gastar tempo desenhando, lendo ou escrevendo, muito pelo contrário, tínhamos muito incentivo para tal. Apenas não tínhamos uma situação financeira que podíamos esbanjar, então encontrávamos saídas para manter acesa a nossa vontade de desenhar e ler. Papéis de embrulho eram disputados acirradamente por mim e minha irmã, desamassados cuidadosamente e tudo dividido para as duas. Lápis, usávamos até sumir, quando viravam toquinhos minha mãe enrolava um papelão e colava com um pedaço de fita adesiva no lápis, como um extensor.
Nunca me esqueço do dia em que um amigo do meu pai, sabendo da nossa compulsão pelos papéis, nos presenteou com uma enorme quantidade de papel de embrulho. Moedas e trocados eram guardados para a compra de livros. Aniversários e Natais, os presentes eram sempre livros. Minha mãe sempre fazia questão de tecer comentários a respeito dos nossos desenhos, tanto críticas como elogios.
Fico pensando na solidão e no sofrimento das pessoas que enfrentam a falta de apoio e incentivo para o que se deseja fazer. Muitos dirão que encontrarão na dificuldade uma força maior para ultrapassar as barreiras da vida. Até posso concordar mas ainda penso que nós seres humanos, necessitamos de compreensão, de alguém que segure a nossa mão, que possamos contar o que nos emociona, compartilharmos a alegria ao concluirmos um projeto, sentirmos o calor no coração, sermos felizes para produzirmos algo que também faça bem para o próximo.

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