domingo, 18 de dezembro de 2011

Feliz Natal!

Feliz Natal!
Todos os anos faço planos, imagino que este ano farei diferente.
Sinto que estou mantendo a serenidade pensando que não irei enlouquecer fazendo compras, não me desgastarei diante do fogão e que ficarei apenas refletindo sobre o real sentido de Natal.
Ao passar pelo Shopping Center finjo que não estou preocupada e mesmo que eu faça compras vou
manter a calma, não derramarei sequer uma gota de suor disputando numerações de roupas com outras heroínas.
Porém... Ao aproximar a véspera de Natal começo a me sentir incomodada ao constatar que tenho uma considerável quantidade de pessoas que amo e que gostaria de demonstrar o quanto sou grata pela amizade, carinho e dedicação que têm me proporcionado. Ainda assim, tentando manter a serenidade começo a fazer lista destas pessoas e verifico que não são nada poucas... Passo a contar os dias e as horas que poderei dedicar para as compras e divido pela quantidade de pessoas. Vejo que preciso correr, ainda devo levar em consideração que quanto mais os dias se esgotam nada acharei nas lojas pois as consumidoras são espertas, rápidas e endinheiradas.
Mais uma vez começo a sair da minha tranquilidade, penso nisso o dia todo, é preciso incluir o prazo de entrega de Correios para pessoa de outra cidade e sem querer começo a me descabelar, ainda resisto fingindo que está tudo bem, presentes são apenas símbolos materiais. Irei às festas de mãos abanando,
direi que este ano não tive tempo ou que estou muito pobre...
Apenas crianças devem ser poupadas desta falta, para elas darei um jeito...
Sei que por dentro me sentirei ridícula e triste pois eu mesma não me convencerei disto.
Se eu fosse mais organizada, se eu planejasse antes não era preciso me descabelar e frequentar Shopping Center ou lojas lotadas. Mas sou mais uma destas pessoas que deixo para ultima hora, talvez eu ainda não saiba mas desconfio que gosto desta bagunça, desta movimentação, deste corre-corre atrás de  presentes para não esquecer de ninguém.
Adoro o sorriso dos amigos quando eles abrem o pacote e me dizem:
-Nossa! É exatamente o livro que eu estava querendo!
ou
-Que lindo! A-do-rei!
Tenho certeza de que uma simples lembrancinha não representa nem um milésimo do quanto sou grata à todas estas pessoas da minha lista, mas quero dizer através destes mimos que lembro-me sempre de você, rezo sempre por você, sou muito feliz por poder lembrar de você!
Então devo correr! Devo suar sim!
Enquanto eu desenhava este cartão de Natal fiquei imaginando como seria maravilhoso se eu pudesse
empacotar e presentear todo meu sentimento, meu desejo e meu agradecimento.
Eu sei, não posso, mas desenhar eu consigo.

Feliz Natal, Amigos Leitores e Amigos Seguidores 
que me fizeram sentir que tudo é tão próximo!
Muito obrigada pelo carinho e amizade, desejo que tenham 
um lindo Dia de Natal e um 2012 de muitas novidades agradáveis 
e que possamos continuar sempre juntos, no coração!

sábado, 10 de dezembro de 2011

Ver para crer ou imaginar para sonhar... (2/2)

Quando chegamos a este Mundo e carregamos dentro da bagagem
o dom da imaginação aguçada, estamos desembarcando num território
muito, mas muito maior do que qualquer dimensão mensurável.
A imaginação amplia qualquer situação permitindo-nos sentir,
observar, visualizar e concluir muito além do que aparenta a realidade.
É um jogo que deve ser apreciado ludicamente com total ciência de algumas regras.
Do contrário, pode ser decepcionante, dilacerante e danoso.
Como define o nosso grande dicionário "Aurélio ":
" Construir ou conceber na imaginação é o mesmo que fantasiar,
idear, inventar, supor, presumir, conjeturar..."
Pois é... a regra é clara, imaginação é uma fantasia...
Com a sorte de um ganhador de loteria,  poderá até coincidir com a realidade?
Talvez sim, talvez não...
Bem, tendo a noção de que assim como temos a liberdade de imaginar temos em igual proporção a de constatar não ser real, então, imaginar fica por nossa conta e risco.
Como eu escrevi na minha postagem anterior, imaginação é uma coisa que me persegue desde a minha mais tenra idade, muitas vezes ela me diverte mas outras também me assusta, me induz ao erro para melhor ou para o pior.
Quando enfrento situações nunca antes vividas, minha imaginação cria monstros e fantasmas assustadores me fazendo sofrer por dias e quando chega a derradeira realidade constato que muito perdi me descabelando por antecipação. Em outras situações mais divertidas, gosto de imaginar personalidades, vozes, gestos de pessoas que conheço apenas por fotografias e é claro raramente minhas imaginações casam-se com a realidade quando as encontro.


Uma moça do nosso convívio casou-se com um moço que conheceu através de cartas e fotografias.
Cada um no seu país, muitas cartas enviadas, um imaginando sobre o outro apenas através de palavras românticas escritas sobre o papel e de algumas fotos.
Conheceram-se pessoalmente com o casamento já marcado.
É claro que personagens de carne e osso foram muito distantes do que as palavras representavam e do que cada um imaginou.
Não que fosse pior ou melhor, apenas diferentes.
Casaram-se e vivem felizes por longos anos.
Familiares curiosos que tiveram acesso às cartas acharam muito engraçado que aquelas palavras adocicadas tenham sido escritas por aquele rapaz tão pragmático, tão distante do que haviam imaginado.
Gosto de pensar que as pessoas não são apenas aquelas que se apresentam, temos várias facetas que vivem escondidos dentro de nós e que dependendo da ocasião elas se apresentam, nos momentos íntimos, da conquista, da fragilidade, da arrogância, da fortaleza, da paixão e do amor.
Frequentemente acabamos por nos surpreender ao constatar facetas de nós mesmos que não havíamos imaginado possuir, às vezes boas, outras ruins, vergonhosas ou até heroicas.
Presumo então que não será a imaginação o culpado.
Ver para crer pode ser necessário, mas a imaginação amplia o nosso mundo,
tempera nossas vidas, faz pulsar nossos corações e é por isso que não consigo me livrar deste vício:
"Imaginar para Sonhar!" .

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Ver para crer ou imaginar para sonhar... (2/1)

Uma imagem, um desenho, uma fotografia, apesar de estáticos, através dos textos elas se personalizam, vidas se emergem. Textos revelam-se vozes.
Dentro da minha imaginação croquis e fotografias se movem, sobrancelhas, bocas, olhos, andares se caracterizam.
Hábito meu da infância até hoje.
Figuras com cabeça em formato de bolinha, corpo, uma linha longa, braços e pernas de linhas curtas para mim possuíam vidas.
Personagens frágeis tinham nomes, personalidades, famílias.
Eles choravam, riam, ficavam bravos e eu a cada traço me alegrava ou sofria solidária.
Mais tarde quando meus desenhos passaram a criar mais formas e volumes passei então a sofisticar essa "loucura" segundo muitos, começando a emprestar minha voz personificando-os melhor.
Bastava desenhar o rosto, enquanto desenhava o resto do corpo eles já começavam a falar através de mim.
Não havia nenhuma loucura nisso, para mim, uma vez criadas elas ocupavam seus lugares neste mundo, ou seja, no meu pequeno mundo infantil. Frequentemente meus pais vinham ver com quem eu estava falando, tamanha era a minha sofisticação criando muitos timbres de vozes de acordo com cada personagem por mim criada.
Também passei a conversar com bonecas e responder por elas sem nunca imaginar que isto não seria "normal" até que...Namorado, amigos passaram a me ver como psicótica, infantilizada, começaram então
a estranhar e ao perceber isto, eu que não sou boba fui me recolhendo à dita "normalidade".
Hoje, ainda continuo a mesma, apenas fiquei mais esperta, me organizei a praticar isto apenas quando estou só.
Opa, estava me esquecendo de citar as flores que retribuem às minhas conversas me envolvendo com
suaves aromas em sinal de amizade.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Blog do Akira.

Entre tantos Blogs que tenho o prazer de visitar, o "Blog do Akira" 
é um dos que me proporcionam ter contato com as mais variadas emoções.
A cada leitura são tantos os sentimentos que se agitam dentro de mim que seria
impossível enumerá-los em uma única postagem.
Resolvi então expor as minhas primeiras impressões ao ler o Perfil do Akira.
Como percebe-se pelo nome, descendente de japoneses, assim como eu.
Conceitos pré-determinados ou reais, o fato é que na minha trajetória,
muitas vezes ouvi os seguintes comentários :

-Nossa, você, apesar de ser nissei é extrovertida!

ou ainda:

- Você é japonesinha mas fala alto, expõe seus sentimentos sem problemas.

Não sei precisar quanto aos dados estatístico ou se realmente os orientais são mais contidos no que diz respeito a desnudar o que se passa no seu íntimo. Seriam mais introvertidos, reservados ou tímidos?
Mas ao conhecer o "Blog do Akira" o que me encheu de admiração foi de como ele expõe seus sentimentos abertamente. Com hombridade declara o seu amor pela sua esposa Sueli de uma maneira linda, direta e sincera sem disfarces nem subterfúgios. Um casal maduro, parceiros na vida, na luta, um amor que resistiu inabalável assim como no primeiro encontro.
Assim ele faz também ao expor escancaradamente seu amor pelos filhos, amigos, trabalho, sua comunidade, sua alegria e a sua dor descrevendo seus sentimentos, coreografando palavras de tal forma que nos possibilita vivenciar emoções fazendo de nós cúmplices na alegria e na tristeza.
Por que teríamos receio de expor nossos sentimentos?
Somos todos vulneráveis às emoções, viver não seria acumular sentimentos?
Sofrer, alegrar, amar, iludir, decepcionar, apaixonar!
É tudo que possuímos na vida.
Eu admiro  e acredito na generosidade dos que compartilham vivências nos ensinando emoções.
Preciosidades da Vida!

domingo, 6 de novembro de 2011

Razões para escrever...

Visitando o Blog do Wilson Marques onde ele escreve a sua contribuição para a divulgação e recomendação de livros interessei-me especialmente pela postagem do dia 02 de novembro de 2011 que apresenta o livro "Crônicas de Papel - Razões para gostar de ler" de Januária Cristina Alves (Mercuryo Jovem).
Confesso que fiquei bastante curiosa ao ler a sinopse do livro que expõe a questão:
"Onde uma pessoa sem razões para ler pode encontrar cem razões para ler?
O tema levou-me a refletir também sobre as razões, que temos, dentro de nós, para escrever.
- Por que  escrevemos? Por que escrevemos no Blog?  Nada ganhamos para isto... alguns dirão.
Motivos são infindáveis, um prazer, um desabafo, uma necessidade, uma contribuição de divulgação cultural, enfim um meio de comunicação onde pessoas se encontram através de palavras e imagens.
Só posso responder por mim e mesmo assim fiz uma pausa para pensar melhor sobre as razões que me acendem a  vontade de escrever.
Entre tantas coisas que fazemos por obrigação e necessidade, temos poucas que fazemos apenas e simplesmente pelo prazer.
Devo-me considerar feliz pois tenho duas coisas que tenho um imenso prazer ao fazê-lo, desenhar e escrever.
Dois prazeres que me acompanham desde a minha infância. Tenho guardado comigo ainda, dissertações
e poesias escritas por mim na infância e algumas até em língua japonesa. Não é nehuma obra literária, mas  representam o registro dos meus sentimentos, meus anseios e esperanças. E quando as leio encontro comigo criança, adolescente, adulta e entro em contato com as minhas idéias, como eu sentia a vida em cada época da minha vida.
Arrisco-me então a concluir que o prazer que sinto ao escrever está ligado a esta possibilidade fantástica de comunicação, do encontro com as pessoas e principalmente comigo. O prazer de me comunicar, expor meus sentimentos às pessoas que talvez tenham vivenciado os mesmos sentimentos que vivi e vivo.. Escrevendo começamos a nos entender, a assumir quem realmente somos e que muitas vezes enquanto não formatamos nossos sentimentos e experiências vividas em palavras não nos encontramos.
Então temos sim, inúmeras razões para escrever e mais outras mil razões para ler, pois assim como a sinopse do livro citado acima relata, para escrever é preciso ler.


quarta-feira, 26 de outubro de 2011

"Mãe, já é Natal?"

Dona de casa é coisa séria.
Querendo ou não, quase todos os dias acabamos por visitar o supermercado
e o pior, sempre há o que comprar.
É um sabão aqui, uma salsinha ali e vamos deixando lá o nosso dinheirinho.
No mês de setembro em uma destas via crucis no supermercado,
deparei-me com uma enorme montanha formada por caixas de "Panetone".
A minha primeira reação foi:

- Ué! Passaram a comer panetone o ano todo?

Logo percebi que não, faltando ainda quatro meses até o Natal, era mais uma das estratégias comerciais ávidas para seduzir o consumidor fazendo com que comecemos a nos empanturrar com a guloseima cada vez mais cedo.
Fui tomada por uma sensação desagradável, aquela que sentimos quando alguém nos apressa, nos encurrala, nos obriga a andar mais depressa, sem permitir que desfrutemos cada coisa a seu tempo.
Enquanto, revoltada, conversava sobre isso com os meus botões, uma voz meiga característica das crianças, ecoou atrás de mim como uma canção:

- MÃÃÃE, já é Natal? OOOObaaaaa!

Um menino lindo de aproximadamente cinco anos, encontrava-se estático diante da montanha de panetones reluzindo brilhos nos seus olhos! Dentro deles eu podia até ver a alegria e o sonho que o Natal representava  para ele.
Talvez ele ainda nem soubesse o real significado do Natal, talvez associasse esta data com presentes, ou quem sabe estaria se lembrando das festas de família, do aroma de uma mesa repleta de comida boa, dos abraços, das brincadeiras, das alegrias de um dia de Natal.
A mãe dele sorriu olhando para mim e disse:

- Quaaaase, ainda vai demoraaar...

Mas a esta altura ele parecia já nem ouvir, estava sim envolvido totalmente em suas imaginações felizes.
Provávelmente daqui por diante irá atormentar sua mãe e de tempos em tempos repetirá a mesma pergunta, ansioso à espera do Natal. Afinal, já existem panetones à venda nos supermercados!
Ter presenciado a alegria do menino olhando para a pilha de panetones fez-me um pouco em paz com o departamento comercial que apressa-nos a consumir o quanto antes os alimentos típicos das festividades.
Para tudo existem dois lados, pensei. A mulher (eu) que se irritou com a pilha de panetones me sentindo pressionada a pensar, antes do tempo, sobre o final do ano que se aproxima e o menino que só via coisas felizes nesta mesma cena.
Tudo bem, se a montanha de panetones anunciando o Natal que chegará apenas daqui a quatro meses
faz uma criança feliz recheando a sua imaginação de esperança, alegria e a certeza do amor que virá,
vou olhar para ela com outros olhos, apenas não cairei na tentação de levar um para minha casa, afinal
tenho mil outras prioridades antes do Natal chegar.
Obrigada, menino de olhos bonitos! Feliz espera pelo Natal!

domingo, 16 de outubro de 2011

O Sorriso.

Dia das Crianças é um dia que presenteamos as crianças
e somos presenteados por elas
com alegria e sorrisos sonoros!
Sorrisos  são constituídos de muitos ingredientes:
30% de alegria
30% de energia
30% de inocência
30% de traquinagem
50% de Amor
Conta errada?
Totaliza-se mais do que 100%?
Claro, o sorriso de uma criança é muito mais do que um simples sorriso.
Cada vez que tenho o prazer da companhia dos meus sobrinhos, observo que o sorriso deles representam muito mais que palavras!
Quando estamos todos juntos, brincando em família o que mais me proporciona prazer
é de vê-los explodindo de alegria.
Eles dão tanta risada sonora com o rosto, com as mãos, pernas  e o corpo inteiro
que podemos sentir o quanto estão felizes.
Se estou com alguma nuvem escura na minha cabeça, só de vê-los,
brincar com eles, minhas energias são repostas.
 Basta olhar para o rostinho puro, meigo, carinhoso deles,
onde só existem alegria e empolgação
 que dissipam-se qualquer pessimismo ou preocupação.
O sorriso é o melhor presente que podemos oferecer a alguém,
nele estará todos os sentimentos nobres como bem querer, afeto, carinho e amor.
Sorrisos sinceros não se fabricam, pode até existir quem consiga produzir,
 mas basta olharmos com o coração para diferenciar
um sorriso verdadeiro e do falso.
Penso que a vantagem de acrescentarmos anos a mais
em nossas vidas é o olhar, a visão experiente que vamos adquirindo
capacitando-nos em detectar sentimentos verdadeiros.
Sentimentos são infinitos, graus variados, mas a janela da nossa alma
onde tudo transparece e tudo se registra, não se engana.
No olhar das crianças, nas janelas da alma que possuem são tão limpas,
tão verdadeiras que a cada sorriso de uma criança somos transportados para
o Mundo Encantado da Felicidade.
Crianças, o Tesouro mais Nobre e Singular das nossas Vidas!

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

FELIZ DIA DAS CRIANÇAS!


À todas as crianças do Mundo,

     MUITO OBRIGADA pelo SORRISO,
                                                  pela    ALEGRIA,
                                                      pela    CURIOSIDADE,
                                                             pela       VIVACIDADE,
                                                                     pela       PUREZA  DA ALMA,
                                                              
                             e principalmente   pelo AMOR  E  A FELICIDADE
                                  que vocês nos proporcionam a cada minuto
                                                           da VIDA!

                                                             Naomy

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

A primeira vez.

A primeira vez que sózinha meus passos dei, não me lembro, infelizmente
A primeira vez que senti soltar a mão materna, insegura fiquei
A primeira vez que peguei ao volante, liberdade ganhei
A primeira vez que a paixão me tomou, viva me senti
A primeira vez que vivi o Amor, tive certeza, para sempre seria
A primeira vez que sózinha a porta abri, fragilidade me envolveu
A primeira vez que atravessei a porta comigo apenas, me fez fortaleza
A primeira vez que compreendi a grandeza do verdadeiro amor, me fez plena
A primeira vez que percebi a magia de existir a primeira vez ainda, entendi a maravilha do VIVER.

domingo, 2 de outubro de 2011

A mina da felicidade.

- Que saco! Não entendo! Por que é que todo mundo resolve fazer compras na hora do almoço!

Uma voz estridente tirou minha concentração. Eu que estava com o pensamento totalmente envolvido em meus problemas diários, percebi que havia uma pessoa bem mais irritada do que eu na fila.
Que susto! Virei-me para conhecer a dona da voz.
Era uma senhora volumosa, vestida elegantemente, no pescoço muitos enfeites dourados. Exibia as maçãs do rosto avermelhadas, sobrancelhas arqueadas defendendo aos brados sua ideologia que podia se resumir em: 
"Para não me atrapalharem, ninguém, além de mim, deve utilizar-se do supermercado em hora de almoço!"
Olhou para mim arqueando ainda mais suas sobrancelhas como se aguardasse aplausos ou como se fosse me agredir caso eu não concordasse ao seu discurso.
Preferi não engatar o assunto parecia fora de si, fiz "cara de samambaia" e voltei aos meus pensamentos.
Fila de supermercado é um local interessante onde tudo pode acontecer, desde conhecermos pessoas, ganharmos amigas, ouvir sobre tragédias domésticas, sofrimentos amorosos, dicas de cozinha, indicações de viagens, restaurantes para ir e para não ir... E principalmente  para entrar em contato com as  peculiaridades humanas.
Bem, começando por mim, o meu comportamento numa fila é :
Sou aquela que em dias de bom humor converso, faço amizade, dou risada, mas nos dias menos felizes fico inquieta, ansiosa, não falo e a cada segundo fico contando quantas pessoas ainda faltam na minha frente. Olho a todo instante para o caixa como se isso fosse ajudar a acelerar o processo.
Existem aqueles que cantam, contam piadas, discutem futebol defendendo seus times de coração, dividem seus problemas, enfim é onde pode-se ouvir e ser ouvido. Porém, quando as pessoas se perdem nas inconveniências destoando seu tom de voz, a maioria se assusta e prefere ignorar ou existe também aqueles que são contaminados passando a agir da mesma forma.
Mas a senhora volumosa não encontrou simpatizantes. Todos a ignoraram e ela ficou falando sózinha por muito tempo e olha, ela foi insistente:

-Que saco, estou perdendo todo o meu horário de almoço numa fila de supermercado! Que absurdo!Pessoas que tem tempo livre, que não tem horário de almoço apertado como eu, que venham mais tarde! Que droga! Que saco!

Ela estava perdendo completamente a noção do bom senso.
Poderá existir uma pessoa que realmente acredite nisso?
Permanecer na fila, por si só já não é uma situação agradável, pior ainda é aguentar berros de pessoas inconvenientes. É demais !. Estava se tornando sufocante ouvir aquela voz fina e estridente falando absurdos. Me sentia como se estivesse num deserto sob o sol escaldante, desesperadamente à procura de água.
E ela veio!
A água veio pela voz suave e alegre da moça do caixa que de tão feliz parecia nem se dar conta do escândalo que a figura volumosa estava fazendo na fila.

- Ai, estou tão feliz! Olha que sol lindo que está fazendo hoje, gente! Antes de sair para trabalhar, lavei todas as minhas roupas e deixei penduradinho no varal! Quando eu chegar, vai estar tudo sequinho! Vai estar tudo cheirando sol!

Que coisa deliciosa de se ouvir!
Parecia que eu podia até sentir o aroma do sol nas roupas limpinhas!

- Onde você mora?

Perguntei a ela sorrindo, contagiada pela alegria dela.

- Ah, é muito longe, a senhora não deve conhecer não, tomo duas conduções e ando mais tantos!
Chego lá bem de noitinha! Mas tudo bem, hoje as minhas roupas estão salvas! Ah, se estão!

E riu, uma risada gostosa de uma pessoa que estava realmente se sentindo contemplada pela vida.
Achei-a tão digna, tão merecedora deste sol maravilhoso, deste presente que Deus a enviava!
Era um contraste tão grande entre a amargura da senhora da fila e a alegria da moça do caixa que pude perceber nítidamente onde se encontra a mina da felicidade.
Já com as minhas compras devidamente ensacadas, falei.

- Tchau! Um ótimo dia pra você!

A moça do caixa respondeu com um sorriso mais especial ainda:

- Já éstá sendo! Já está sendo! Tchau! Vai com Deus!
-Obrigada, sei que você já está com Ele!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Imagens que sobrevivem ao tempo.

Recentemente recebi um email que me fez muito feliz e satisfeita.
A remetente, uma moça do Rio Grande do Sul, me enviava palavras amorosas e gentis citando um livro que ilustrei há muitos anos, "Buraco de Formiga, Buraco de Tatu", história de Lúcia Pimentel Góes - Editora do Brasil.
Ela me contou que possuia o livro desde o jardim da infância até hoje e que as ilustrações haviam-na inspirado muito, passando a ser decisiva na escolha da sua profissão, hoje, ilustradora pubicitária.
Mesmo já trabalhando como publicitária disse ter vontade de se estender profissionalmente como ilustradora de livros e me pedia algumas dicas para se iniciar, anexando seu Blog.
Logo em seguida visitei seu blog e achei seus desenhos muito interessantes, criativos e com personalidade.
Enquanto respondia seu email com algumas orientações não pude deixar de perceber que eu estava respondendo um email para uma moça adulta que me contava ter um livro ilustrado por mim desde a sua vida no jardim da infância. É...O tempo passa mais rápido do que a nossa vontade almeja.
Tudo bem, pois o mais importante disso tudo era  o fato de ter tido a oportunidade de me comunicar através dos anos com alguém, pelas ilustrações. E isto é tudo que me encanta!
Alguém que mora tão distante de mim, alguém que dificilmente teria conhecido
não fosse através do livro.
Um livro que foi conservado por tantos anos ao lado dela e que influenciou-a na escolha da sua profissão.
Que felicidade a minha tomar conhecimento disso.
Como eu imaginaria que depois de tanto tempo receberia um feedback, uma mensagem simpática e gentil  me contando esta história.
Livros e imagens sobrevivem ao tempo, não terminam.
Criam correntes que um dia, quando menos esperamos somos contempladas com notícas boas como esta.
Desejo do fundo do meu coração que Mariana seja tão feliz quanto eu quando estou ilustrando.


quinta-feira, 15 de setembro de 2011

Ter coragem para acreditar.

Desde o dia em que iniciei o meu FotoBlog  " Milagres Diários - Mainiti no Kiseki"  passei também a me dedicar em fotografar. Meu passatempo tem sido contemplar a natureza ou tudo de belo que nos privilegia com a sua existência.
Indiscutívelmente, a grande maioria das coisas mais belas, encontramos na natureza.
Pura, sem artifícios reinam exibindo toda a sua beleza e majestade.
O que de artificial poderia concorrer com a magnitude de uma floresta, de uma flor, de uma montanha,
do mar e dos bichos que nelas habitam?
É uma concorrência desleal.
O que me deixa mais pensativa é constatar que vivi por tantos anos olhando sem ver.
Sem contemplar como se deve.
A riqueza das cores, variedades, formas, nuances, tons e volumes que a natureza ostenta.
- É daí, o que há de novidade nisso?
Acredito que muitos não entenderão as minhas mais óbvias descobertas.
Olhando os meus registros recentes da natureza em forma de fotografias,
comecei a me interrogar e a cada pergunta indignava mais e mais com a minha falta.
Não, não quero ser fichada como uma pessoa aérea, desligada ou sem concentração.
Eu acreditava ser uma pessoa observadora ou assim pensava ser e vejo que me enganei.
Quantas coisas eu ainda estaria deixando de "ver" nesta vida?
Sinto também que entre as lindas flores, folhas e montanhas há também outros seres que respiram como nós, mas que não enxergamos.
É muito complicado falarmos sobre seres que não vemos pois lembro-me que uma certa ocasião, uma pessoa famosa do meio artístico afirmou acreditar na existencia de duendes e foi então o centro de comentários e gozações.
Bem, não sou famosa, não sou formadora de opinião, concluo que posso me arriscar e dizer que eu gostaria muito de acreditar na existência de gnomos, duendes e fadas.
Na verdade, quando estou entre as flores, sempre procuro por eles desejosa
de ter a capacidade e a sorte de um dia vê-los.
Pensando nisso lembrei das viagens que eu costumava fazer à cidade de Monte Verde(MG).
Na avenida principal da pequena e agradável cidade, onde o cheiro de lenhas sendo queimadas,
ora para preparo de refeições, ora para aquecer às lareiras perfumavam agradávelmente a cidade,
havia uma interessante loja de lembranças.
Por mais que eu me esforce, minha memória insiste em me deixar na mão e não consigo me recordar
do nome da loja.
Uma casa de estilo alpino, paredes de madeira pintada com tintas pretas e  telhados vermelhos chamou a nossa atenção. Ao entrarmos no recinto percebemos que era uma loja com uma energia diferente.
O mistério se fazia presente em todos os cantos. Uma senhora sorridente maquiada acentuadamente recebeu-nos com simpatia. Reparei que não havia tantas coisas para se vender. Alguns sabonetes e pedras. Pedras pintadas graciosamente expostas longe do alcance das mãos do cliente, sobre as prateleiras atrás do balcão.  Embora muito singelas aguçou minha curiosidade.
Adorei aquilo e fiquei contemplando-as.
Logo a senhora se aproximou de mim dizendo:
- Olhe bem para elas, terá uma que chamará a sua atenção mais especialmente. Olhe com calma.
Imediatamente uma delas com o desenho quase primitivista de uma vista da cidade me cativou. O desenho que me chamou atenção era de uma floresta e no meio dela muitas casinhas de telhados vermelhos sob o céu intensamente azul.
- A segunda da direita para esquerda!
Falei com entusiasmo e certeza.
A senhora de olhares penetrantes sorriu e pegou delicadamente a pedra que indiquei. Ao trazê-la para perto de mim, virou a pedra e mostrou-me o símbolo que havia do outro lado do desenho.
Com carinho disse:
- É o símbolo "terra"! Ela te escolheu. É o que falta em você e ela te complementará.
Adorei este clima de mistério e de fantasia. Aproveitei para conversar com a senhora enquanto minha irmã e a minha amiga escolhiam as suas.
Ela me contou que quando criança e morava na Europa, brincava o dia inteiro entre as florestas e que lá ela sempre encontrava com gnomos.
-Que máximo! Encontrar gnomos!
Me explicou como eles eram, os seus tamanhos e disse que embora aqui muitos não acreditassem, no seu país era uma coisa habitual. Ela parecia ter certeza do que falava.
Achei fantástico, isso explicava aquela energia diferente que pairava na loja e ao redor dessa senhora. Lembro que eu fui tomada por uma enorme vontade de também ter o prazer de encontrar com um gnomo.
Estratégia de vendas? História para enganar clientes?
Não, nestes assuntos não quero ser pragmática, quero acreditar, quero ter coragem de acreditar novamente no fantástico.
Ainda hoje, cada vez que adentro pelas florestas procuro por eles.
Um dia acabo tendo a sorte e o prazer de encontrá-los!

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Gentileza。

Ao pararmos diante do farol vermelho, percebi que o motorista do automóvel ao lado gesticulava intensamente chamando a nossa atenção. Entardecer de um domingo chuvoso no centro velho da cidade, muitas estórias ouvidas sobre perigos nos faróis, janelas totalmente fechadas, confesso que hesitei um pouquinho. Porém, logo observei que era alguém pedindo uma informação. Quantas vezes não estivemos nessa situação?
Abri minha janela discretamente para que a chuva não me atingisse e como se isso fosse me proteger de alguma forma do perigo.
O motorista do carro gritou:
- Por favor, eu estou perdido, não sou daqui, preciso chegar
   na Av. Nove de Julho. Pode me informar?
Eu que sou absolutamente ignorante no que se refere às ruas do centro da cidade, automaticamente olhei para o lado esquerdo, meu herói ao volante que tudo sabe em matéria de ruas e quebradas.
Imediatamente ele enumerou uma dúzia de ruas, mão e contramão, "direitas e esquerdas" que o homem deveria seguir.
Isto falado quase aos berros pois o barulho da chuva impedia a boa transmissão de sons.
Pela maneira que o homem franziu sua testa demonstrando desânimo, percebemos que estava mais confuso do que antes. Neste momento o farol nos pressionou com o seu "verde".
Estávamos bem longe da Av. Nove de Julho, com certeza o homem iria se perder.
-Vem atrás de nós! Nós deixamos o senhor lá.
Gritamos.
Enquanto o conduzíamos pelos meandros do centro da cidade, nós dois, mesmo em silêncio, tínhamos em nossa memória e no coração, o inesquecível dia em  que fomos assolados por um temporal no meio da estrada que leva à cidade de Assis. Também era entardecer, numa estrada sem acostamento, mão dupla e sem ilha central, estávamos sem nenhuma visão. A chuva batia intensamente e assustadoramente sobre os vidros do carro. Foram momentos desesperadores pois não enxergávamos absolutamente nada.
Para-brisas movimentando-se loucamente para a direita e para a esquerda, nada adiantavam.
Deveríamos estacionar? Mas onde? Nem ao menos podíamos ver se havia carro na frente ou atrás.
Seguir? A verdade é que estávamos entre a cruz e a espada.
De repente um vulto enorme, um caminhão baú com todas as suas luzes acesas e sinalizando
seu pisca-pisca, foi posicionando devagar na frente do nosso carro e como uma mão divina que pega nas nossas mãos, conduziu-nos devagar e com carinho, até a cidade de Assis. Fomos seguindo orientado apenas pelo farol traseiro do caminhão, única coisa que podíamos ver.
Quando o caminhoneiro teve certeza de que estávamos seguros estacionado em um posto de gasolina, ele acenou com a sua deliciosa buzina e seguiu seu caminho.
Nós também buzinamos, com o coração cheio de gratidão para aquele ser humano que nunca saberemos seu nome, seu rosto, mas iremos sempre lembrar, agradecer e imitar.
Sempre que for necessário iremos fazer o mesmo que ele fez por nós, uma lição desse caminhoneiro bondoso que estendeu a sua mão para nos socorrer, apenas por humanidade, proteger, garantindo a segurança de seus semelhantes.
Enquanto eu aquecia meu coração com estas recordações já havíamos chegado na Av. Nove de Julho.
Abri a janela. A chuva já dava trégua, indiquei a placa da rua e acenei com a mão, o homem sorriu e empinou seu polegar. Buzinamos em sinal de despedida e o motorista  nos retribuiu buzinando várias vezes em sinal de agradecimento.
Enquanto fazíamos o retorno para voltarmos ao nosso caminho,
perguntei ao meu mestre de ruas da cidade:
-Você se lembra do caminhoneiro de Assis?
Ele respondeu:
-Eu estava exatamente pensando nele.
Jamais esquecemos uma gentileza recebida.
Gentileza constroi gentileza.

sábado, 20 de agosto de 2011

100...


Centésima postagem...
A cada postagem coisas do fundo do meu coração, que muitas vezes meu próprio racional desconhece, se mostram.
Ao escrever, tenho a sensação de que esboça-se um pouco quem sou.
Dias seguidos pensei sobre o que escreveria nesta postagem número 100.
Após concluir 99 observações, confissões e desabafos o que eu teria mais para compartilhar?
E de repente, a suave voz do meu coração disse-me baixinho:

- Ei! Preste atenção! Quando você se entrega à reflexão para poder escrever, você vai se formando.
  Coisas nebulosas até mesmo para você se tornam mais visíveis.
  Você tem apenas 100 coisas para refletir, dizer e concluir?
  Tem noção da quantidade de oportunidades que você viveu?
  E as tantas pessoas que você conheceu através deste espaço? 
  Quando você teria se comunicado tanto assim com pessoas de várias partes do Brasil e até de outros continentes?

Fiquei ao mesmo tempo envergonhada e emocionada.
Realmente...
Sou muito feliz quando escrevo, sinto-me em paz quando desenho.
Faço com muito amor, com muito prazer.
Como anda o meu patrimônio maior, minhas emoções, meu coração que está além das veias?
Seria necessário realizar um Balanço?
Ao assinar meu Balancete conclui que só há Receitas. Despesas não existem.
Hoje percebi, nesta centésima postagem, que acabei de descobrir o segredo de uma empresa próspera e gratificante!
Uma empresa onde só existem ganhos!
Como poderia acontecer tal façanha?
Simplesmente utilizando-se de antigas estratégias, exatamente aquelas utilizadas pelas nossas mães e avós...
Estratégia 1 : "Fazer com Amor"!
Estratégia 2 : "Fazer por Prazer"!
Quando fazemos apenas por amor, quando o objetivo único é nos proporcionar satisfação, só existem ganhos.
E quando estes ganhos chamam-se "Amor e Amizade" a cotação será elevada ao infinito...
Hoje estou me sentindo muito próspera ao postar esta centésima postagem
e tenho certeza de que vontade não me faltará para mais cem.
Muito agradecida à todas as palavras gentis dos carinhosos visitantes e seguidores amigos!

domingo, 14 de agosto de 2011

Feliz Dia dos Pais.


Pai, "Feliz Dia dos Pais!"
Por quantos anos já escrevi e ainda escrevo, sobre um cartão,
esta frase rodeado de corações, flores e estrelas.
Para uma criança, presentear o pai com o desenho de um coração
é a representação máxima do amor que queremos entregar.
Flores são o símbolo do que há de mais belo.
Estrela, pois o estúdio fotográfico do meu pai se chamava
"FOTO ESTRELA".
O que podemos oferecer para aquela pessoa que sempre foi
o nosso protetor, orientador e mesmo
quando as idéias não se compatibilizavam
tivemos e temos a segurança de discutir e brigar pois
temos consciência do seu amor por nós.
Tudo que se compra nunca representará
nem um milésimo ao cubo
do que queremos agradecer
e demosntrar o nosso amor.
Palavras não existem para exprimir o que se chama Amor.
Amor que foi cultivado por tantos anos de companheirismo,
de cuidado e de proteção mútua.
Não é possível descrever a dimensão do amor que sentimos por um pai.
O possível é estar perto dele, cuidá-lo, acompanhá-lo,
trocar idéias, até discutir é permitido 
defendendo a minha ideologia e ele a dele, 
 demonstrá-lo que nada mudou,
que ainda somos aquele pai e filha de tantos anos atrás.

Pai, eu te amo.
Obrigada por ser meu pai.
Feliz Dia dos Pais!

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

1a.FELIT - SBC - FNLIJ


Hoje foi o dia da minha participação na FELIT (Feira Literária)- São Bernardo do Campo a convite do FNLIJ- Fundação Nacional do Livro Infanto Juvenil.
Já faz algum tempo que não me via numa situação assim.
Desenhar diante de um espaço lotado de crianças, sobre um papel gigantesco e com o tempo marcado para encerrar. Uma situação muito diferente do meu cotidiano de uma ilustradora. Quando trabalho no meu atelier-quartinho, fico sózinha, muito à vontade, trabalho sobre a minha mesa, num papel não tão grande ao som de uma música. Rabisco, rabisco até esquentar a idéia, erro, arrumo sem que ninguém me veja e no final todos vêem apenas aquela ilustração prontinha.
Na apresentação do Performance do Ilustrador desenhamos em pé, num painel na vertical, bem maior do que a minha altura. Atrás de mim muitas crianças, com seus olhinhos brilhantes, à espera do desenho que sairá das minhas mãos. É um desafio interessante,  um tanto tenso, mas muito proveitoso. Enquanto desenhamos as crianças vão fazendo perguntas e isto vai nos deixando mais à vontade. Crianças são sempre muito graciosas e também surpreendem com perguntas interessantes que muitas vezes nunca havíamos pensado a respeito. São também muito generosos e gentis, fazem questão de nos transmitir que estão gostando muito, que está ficando bonito.
No final quando foram comunicados que a apresentação já estava encerrando, muitas crianças ficaram ansiosos querendo fazer perguntas e também faziam questão de me contar o que sentiram.
Cada palavrinha destas lindas crianças absorvi, com gratidão, em forma de energia,  me deixando feliz e com vontade de desenhar cada vez mais.
Ao encerrarmos, uma menina miudinha que a sua altura batia na minha cintura (e olha que sou muito baixinha), chegou correndo perto de mim, olhou carinhosamente, me abraçou forte e assim permaneceu um tempão sem  nada dizer, olhou novamente e com um sorriso meigo disse baixinho:
-Obrigada!
Nossa! Que delícia!
Eu é que devo agradecer muito por tanto carinho destas crianças fofas!
Muito obrigada por vocês existirem!



quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Essencial.


No bairro onde moro tem, acredito que no seu também tenha.
No meu bairro tem um morador que elegeu as calçadas como a sua residência.
Morador itinerante, cada dia numa calçada, de preferência as mais amplas, ensolaradas, com boas coberturas.
Convidou para acompanhá-lo na sua vida cigana, dois cachorros. Bem tratados, os cachorros têm seu quinhão garantido nos cobertores e nas refeições que dividem igualmente em três partes.
Móveis e utensílios? Guarda-roupas? Não, nada disso é necessário, ele é um homem livre de todos estes instrumentos que fazem volume, obrigando-nos a arcar com espaços maiores e então passarmos a vida pagando aluguéis ou financiamentos imobiliários e valores altos em taxas de condomínios.
Ele parece muito satisfeito com a sua vida, sempre cantando alto, espalhando-se nas calçadas e os cachorros mais felizes ainda, pois têm a companhia constante do seu amigo, dono e rei.
Tudo que eles possuem e carregam pela vida se encaixa num pequeno carrinho de supermercado que possui(não sei de que forma). Dois enormes cobertores e um saco de lixo preto com alguns pertences.
Televisão? Para que ele precisaria de um? Nas ruas ele assiste a movimentação em tempo real, cenas da vida ao vivo em todas as cores, sem interferência da máquina. Rádio? Não, também não precisa, ele canta, canta uma música improvisada, onde ele declama seus sonhos e desabafos.
Observava esta cena enquanto eu aguardava o farol de pedestres me sinalizar passagem.
Uma senhora se aproximou de mim e comentou:
- Como este homem é leve! Eu tenho tanta "bugiganga" na minha casa! Me dá um trabalhão mantê-los!
- Pois é...
Respondi e antes que eu completasse a frase ela tirou as palavras da minha boca.
- Do que realmente nós precisamos para viver? Lógico que não precisaria chegar a imitar este homem,
mas eu tenho certeza que não preciso nem da metade das coisas que eu tenho lá em casa.
- É...
Eu também pensava exatamente sobre isso.
O que realmente é indispensável para nós? O que caberia na nossa mala de viagem se resolvessemos ser andarilhos?
Nos espalhamos tanto egoísticamente pela vida e pela nossa casa que ficamos sem condições de elegermos o que seria absolutamente essencial para a nossa vida e assim vamos acumulando coisas.
Falar sobre o que é materialmente essecial em nossa vida parece difícil. Deixaremos para pensar com mais calma.
E sentimentalmente o que escolheríamos como essencial em nossa vida?
Ah! Isso não me deixa nem um pouco confusa.
Tudo que cabe na minha pequena mala de viagem da vida é:
Amor, Amizade e Fé!

terça-feira, 26 de julho de 2011

O que você vai ser quando crescer?

É uma pergunta que desde a nossa infância cansamos de ouvir.
Cansamos?
Nem tanto, era até divertido responder a estas perguntas.
Sabíamos o que significava crescer? Hummm... Acho que não.
Crescer, para mim, era apenas crescer de tamanho e ficar com o rosto de adulto.
Me tornar uma pessoa alta, adulta, bonita e maquiada, poder calçar sapatos de salto alto, carregar uma bolsa cheia de coisas de moça, batom, pó de arroz, espelho, pente, documentos e principalmente talão de cheque com caneta bem chique! Não que eu tivesse consciência da necessidade material e do poder financeiro, apenas achava muito elegante preencher um cheque, destacá-lo do talão e entregar a alguém.
Isso era tudo que eu tinha conhecimento sobre crescer. Afinal não se conta detalhadamente a uma criança que quando crescer será necessário adquirir responsabilidade, criar discernimento para entender o que é ser politicamente correto e incorreto, saber tomar decisões, ter maturidade para custear sua própria independência financeira e ainda uma infinidade de coisas que são necessárias para vencer cada etapa da vida e então chegarmos a ser uma pessoa dita "crescida".
Na minha imaginação infantil, milagrosamente ou através de uma varinha mágica, quando crescesse
e tornasse adulto, estaria naturalmente empregada num bom emprego. Como aquela instituição bancária que ficava perto da minha casa. Sentada na praça, passava minhas tardes contemplando as moças que lá trabalhavam e no horário de almoço descansavam na praça. Admirava aquelas moças vestidas com saias justas, camisas alvas, colar no pescoço, sapatos de salto alto e bico fino, cabelos bem penteados, maquiadas com muito lápis e rímel nos olhos e bocas bem marcadas com batons vermelhos. Nem sequer imaginava como era o trabalho delas, sabia apenas que quando eu ia ao banco com meu pai, elas recebiam dinheiro e carimbavam muitos papéis. Parecia ser muito divertido passar o dia carimbando papéis!
E então eu  decidia que quando crescesse seria uma bancária!
Na escola, admirava minha professora, tão cheirosa, tão elegante, tão bem vestida, inteligente e tão amorosa! Eu adorava a Dona Nazareth, minha professora!
Então eu decidia que quando eu crescesse seria professora!
Quando ia nas consultas médicas, ficava encantada com as médicas vestidas com o avental branco e reluzente, estetoscópio pendurado no pescoço, assim como adorava as enfermeiras tão boazinhas que me enchiam de carinho. E então eu ficava dividida entre ser médica ou enfermeira.
Apenas não me lembro de um dia ter repondido a alguém que quando crescesse seria desenhista. Mesmo sendo criança, talvez eu tivesse a sensação de que trabalho não era diversão e desenho para mim era o prazer máximo!
Naquela época, apenas após terminadas as obrigações podíamos nos entregar ao prazer de desenhar e assim, desenhar ficou sendo para mim aquele momento que merecemos usufruir após concluir tarefas obrigatórias como estudar, fazer as lições de casa e ajudar nos trabalhos domésticos.
Ao som de uma linda música e me entregando nesta ilustração, minha cabeça se divertia recordando estas
coisas da infância. Pois bem, estou aqui, crescida, adulta e continuo desenhando e pintando-o com lápis de cor, exatamente como fazia quando criança. Não uso saias justas, nem sapatos de saltos muito altos,
me maquio apenas com moderação, mas o melhor de tudo é que ainda desenho todos os dias, tal qual quando criança!
E se por acaso alguém me perguntar o que eu ainda gostaria de ser, eu tenho a resposta na ponta da língua.
Eu gostaria de ser violinista e fazer parte de uma orquestra!
Ah! E se esse alguém for o mago da lâmpada e me conceder a possibilidade de fazer mais pedidos, gostaria de ser também bem bonita, magra e de cabelos esvoaçantes exatamente como a moça da minha ilustração.
Não custa nada sonhar!


segunda-feira, 18 de julho de 2011

Vida no Campo.

Sempre sonhei em morar no campo. Nascida na capital de São Paulo, numa casa de frente à uma Praça, onde hoje abriga uma estação do metrô, almejava um dia ter o privilégio de morar numa casa de terra batida, onde os cachorros, gatos e outros animais circulassem livremente pela casa e nos arredores.
Quando estudante universitária, tinha uma inveja boa(se é que isto existe) das minhas amigas e amigos que voltavam para suas casas no interior, deste ou de outros estados. Eu que tinha a sorte de ter a família sempre junto a mim, ficava praticamente órfã de amigos nos feriados e finais de semana. Todos os meus amigos voltavam ansiosamente para suas famílias em Penápolis, Duartina, Presidente Prudente, Guararapes, Araraquara, Jacareí, Londrina, Bandeirantes, Coronel Procópio, Assis, Itapetininga, Irapuru, Bauru, São Simão,  e tantas outras...
Meus amigos condoídos com a minha inveja e com medo dela, muitas vezes me convidavam para viajar junto com eles, o que eu aceitava prontamente para ter o prazer de passar alguns dias no interior e desfrutar da simplicidade, da calmaria e da rica vida junto à natureza.
Chegando lá nada me segurava na cama, de manhã madrugava, após o almoço colocava minha roupa de "estar relax" e saía para dar a minha voltinha na cidade enquanto meus amigos tiravam a "sesta" após as refeições. Eu não iria perder meu tempo dormindo numa cidade do interior. Era a minha diversão, fazer de conta que era a filha daquela cidade e que estava de volta. Mas a primeira pessoa que passava por mim após um cumprimento gostoso do interior, perguntava:
-Oi! Ocê num é daqui, né? Tá na casa dos quem?
Eu ficava frustrada sem saber o que fiz para ser descoberta, será possível que todos da cidade conheciam todos os membros da cidade?
- Como a senhora sabe que não sou daqui?
Eu perguntava, e elas respondiam imediatamente.
-Ah, menina, só o pessoal da cidade grande que anda com a bolsa aqui nas redondezas!
E olha, tem mais, ninguém anda assim apressada como ocê depois do almoço não.
Se ocê andar correndo assim logo já saiu da cidade, menina.
Puxa! Que furo! Ficava com raiva da minha caipirice da cidade!
Eu ria muito com as explicações das pessoas e aproveitava para sentar nos bancos da praça e ficar "proseando" com o pessoal.
Quando voltava para casa das minhas amigas, elas já estavam acordadas e preparando uma "merenda" que geralmente era um doce de frutas colhidas no pé, bolinho de milho, cuzcuz, tudo muito caseiro e delicioso!
-Naomy, depois mais tarde, agente vai levar você pra conhecer a sorveteria da cidade!
Eu ficava eufórica e ia correndo me arrumar toda! Minhas amigas lotavam o carro com amigos, namorados
e íamaos para a tal sorveteria. Mas...Sem ao menos completarmos um quarteirão eles me falavam:
-Pronto pode descer, chegamos!
E eu assustada :
- Ué ? Como assim? Já chegamos? Então por que viemos de carro?
Todos riam da minha caipirice da cidade.
- Naomy, você não percebeu que aqui tudo é pertinho? Agente está brincando com você.
Depois que você se assustou com o pé de jaboticaba, pensando que a árvore estava com catapora, agente resolveu fazer graça com você! Você é muito engraçada!
E todos se divertiam pois achavam graça da minha ignorância.

Continuo morando na minha querida cidade grande, continuo andando apressada, comendo com pressa, não connsegui realizar ainda a minha vontade de morar no campo, sentar num toco de árvore, colher frutas no pé, falar devagar, comer devagar, tirar uma sesta após o almoço, desenhar sob a sombra de uma árvore, caminhar devagar e sem bolsa...
Tudo bem, continuo mantendo acesa esta minha vontade.
Enquanto não realizo este meu projeto de vida, encontrei nos meus guardados estas ilustrações que provam como eu driblava esta minha vontade: idealizando e desenhando como seria a minha vida no campo.
Quem sabe um dia...






quinta-feira, 14 de julho de 2011

Para Ver a Banda Tocar- Música em Cena - SESI - SP - Banda Sinfônica do Estado de São Paulo

Nascida e vivendo aqui, nesta querida cidade de São Paulo,
amo-a cada vez mais.
São Paulo não tem praia, muitos dirão. Não faz mal, temos outras praias de opções.
Talvez muitos gostariam de elucidar os problemas de uma cidade grande.
Não podemos negar, como toda grande metrópole temos problemas sim.
Mas e as tantas oportunidades que somos contempladas justamente por ser uma grande metrópole?
Estive presente ontem, em mais um maravilhoso Concerto da Série "Para Ver a Banda Tocar", dentro da programação mensal do "Música em Cena" - SESI São Paulo, onde somos presenteados com uma hora de apresentação capaz de mexer com todas as nossas emoções, e o melhor, gratuitamente.
No clímax da obra do brasileiro Hudson Nogueira " Rapsódia No. 1 para Trombone"  com o solista Marcelo da Silva, foi impossível segurar minha emoção que se transformou em gotas esvaindo-se pelo canto dos meus olhos. Que sensação maravilhosa sentir a arte com todas as veias que temos em nosso corpo... Hudson Nogueira presente na platéia, recebeu muitos aplausos merecidamente.
Fico ainda especialmente feliz e admirada com a faixa etária tão eclética da platéia. Crianças de seus 5 anos de idade até 100, embelezam a platéia.  Os pequenos, muito graciosamente, se comportam com muita educação, sem sequer reclamar ou levantar a voz, apenas ocupam um terço da poltrona com os seus corpinhos minúsculos. Olhos atentos, fixos e curiosos se concentram no palco parecendo entender perfeitamente tudo que o grande e simpático Maestro Marcos Sadao Shirakawa faz questão de explicar didáticamente, apresentando os instrumentos, a programação do dia e os seus compositores.
A programação deste mês de julho homenageou além do brasileiro Hudson Nogueira, os compositores americanos Leonard Bernstein, Alfred Reed, James Swearingen e John Williams.
Fico ainda mais comovida com a "Canja Sinfônica" quando o maestro convida pessoas da platéia que tenham interesse em participar de uma das apresentações do concerto integrando-se à Banda, tendo assim a oportunidade de viver uma experiência juntamente com os músicos profissionais. É muito bonito ver os jovens adolescentes, embora tímidamente, tocando seus instrumentos lado a lado com os experientes músicos. A apresentação de ontem contou também com a presença de um grupo de jovens da
 Escola do Auditório Ibirapuera de São Paulo .
A apresentação do mês de Julho se encerrou com tema do filme "Star Wars Trilogy" que a platéia aplaudiu incansávelmente com corações em êxtase. Cada vez que assisto à estas apresentações conheço lá pessoas de várias partes do Brasil que vêm especialmente para apreciar todos os eventos culturais oferecidos em nossa cidade.
Realmente, em São Paulo só não aproveitamos de todas as formas de manifestação Artística, por opção, pois oportunidades é que não faltam.
Desfrutemos!

domingo, 3 de julho de 2011

Como vão vocês?

Tenho em minhas mãos um antigo álbum. Na capa, uma paisagem bucólica. Aquele tipo de álbum onde os amigos dedicam mensagens. Existirá ainda nos tempos de hoje, este costume? Ao abrí-lo, meus amigos de infância invadem meu coração e fico cheia de saudade...
Iris, como está você? Imagino que continua linda, segura e altiva.
Marinho, lembra-se que para minha sorte, você, o mais inteligente da turma, estudava no período da tarde e sempre fazia as provas antes de mim? Eu que estudava no período noturno, quando chegava para as aulas, você estava lá, me esperando no portão e me dava toques e dicas sobre a prova. Obrigada pela sua amizade e generosidade.
Lenira, tenho uma saudade imensa de você, minha fiel escudeira e confidente, era quase uma amiga-mãe.
Eiji, você sempre brigava comigo, mas hoje sei que era o seu jeito de chamar atenção. Está tudo certo.
Edna, querida amiga, mais centrada, mais adulta do que eu , sempre tão paciente comigo...
Você se lembra que o seu irmãozinho me chamava de "Nahomem"? Era muito engraçado.
Hermes, lembro bem do seu rosto, do seu andar gingado, até da sua camiseta. Obrigada  pelas lindas recordações.
Nanci, onde estará você, amiga que dividíamos a carteira dupla. Minúscula mas com seus grandes olhos fixos nos livros, sempre mais determinada do que eu.
Roberto, amor da minha adolescência. Você nem sequer imaginava isso, me tratava com carinho de irmão mais velho.
Antonio, hoje não ligo mais pela caneta que não quis me devolver.
Ah! E pelo meu estojo vermelho com desenho de Monte Fuji também.
Já passou.
Lourdes, sua letra continua bonita? Seus cabelos continuam sedosos e compridos?
Luiz, você sempre foi um garoto legal, sorridente, simpático e de convívio fácil. Encontrei outro dia com a sua mãe. Ela caminhava com dificuldade... Sabia que ela não se lembraria de mim, mas mesmo assim fui falar com ela, queria muito saber de você.
Ela me contou com pesar que você está morando longe, mas dedicando-se à um trabalho bonito. Achei que tinha o seu jeito, combina com você. Fiquei feliz.
Lúcia, lembra-se que ficávamos conversando até altas horas da noite na esquina da escola? Se fossemos para a rua da direita era a minha casa, para esquerda, a sua. Sob o poste de luz que nos iluminava, conversávamos, rindo, falando dos nossos sentimentos. Tempos que não tinhamos medo de ficar até tarde nas ruas. Você também, assim como eu gostava de desenhar e era muito boa nisso.
Mamoru, como está você? Era muito divertido ir ao cinema no seu fusca branco, carro lotado de amigos, se fosse nos dias atuais chamaríamos de "galera". Você era mais adulto que nós, mas muito divertido!
Muito obrigada pela sua proteção.
Quando me lembro de todos estes e mais tantos outros amigos de infância, estão sempre sorrindo. Lembro-me apenas dos rostos sorridentes, não faço propositalmente, mas são estes rostos que me vêm à cabeça.
Tantos anos correram pelas nossas vidas, tantas coisas boas e não tão boas nos surpreenderam. Inúmeras pessoas conheci depois de vocês, tantas amizades ganhei, mas ainda assim não esqueço jamais do sorriso, da voz, do jeitinho de cada um de vocês. E estes momentos ainda têm o poder de aquecer meu coração.
Onde estarão todos?
Como vão vocês?
Eu estou bem.
Com saudade de todos vocês.
Desejo do fundo do meu coração que todos estejam ainda com aquele sorriso leve e jovial nos seus rostos. Com saúde, amor e cheia de esperança nos corações, assim como tínhamos naquela época!

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Pequenas alegrias, grandes descobertas.

Após criar meu Foto Blog, tenho me despertado para algumas coisas que há muito havia me esquecido.
"O olhar infantil".
Quando atravessamos pela porta de entrada da vida adulta, deixamos para trás as pequenas coisas que realmente nos mostram os sinais de vida que estão presentes no nosso dia a dia, mas que deixamos de observar. Uma plantinha que emerge com coragem no meio de tantas outras, mas que é única. Um tronco de árvore que conhece o mundo há muito mais tempo do que qualquer ser humano, uma paisagem que reflete sobre a água, uma linda flor que sequer conhecemos seu nome, mas assim como nós, respira o mesmo ar, presenças muitas vezes tão efêmeras que convivem conosco no nosso planeta.
Não possuo técnica alguma, muito menos nenhuma máquina fotográfica especial. Tenho sim uma máquina sem grandes recursos, daquelas que qualquer criança é capaz de fotografar, basta apertar e está registrada. Quando vou a algum jardim ou parque para fotografar, fico me sentindo um tanto quanto intimidada pois geralmente nestes lugares reúnem-se fotógrafos profissionais ou não profissionais, mas que possuem máquinas profissionais com lentes especiais, teleobjetivas como aquelas que os "paparazzis" se utilizam.
Passo por eles tímidamente, escondendo a minha singela máquina, tentando observar as marcas e os modelos que eles possuem para quando, quem sabe, talvez, um certo dia, por alguma obra do destino me tornar rica, poder comprá-las. O mais importante é que o ato de fotografar tem me despertado para recordar como era natural nos tempos de criança a nossa aguçada curiosidade. Crianças conseguem reparar nas várias formas de vida que embora estejam ao nosso redor passamos em branco, pois o tempo urge, o tempo é dinheiro, temos importantes missões a cumprir do que ficarmos olhando para plantinhas, formiguinhas e pedrinhas. A criança não, ela é capaz de interromper qualquer coisa para observar uma nova plantinha que está crescendo, uma formiga que carrega uma folha, uma borboleta que se mistura entre as folhagens. E como elas são felizes! Sempre colecionando descobertas, admirando tudo que se movem, que exalam aromas e emitem sons. Aprendem a encontrar beleza em qualquer ambiente que para os adultos parecem ser homogêneos. Tudo igual. Não, para elas nada é igual, cada vida, cada situação, uma nova descoberta. Para criança qualquer caixote vira diversão, risos e euforia, qualquer pedaço de corda representam répteis, um saco de lixo, fantasmas, um monte de meias velhas enroladas, uma bola de futebol!
Não vivemos sempre à procura da felicidade?
Onde foi se esconder a nossa poderosa capacidade de imaginação que resultavam de observação e criatividade? Treinamos tanto para nos tornarmos adultos, podemos treinar para voltarmos um pouco a ser criança? Descobrir que podemos contemplar muitas belezas e alegrias ainda não observadas e degustarmos a imensa alegria de viver, mesmo com a minha pacata mas fiel máquina fotográfica.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Euforia

Todos os dias tudo caminha normal.
Graças a Deus!
Normal é bom sinal.
Normal significa que tudo está onde deveria estar.
Isso é bom. Somos gratos por isso.
Existiria algo melhor ainda do que o normal?
Quando encontramos alguém, após um longo periodo distante, a primeira pergunta é:
- Oi! Há quanto tempo! Tudo bem?
Respondemos automaticamente, sem muito pensar.
- Oi! É mesmo, quanto tempo, heim! Tudo bem, tudo normal.
E você?
Não ficamos ocupando o tempo alheio contando sobre a panela que ganhamos no bingo, a boa nota que o filho tirou na prova de Química, do quanto estamos contentes com novos amigos que ganhamos através do blog, das contas que deixamos de pagar, remédios que passamos a tomar diáriamente, joanete que passou a nos incomodar, das cirurgias que tivemos que fazer...
Uma vez, ouvi de um aluno, um simples comentário, mas muito sensato e inteligente.
-  Já foi a época em que eu pensava que contar a alguém que este mês não consegui pagar a conta de luz, resolveria o meu problema.
Realmente, o que adiantaria contar a alguém o quão endividado estamos? E quem gostaria de ouvir sobre dívidas se não somos e nunca seremos os únicos a passarmos por apertos financeiros?
Sempre fui muito eufórica(exagerada para os críticos) com todos os sentimentos e acontecimentos que me assolam, independentemente de serem acontecimentos positivos ou negativos. Quando algo acontece de bom, fico muito, muito contente ou como gosto de escrever: "muuuuuuuuuuuuuuito contente". Muitas vezes a minha pobreza de vocabulário me faz parecer que não consigo demonstrar minha euforia do tamanho que deve ser. Quando estou feliz fico sorridente, meu peito parece explodir, tenho vontade de contar a todos, gosto de demonstrar para quem quer que seja o quanto estou contente!  Do contrário também acontece o mesmo, quando algo me perturba ou me entristece e me preocupa, não consigo dormir direito, vira uma tragédia grega, mesmo não sendo comigo.
"Olha, não te contei pois sabia que você já ia ficar super envolvida."
Esta é uma frase que ouço com uma preocupante frequência.
Também já ouvi:
"Eu me garanto, sou calma e discreta como um peixinho no aquário. Sou uma concha fechada, assim não entra areia. Já, você..."
 Também costumo ouvir da pessoa que realmente se preocupa comigo:
"Você se expõe demais, assim você se torna vulnerável."
Após tantos conselhos fui me adequando, ou pelo menos tentando. Afinal, estou aqui na terra há um bom tempo como aprendiz. Porém, confesso que não é uma coisa muito elementar de se aprender. Muitas vezes ainda tenho aquele velho ímpeto de euforia e de tragédia grega também. Segundo as pessoas próximas, a minha euforia, pode ser observado até pelo meu tom de voz, meus olhos arregalados e pelo rubor das minhas bochechas.
"Olha, o homem que caminha lá no outro extremo da praça, não precisa ouvir o que você está falando."
Este tipo de comentário já se tornou comum. Realmente é de se preocupar...
Vejo que não estou sendo adequada, lembro de todos os conselhos, das indiretas e diretas, fico murcha, reduzo meu botão de volume, desarmo o meu barraco e amuada, fico no meu devido lugar. Mas ainda assim, tenho uma vontade louca de, por exemplo, agora, tenho uma irresistível vontade de polemizar e escrever:
"Tom normal é pouco! Quando estou feliz, quero contar para o caixa do banco, atendente do supermercado, contar para todas as minhas amigas, a família inteira e também quando estou triste ou preocupada quero contar para todo mundo, quero poder chorar, quero conselho e opinião "do mundo"! Eu sou assim! "
Eu sei, eu sei, isto não é normal, é inadequado.
Por favor, deletem as frases entre aspas acima.
Estou aprendendo, estou me esforçando para ser mais contida. Mais "adequada", "apropriada".
Mais elegante?
Agora quando me perguntam:
-Oi, tudo bem?
Com um sorriso sereno respondo:
-Tudo bem, tudo normal.
Quem pergunta e quem responde têm a consciência de que estamos perguntando e respondendo uma a outra apenas sobre acontecimentos muito graves, mas muito graves mesmo. E se estamos uma diante da outra, inteiras, sobre as próprias pernas é sinal de que estamos vivas e isso significa que está tudo bem, tudo normal.
Normal  parece pouco?

sexta-feira, 27 de maio de 2011

O espelho de todos nós.

Tenho sorte de ter um amigo que além de ser um dentista muito eficiente é também espirituoso.
Cada vez que sento naquela poltrona que mais parece uma cadeira de tortura, ele tenta me relaxar contando piadas.
Na sua maioria, piadas de salão, nada muito proibido para menores.
A ultima que ouvi, além de dar muita risada fez-me também pensativa.
Favorecendo a classe, a piada era sobre uma senhora que foi pega de surpresa por uma dor de dente alucinante!
Necessitava urgentemente de um dentista. Uma mulher que embora tivesse se formado em Odontologia não exercia a profissão. Caminhando desesperada pela rua à procura de um dentista, deparou-se com uma placa sobre a porta de vidro.
Enfim havia encontrado um dentista! Observou surpresa que era o nome do seu colega de faculdade.
-  O Adauto! Que boa coincidência!
Alegrou-se.
Subiu a escada ansiosa por dois motivos, a possibilidade de rever o seu colega de faculdade e  ter encontrado um salvador. Alguém que a libertaria desta dor dilacerante que sentia no seu canino.
Ao ser conduzida para o consultório constatou decepcionada, que não era nem de longe, quem havia pensado.
- Que pena... não é ele...
Pensou.
Adauto era um homem bonito, elegante, o colega mais charmoso da turma e também o mais disputado pelas universitárias.
Este que sorria diante dela com as pálpebras enrugadas,
óculos de aros grossos sobre a ponta do nariz e a barriga proeminente, não era ele.
O doutor que a convidava a sentar era um velhinho de peles maltratadas que em nada lembrava o seu colega. Quase totalmente calvo, conservava cuidadosamente alguns fios que restara sobre a cabeça. Não, definitivamente, este não era o Adauto.
No intervalo dos procedimentos a mulher que estava intrigada com a coincidência resolveu puxar o assunto.
- O doutor tem exatamente o mesmo nome de uma pessoa que conheci na faculdade de Odontologia...
- Ah, é?
Responde interessado.
- É... Por acaso, o senhor teria estudado na Universidade de São Paulo, turma de 1977?
O doutor balança a cabeça afirmativamente e responde:
- Sim, sim, justamente! Olha só! Mas... A| senhora... Dava aula de qual disciplina?

Mesmo com a boca cheia de algodão dei muita risada e o meu dentista bem humorado mais ainda do que eu.
Eu logo brinquei com ele.
- Olha, não é nenhuma indireta para mim. É?
Ele ficou assustado e disse:
- Não, Naomy! Que isso!
Dei risada para libertá-lo do sufoco. Contei a ele que recentemente quando revejo os amigos da faculdade passei a me sentir apreensiva.  Quando se trata de uma amiga de infância então, é de dar um frio na barriga! Quando me reconhecem fico feliz e mais tranquila! Quando me reconhecem de imediato, ganho o dia! Sinto-me nas nuvens!
Ele deu muita risada. Meu amigo dentista tem coragem de contar piadas assim pois está isento destas preocupações. Há muitos anos que o conheço e ele não mudou quase nada na sua aparência..
Sabe aproveitar a vida! Sorte dele!
Muitas vezes, quando passamos distraídas diante de vitrines espelhadas nos encontramos com a nossa face que não estamos acostumadas e nos assustamos.
Em casa quando pegamos o espelho para nos analisarmos intencionalmente, fazemos pose, sorrimos, esticamos o queixo para disfarçar o queixo duplo, escurecemos um pouco o ambiente, tentamos focalizar apenas o melhor lado do nosso rosto.
Quando se trata de terceiros conseguimos encarar todos os "pés de galinha", "bigode chinês", "código de barra", enfim, rugas e marcas de expressão que a vida deixa registrado como uma recordação, no rosto das pessoas. Estando diante do outro enxergamos defeitos alheios, mas nesse momento não temos um espelho diante de nós que reflita também os nossos.
Não acreditamos e damos risada ao ouvir alguém dizer que a beleza física não importa, o que conta é a beleza interior ou ainda, que assim como o vinho, quanto mais os anos passam ficamos melhor.
Não existem receitas concretas que nos ensinem a nos mantermos bem ao longo da vida. Se existisse, com certeza, seriam vendidas a preços exorbitantes! Como eu não tenho a receita e muito menos, dinheiro para comprá-las quando houver, eu me arriscaria a crer que se formos capazes de manter a pureza da alma que recebemos ao nascer, conservar a euforia que sentimos diante das belas coisas da vida, do amor
e principalmente, se soubermos amar a nós mesmos, tudo isto refletirá positivamente na nossa face.
Afinal, não dizem que o rosto é o espelho da nossa alma? Assim, penso que não haverá marcas registradas em nosso físico que seja suficiente para abafar a nossa beleza!
E beleza, com certeza, todos temos dentro de nós!

sábado, 14 de maio de 2011

Nada demais.

Cada dia que acrescento à minha vida tenho sentido indignada e encantada ainda mais com o que encontramos no coração das pessoas. Um pequeno incidente metropolitano, dentro de um ônibus urbano, me deixou reflexiva sobre a capacidade do ser humano de torcer pelo outro. Um jovem passageiro absorto em seus pensamentos não percebeu que o seu destino estava próximo. Ele ainda nem havia passado pela catraca. Em segundos deveria descer. Quando percebeu, virou a cabeça para direita, para esquerda, arregalou os olhos, levantou-se num espanto, retirou o seu * "bilhete único" do bolso, passou seu cartão pelo leitor ótico, passou pela catraca, correu espremendo-se entre os passageiros de pé e desceu apressado do ônibus. Conseguira o seu intento, descer a tempo no seu ponto de destino. Porém, ao fazê-lo, seu cartão de "bilhete único" havia ficado no chão do ônibus. Apressado, sem perceber, o distraído rapaz, foi andando pelas ruas da cidade grande.
Imediatamente um passageiro recolheu o cartão do chão. Olhou ao redor para verificar se alguém o flagrara. Algumas pessoas que estavam sentados próximos à porta de saída do ônibus, inclusive eu, entendemos rapidamente o que se passava.
- Ai! É o cartão do garoto!
Gritei.
Logo outras pessoas também se manifestaram:
- É! Coitado do rapaz, o bilhete pode estar cheio de crédito!
Pela janela do veículo em movimento procuramos pelo rapaz.
Lá estava ele, enfiando suas mãos em todos os bolsos da sua calça, à procura de algo. Obviamente percebera que havia acabado de perder a sua garantia de transporte. Ergueu seu rosto desesperado em direção ao ônibus que se distanciava rapidamente.
O homem que pegara o cartão, já havia guardado o cartão em seu bolso. Apossara-se, satisfeito, do bem alheio. Afinal ele deve ter pensado:
-Achado não é roubado.
Ele me olhou com frieza um tanto ameaçadora e levantou seus ombros como quem diz:
-Vai fazer o quê...
Pela janela traseira vimos o rapaz correndo e tentando alcançar o ônibus.
-Moço, devolve pra ele, é só jogar o cartão pela janela, ele alcança e pega...
Com muito medo, falei. O homem tinha uma cara muito feia.
Todos ao meu redor me ajudaram:
-É! Devolve! O rapaz tá correndo! Deve ter muito crédito no cartão! Joga o cartão pela janela que ele pega! Vai!
Todos tinham um semblante muito sério! O homem ficou sem jeito em meio a tanta pressão, mas ainda assim resistiu fingindo não ouvir.
Uma mulher forte levantou-se do assento, abriu a janela e gritou ao homem:
-Vai! Joga!
Acuado e percebendo que era minoria retirou o cartão do bolso.
Com má vontade o homem jogou com pouca força.
Olhamos para o rapaz. Ele percebera que algo caira do ônibus e acelerou ainda mais seus passos, olhou para nós, um monte de rostos solidários grudados na janela, sorriu e acenou. Só ficamos tranquilos quando ele alcançou e pegou o cartão sobre a calçada. Com o cartão recuperado, mais uma vez acenou em agradecimento.
Todos nós nos recompusemos e seguimos satisfeitos, menos o homem de cara feia.
Um acontecimento tão corriqueiro, tão normal e óbvio, devolver a alguém o que lhe pertence, nada demais, mas ainda assim foi necessário batalhar, pensei.
Uma coisa, "nada demais" que revela duas facetas humanas tão díspares, o "levar vantagem" sobre os seus semelhantes e o satisfazer-se torcendo para que os seus semelhantes não sejam prejudicados.
Finais felizes sempre nos proporcionam satisfação independentemente de quem quer que seja o envolvido.

* Bilhete Único em SP: Sistema de bilhetagem eletrônica que permite utilizar, ao preço de uma tarifa, 4 viagens (ônibus/metrô ou trem) no período de 3 horas. Sistema de cartão, creditado valores neles em casas lotéricas e nas estações dos metrôs. Existem vários sistemas: comuns, estudantes, vale-transporte, mãe-paulistana, bilhete-amigão e especial (idosos e pessoas com necessidades especiais).