segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

A humildade de ser humilde

Uma certa vez recebi a visita de um rapaz de modos calmos, olhar pacífico, voz suave. Trazia carinhosamente em seus braços uma pasta. Seus braços evidenciavam o quanto gostava de artes. Praticamente seu corpo era uma galeria de arte. Com o seu jeito humilde disse que gostaria de conversar comigo sobre as aulas que eu poderia lhe oferecer. Eu o convidei a sentar e perguntei qual seria o seu interesse, hobby ou profissão? Ele me respondeu o que o seu corpo já evidenciava, era tatuador e gostaria de aperfeiçoar-se nos desenhos. Desconfiei que aquela pasta poderia conter seus trabalhos e pedi para que me mostrasse. Tímidamente abriu a sua pasta e me apresentou fotografias de desenhos e tatuagens que havia criado para seus clientes. Eram fenomenais. Enquanto pensava com os meus botões sobre o que ele estaria procurando e se eu teria o que lhe acrescentar como orientação, fui folheando a sua pasta, observando cuidadosamente os seus desenhos no que se refere a estrutura e finalização. Uma ou outra coisa poderia ser melhorado mas nada que fosse muito grave. E então lhe falei o que pareceu uma surpresa para ele. - Eu sinceramente acho que os seus desenhos são muito bons e não sei se tenho ainda muita coisa que possa te orientar. Eu gostaria de saber o que você ainda sente que falta nos seus desenhos? Ele me olhou e disse: - Não, eu quero aprender tudo do início. Eu ainda insisti - Talvez eu possa te mostrar algumas coisas que poderiam ser melhoradas mas seriam poucas coisas. E ele disse - Por favor, eu gostaria de aprender. E assim ele fez, desde o início, desenhando desenhos bem básicos e seguiu melhorando ainda mais, ouvia sempre atentamente todas as minhas sugestões e críticas e transformava em ação. E mais uma vez aprendi como a humildade enobrece e faz a pessoa engrandecer cada vez mais. Portanto, o célebre "Espelho, espelho meu, existe alguém... " não enobrece nem constrói, apenas paraliza os próprios passos.

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